Por Karina Figueiredo
A União da Ilha, quarta escola passar pela Avenida na última noite de desfiles, levou para o Sambódromo o enredo “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”. Com a proposta de celebrar o encontro entre dois ícones da literatura brasileira – Rachel de Queiroz e José de Alencar – a agremiação apresentou um pouco da literatura e do nordeste brasileiro na Passarela do Samba.
Entre as atrações da escola da Ilha do Governador, o carro “Arte Que Faz História” se destacou. Em um tom lúdico e carnavalesco, é um grande apanhado do que é produzido no artesanato cearense, uma das maiores tradições culturais do estado.
Na região frontal, havia um grande boi em referência aos bois de cerâmica, muito comuns nas feiras cearenses, com clara inspiração no boi-bumbá. Na parte traseira da alegoria, exalta-se a figura do cangaceiro, muito presente nas inúmeras histórias em cordel, a partir da imagem de um grande chapéu de couro.
“Esse carro traz um pouco da cultura. Nele, vê alguns artesãos do Ceará. Na parte de cima, é decorado por algumas das telas e artes desses profissionais”, disse o responsável pelas alegorias, Rafael Maranguape.
No quesito composição a “Arte em Xilogravura”, ganhou espaço por representar algo muito comum nas feiras de artesanato do Ceará, a literatura de cordel que é um gênero literário popular no Brasil, tradicionalmente ilustrado com xilogravuras e apresentado em papéis rústicos. Os destaques ficaram com duas referências artísticas. A primeira está na parte frontal: a referência à obra “O regador, ou regando pedras”, do artista plástico cearense Zé Tarcísio, considerada um marco na transição da arte moderna para a arte contemporânea.
No topo da alegoria, um painel exclusivo do também artista cearense Dim Brinquedim, que exalta a alegria multicolorida do povo cearense retratada em arte. A professora de Ensino Sociais, Michele Comaru, comentou o que a escola deseja alcançar.
“A Ilha traz um enredo baseado nas poesias da Rachel de Queiroz, nas poesias e histórias de José de Alencar. O carro tem uma característica do Ceará, porque ele traz o boi, a renda, o artesanato. É isso que nós queremos, trazer o espírito e a cultura do cearense para o Rio de Janeiro e para a Avenida”.