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Ilha define seu enredo para o Carnaval 2022; leia a sinopse

Enredo: ‘O vendedor de orações’

O mundo parou, tanta coisa mudou, e cada um de nós teve que olhar para o seu interior. É tempo de reconstruir e transformar. O silêncio é prece, e prece é oração. É a forma pura e divina de nos conectar com o universo para ouvir e compreender.

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Romaria de fé, amor e esperança. Nestes tempos difíceis e estranhos, é hora de juntar as mãos e, com humildade no coração, agradecer. O brasileiro é um povo de fé! E a União da Ilha traz no seu pavilhão, o manto poderoso de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira. A Mãe do Ouro, a Mãe Negra do Brasil!

Quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida, foi vista pela primeira vez no Brasil, o povo sofria com a escravidão, clamando dia e noite pela libertação. Os negros vindos de além-mar agonizavam nas mãos dos senhores feudais, eram chicoteados pelo capataz e castigados pelo capitão do mato. A santa encontrada tinha a cor escura como a noite. Tinha a cor da pele dos negros e esta dentificação, transmitiu satisfação e alegria para os negros que cantaram: “É negra a cor da noite, é forte a minha dor. É negra a cor da Santa, é santo o meu amor” (1).

Os escravos acreditaram que a imagem veio, de fato, com o intuito de transformação no pensamento e atitudes da época, almejando a abolição, livrando o povo negro do castigo e da escravidão.

Entre tantos milagres, Nossa Senhora, a Mãe Negra do Brasil, trouxe com a sua generosidade, uma lição de vida e de amor ao próximo. Escolheu o escravo Zacarias, – que havia fugido de uma fazenda do Paraná e era caçado por todos os cantos – para ser seu fiel discípulo e mensageiro. Deu a Zacarias, a nobre missão de levar o nome de Nossa Senhora, a todos os corações necessitados de amparo. De tanta perseguição, um dia Zacarias foi capturado, surrado e acorrentado nos pulsos e nos pés.

No caminho de volta, o escravo e o capataz passaram próximo à capela que havia sido construída para a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Foi então que o escravo pediu permissão ao seu caçador para rezar diante da imagem. A fé de Zacarias foi tamanha que milagrosamente as correntes se romperam, deixando-o livre. Diante do milagre, o caçador acabou por libertá-lo. Em agradecimento, Zacarias fez uma promessa: levar a imagem de Nossa Senhora ao povo brasileiro de todos os cantos. Transformou-se num cavaleiro da fé, um romeiro fiel, um vendedor de orações, propagando o amor de Nossa Senhora Aparecida em todos os corações.

Assim começou sua contribuição para a popularização da devoção à santa negra e aceitação da sua imagem ao longo do tempo, e também sua importância como representatividade. Ferreiro, Zacarias dedicou-se com afinco ao ofício de recriar em medalhas, terços, crucifixos, escapulários a imagem de Nossa Senhora Aparecida com a oração.

Reproduziu a coroa de ouro, cravejada de diamantes e rubis, presente da Princesa Isabel. Em terracota, a imagem de Nossa Senhora reflete uma imensidão de milagres, estampa suor e lágrimas de um povo de fé que não é mais escravo, mas revive através da imagem espalhada por todo o País, a fé na santa, impressa na arte, na religião, na música, na história, na memória do povo brasileiro.

Pregando a igualdade entre os povos, independente da religião, o escravo Zacarias levou a imagem de Nossa Senhora até nos terreiros de Candomblé e Umbanda. De branco, com turbantes e pano da costa, os filhos de santos ostentavam o rosário de Nossa Senhora pendurado no peito, entrelaçado com as guias e firmas de seus Orixás de cabeça. O povo do santo sabe que no sincretismo religioso, Nossa Senhora Aparecida é Oxum, orixá do ouro, do amor, da beleza, das águas das cachoeiras. As duas são mulheres. São negras como a maioria do nosso povo. São mães. Sensíveis, se comovem com o sofrimento dos seus filhos. Se compadecem de vossas dores. São generosas como os rios e as cachoeiras.

Guiam para a fartura e a vida. E como gratidão, o romeiro Zacarias continuava o seu propósito de propagar Nossa Senhora Aparecida aos diferentes povos que encontrava.

Ela era a Santa do impossível. E tal qual um protetor de Nossa Senhora, Zacarias viu os milagres de Aparecida acontecerem. No milagre das velas, em que duas velas acesas no seu altar, se apagaram e acenderam novamente, lá estava Zacarias, com a imagem de Nossa Senhora. Passando por Aparecida e vendo a fé dos romeiros, um Cavaleiro ateu zombou da fé dos religiosos e tentou entrar na Igreja a cavalo para alcançar a imagem de Nossa Senhora e destruir o local. Porém, as patas do animal ficaram presas em uma pedra. A partir daí, o homem passou a acreditar. Era mais um sinal de Nossa Senhora e lá estava Zacarias que deixou com o homem, uma medalha com a oração de Aparecida.

Foi numa visita à Basílica de Nossa Senhora, que uma menina cega se curou ao entrar com sua mãe. A mãe mal pode acreditar quando a menina cega desde que nasceu, disse: “Mãe, como essa Igreja é bonita”, curando-se da cegueira, milagrosamente.

O coração barroco de Zacarias reproduziu a imagem de Nossa Senhora com fidelidade. A imagem de terracota encontrada pelos pescadores no Rio Paraíba em 1717 tem uma característica peculiar que a define como Nossa Senhora da Conceição: a meia lua debaixo dos pés. Contam que o escravo Zacarias contava os mistérios através de dois significados profundos: o primeiro é que a lua não brilha por si mesma, mas reflete a luz do sol. Na religião cristã, o sol é Jesus Cristo. A luz sob os pés de Maria significa que sua luz vem de Jesus. E o segundo é que a lua brilha no meio da escuridão da noite. A escuridão simboliza a humanidade pecadora e a lua simboliza a pureza e a luz.

Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino… (2)”

É a Ilha quem vem, coberta pelo manto azul de Nossa Senhora Aparecida, gritar que é a nossa hora! É tempo de fé e resistência. É tempo de celebrar a negritude do nosso povo e de nossa padroeira! É a Ilha que vem, unida e aguerrida, com toda a força de seu povo e as cores do seu pavilhão. No coração azul, vermelho e branco, Nossa Senhora cobre a União da Ilha com o seu manto. E a comunidade insulana com os braços abertos aos céus, se rende ao amor de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.

Com a fé em Nossa Senhora Aparecida, a Ilha vai para a avenida celebrar a fé na vida. A fé na Santa padroeira, derramando samba e religião com o seu canto.

O canto de um povo de fé, um povo de união. O povo que vem da Ilha do Governador!

União da Ilha
1 – Música do filme “O Milagre das águas” de Ronaldo Pelaquim.
2 – Música “Nossa Senhora” de Roberto Carlos

Carnavalescos: Cahê Rodrigues e Severo Luzardo

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