A Mocidade Alegre realizou na noite da última quinta-feira o evento de lançamento de seu enredo para o Carnaval 2026. O Teatro Sérgio Cardoso, localizado na Bela Vista, recebeu a escola do Limão e sua comunidade para uma festa muito aguardada. Divulgar um tema em um local diferente é uma iniciativa imersiva, especialmente por se tratar de uma homenagem a uma importante atriz da história da dramaturgia brasileira. Foi, literalmente, um espetáculo.
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Com participações dos artistas Fred Nicácio e Thelma, a peça durou cerca de 40 minutos, até o anúncio do enredo: “Malunga Léa – Rapsódia de uma deusa negra”, assinado pelo carnavalesco Caio Araújo e pelo enredista Léo Antan.
Danças teatrais, a presença do casal de mestre-sala e porta-bandeira Diego Motta e Natália, além da bateria Ritmo Puro e da ala musical liderada por Igor Sorriso, também fizeram parte do espetáculo da Morada no palco do Sérgio Cardoso.
Almejando ser diferente

A presidente Solange Cruz contou que a agremiação já havia feito um lançamento de enredo no mesmo local, em 2014, quando apresentou o tema “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar”. A dirigente também ressaltou a importância de buscar inovação:
“A Mocidade Alegre lançou um enredo aqui em 2014. Em 2015, a gente lançou no Teatro São Pedro, o enredo da Marília Pêra. Como tinha tudo a ver com teatro, conseguimos realizar graças à Secretaria de Cultura, à nossa vereadora Sandra Santana e ao secretário Totó. Eu sou uma pessoa que vai atrás, buscando fazer o diferencial. Por isso, optamos por realizar novamente aqui, neste grande teatro, que está sempre de portas abertas para nós e para todos os artistas. Eu acho isso incrível”, declarou.

Solange revelou que a escola foi procurada para desenvolver o enredo e aposta em uma grande história sendo contada na avenida, reforçando o protagonismo da agremiação:
“O Renato Cândido nos procurou juntamente com o filho da Léa. Saiu agora um documentário, vai sair um filme, e há uma peça prestes a estrear no Teatro Léa Garcia, no Tatuapé. Essas iniciativas chamaram a nossa atenção, e a história é muito bacana. Este é um enredo que, com ou sem patrocínio, é muito bom. A gente aposta muito nisso e temos certeza de que iremos contar uma grande história. Quero dizer também que nós não nascemos para ficar na coxia. Nascemos para ser protagonistas”, completou.
Entrando no enredo
Explicando brevemente o tema, o enredista Léo Antan contou que a Mocidade irá retratar a trajetória artística e exaltar a figura fundamental de Léa Garcia:

“Eu e o Caio ficamos muito animados, porque a Léa é uma das grandes artistas deste país. Poder homenageá-la é muito importante não só para a cultura do samba, mas para o Brasil reconhecer quem realmente fez a sua história. Léa Garcia foi uma mulher pioneira no teatro negro, indicada ao Festival de Cannes e premiada com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por Orfeu Negro. Temos a história de uma mulher essencial para o Brasil, que ainda não é reconhecida como deveria. A Mocidade Alegre, que canta tão bem o feminino, agora se volta ao teatro para homenageá-la e contar essa trajetória com a grandeza que ela merece — no maior palco popular do país: o Carnaval.”
Léo também detalhou o título do enredo, destacando sua criatividade e referências históricas:
“No título, fazemos referência a um desfile da Mocidade Alegre de 1982: Malungos, Guerreiros Negros, assinado por uma mulher negra, Teresa Santos. Naquele desfile, falava-se sobre os malungos, companheiros de luta. Agora colocamos a Léa como nossa Malunga e trazemos outras referências no subtítulo: Rapsódia Negra, primeira peça que Léa fez no Teatro Experimental do Negro, e Deusa Negra, um filme africano da década de 70 em que ela interpretava uma sacerdotisa. Com esse título, costuramos referências para falar da Mocidade Alegre — que tem vocação para enredos negros e para exaltar figuras femininas — e da própria trajetória artística da Léa, que é o que queremos celebrar.”
Artista potente, resultado justo e força para 2026
O carnavalesco Caio Araújo também comentou sobre o enredo, exaltando a artista e destacando o foco no legado deixado por Léa Garcia:

“Chegou essa proposta e virou paixão na primeira pesquisa. A gente nem vai tanto pelo lado biográfico, e sim pelo legado da Léa: tudo o que ela produziu de arte para este país, tudo o que deixou como herança, para que a gente entenda melhor o que ela representou. Ela é uma atriz extremamente potente.”
Sobre a presença da escola na avenida, o artista antecipou a proposta visual e teatral para 2026: “Já consigo imaginar a Mocidade Alegre esteticamente na avenida. A escola virá com estruturas ousadas, como neste ano, mas com uma pegada mais teatral. Vai ser bem legal.”
Quanto ao resultado do Carnaval 2025, Caio considerou justo. Ele acredita que a Mocidade terminou na posição correta e valorizou o título conquistado pela Rosas de Ouro:
“Acho que fizemos um grande desfile. Temos muito orgulho do material que produzimos e a comunidade saiu muito feliz. Mas erramos na pista, e não há o que fazer. Terminamos na posição que merecíamos. Tivemos a sorte de ver a Rosas de Ouro ganhar um campeonato com um desfile magnífico. É uma escola gigante de São Paulo, que merecia voltar ao topo. Estamos muito orgulhosos do nosso projeto, mas vamos trabalhar para voltar mais fortes”.
Fotos do evento
