Por André Coelho. Fotos: Magaiver Fernandes
Sexta escola a desfilar na noite de terça-feira, o Arame de Ricardo trouxe para a avenida a trajetória de uma importante figura do carnaval: Jerônimo da Portela. A homenagem foi digna do sambista, exaltando vida e obra desse tão relevante personagem, porém teve altos, como a comissão de frente e baixos como a harmonia.
Comissão de frente
Com 11 integrantes, a comissão de frente do Arame de Ricardo trazia nove águias da Portela e um menino, simbolizando o primeiro contato de Jerônimo com a escola de Madureira, levado pelas mãos de Dona Dodô, também representada na encenação. Trazendo uma coreografia que remetia ao vôo da águia e a versos do samba, tinha o menino como espectador encantado que tentava imitar os movimentos das aves e ao final da dança encontrava Dona Dodô a quem dava uma faixa onde se lia “A Grande Dama”. Houve um ou outro desencontro na coreografia, mas nada grave, em compensação deve ser destacada a atuação do menino escolhido para representar Jerônimo na infância. O pequeno integrante incorporou verdadeiramente o personagem e emocionou quem assistiu a performance.
Mestre-Sala e Porta-bandeira
Com indumentária repleta de pedras representando o brilho da Portela Roberto Vinícius e Alana Couto fizeram uma bela apresentação. Ela mostrou muita graça e controle absoluto do pavilhão, executando bem os giros, um tanto lento, mas nada que comprometesse o desempenho, além de ter concentrado o olhar em seu par todo o tempo. Ele dançou com vigor, cortejando e protegendo a parceira. Ambos demostraram cumplicidade e sincronia. A se observar apenas que por vezes ele desviava o olhar da porta-bandeira. Coreografias no trecho do samba que cita Oxum e Xangô e no final com direito a passinho enriqueceram a apresentação.
Enredo
Uma belíssima escolha, porém de difícil apresentação, visto que, infelizmente, o homenageado não é tão conhecido. A relação com a Portela e a dança ficaram claras, entretanto outros aspectos da vida de Jerônimo não ficaram tão nítidos, o que deixou um tanto confuso o enredo. De maneira geral pode-se dizer o sambista foi bem apresentado no desfile, mas ficou a sensação de que poderia ser ainda melhor.
Fantasias
Um início de maioria simples e de leitura apenas razoável. Ocorreu considerável melhora no segundo setor onde eram mais volumosas e expressivas e caindo um pouco a qualidade no terceiro. Foi possível perceber soluções inteligentes de acordo com a proposta de reaproveitamento de materiais. Belíssima a fantasia das baianas de Nossa Senhora da Conceição.
Alegorias
Com um tripé em referência à Portela, logo após o casal de Mestre-Sala e Porta-bandeira e mais duas alegorias, o Arame de Ricardo, assim como nas fantasias, alternou bons momentos com outros nem tanto. A primeira alegoria trazia o leão símbolo da escola e não acompanhou a qualidade apresentada no tripé. Já a segunda alegoria, onde desfilaram o presidente da Portela, Luiz Carlos Magalhães e Carlinhos de Jesus retomou a qualidade e trouxe muito colorido nas fantasias das composições em meio ao azul predominante.
Samba-enredo
O samba escolhido pelo Arame de Ricardo para conduzir seu desfile teve um desempenho apenas mediano. Mesmo com a ótima performance do intérprete Zé Paulo, a obra ficou aquém do necessário para impulsionar a apresentação.
Evolução
Pequenos problemas podem custar alguns décimos para o Arame de Ricardo nesse quesito. O espaçamento entre as alas, em alguns momentos, era maior que o ideal houve um grave problema com a segunda alegoria em frente ao último módulo de jurados, abrindo um grande buraco. Componentes brincaram e evoluíram com liberdade e alegria.
Harmonia
Começou bem, com a ala 1 cantando bastante, porém foi caindo durante o desfile e alternou momentos de canto forte (ala 14) com outros mais fracos. No final o sistema de som que é cortado atrapalhou a escola e a agremiação passou a contar apenas com seus componentes que infelizmente não corresponderam.
Bateria
A Ritmo Malvado de Mestre Ronaldo Júnior foi um dos pontos altos do desfile. Destaque para os agogôs, verdadeiros protagonistas de uma das bossas que levantaram o público gerando aplausos entusiasmados.
Outros Destaques
A ala 5, coreografada, passou muito animada com casais dançando samba num dos momentos mais descontraídos do desfile. A emoção foi o principal durante a passagem da ala que trazia casais de Mestre-Sala e Porta-bandeira das escolas co-irmãs Santa Cruz, Jacarezinho e Arranco, além da Imperatriz Leopoldinense que levou não só seu casal principal, Thiaguinho e Rafaela como também o lendário Chiquinho e Maria Helena que levaram o público ao delírio.