O carnavalesco Renato Lage era um antigo sonho da diretoria da Grande Rio. Entretanto a tricolor de Caxias sempre tinha as portas fechadas pelas seguidas renovações do “mago” com o Salgueiro. A oportunidade finalmente veio após o desfile de 2017, quando Renato optou por deixar a Academia do Samba. O encontro de Renato com a Grande Rio foi cercado de expectativa. Afinal era um carnavalesco com o perfil ideal da Grande Rio. Será que finalmente viria o campeonato de Caxias?

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Nem o mais pessimista torcedor da escola imaginou o que estaria por vir pela frente. O enredo escolhido foi uma homenagem ao comunicador Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Com mais um samba de gosto duvidoso a escola até tinha um barracão competitivo e quesitos fortes. Os coreógrafos da comissão de frente, por exemplo era a badalada dupla Priscila Motta e Rodrigo Negri. Entretanto com um desfile caótico a escola não conseguiu colocar sua última alegoria na avenida, estourou o tempo e aquilo que era o sonho do primeiro campeonato virou um pesadelo do temido rebaixamento.

Na apuração o temor se confirmou. A escola foi muito penalizada em enredo e evolução e com os cinco décimos perdidos pelo estouro do tempo de desfile, acabou na 12ª colocação. No Carnaval 2018, em virtude do não rebaixamento em 2017, 13 escolas desfilaram e as duas últimas foram rebaixadas. Em uma disputa décimo a décimo com a São Clemente, acabou na zona de descenso ao lado do Império Serrano. A Grande Rio desfilaria no acesso em 2019.

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Ocorre que pelo segundo ano seguido, mas desta vez sem qualquer justificativa plausível, a Liesa decidiu virar a mesa novamente. Império Serrano e Grande Rio foram salvas e o desfile de 2019 teria 14 escolas, já que a Viradouro ganhou a Série A e voltaria para o Especial. Ao fim da plenária que rasgou o regulamento daquele desfile, o presidente de honra Helinho de Oliveira ainda debochou: “Quem tem padrinho não morre pagão”.

2019 marca início da reconstrução mas escola lida com rejeição

A virada de mesa após o desfile de 2018 causou revolta e indignação entre os sambistas. E a Grande Rio que já era uma escola taxada erroneamente de escola de artistas e sem fundamento sofreu com uma rejeição enorme do mundo do carnaval, em virtude de ter liderado a virada de mesa.

Internamente a escola iniciou uma profunda reformulação. Praticamente todos os quesitos da escola foram trocados. Na direção de carnaval sai Dudu Azevedo e chegou Thiago Monteiro. O intérprete Emerson Dias rumou para o Salgueiro e Evandro Mallandro o substituiu. A porta-bandeira Veronika Lima foi dispensada e a segunda, Taciana Couto, foi promovida à primeira. Os coreógrafos Priscilla Motta e Rodrigo Negri foram para a Mangueira e o casal Hélio e Beth Bejani foi contratado. Thiago Diogo deixou a bateria e o jovem diretor Fafá assumiu o lugar, apenas os carnavalescos Renato e Márcia Lage foram mantidos. Era uma nova Grande Rio, cercada de desconfianças.

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A escolha do enredo da Grande Rio para o Carnaval 2019 foi polêmica. Tentando limpar a barra com a opinião pública, anunciou o tema “Quem Nunca…? Que Atire a Primeira Pedra”. O tiro saiu pela culatra. Ao invés de conseguir se desculpar causou ainda mais indignação, pois soou como outro deboche da escola. O samba foi encomendado aos experientes André Diniz e Cláudio Russo, mas nem isso fez a escola ter um bom desempenho na avenida. Com um desfile mediano, a escola terminou apenas na 9ª colocação. Qual seria o futuro da agremiação de Caxias?

Grande Rio olha pra dentro, vira a chave e readquire o respeito

Após o desfile de 2019 Renato e Márcia Lage deixam a Grande Rio e acertam com a Portela. A tricolor de Caxias seguindo sua estratégia de renovação de quadros com jovens anuncia Leonardo Bora e Gabriel Haddad como novos carnavalescos, após dois brilhantes carnavais da dupla na Cubango no grupo de acesso. Depois de muitos anos a Grande Rio voltaria às origens e optaria por um enredo de matriz africana, uma homenagem a Joãozinho da Goméia.

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Bastou optar por um enredo com densidade cultural para a Grande Rio voltar a ter um grande samba. A obra da escola foi aclamada por público e crítica. O enredo elogiado por todos os especialistas e a Grande Rio pisaria na avenida em 2020 com o respeito do mundo do samba readquirido. No desfile o que se viu foi um banho de cultura, como cita um samba alusivo da escola. O título não veio por um triz. Empatada em pontos com a Viradouro, perdeu o carnaval no desempate pela segunda vez (a outra foi em 2006 para a Vila Isabel). Mas o caminho para o campeonato estava pavimentado.

‘Dando um banho de cultura’, Grande Rio finalmente é campeã do carnaval

Após o desfile de 2020 o mundo parou. A pandemia de Covid-19 devastou o planeta com mortes e sofrimento. O carnaval foi cancelado, as agremiações fecharam quadras e barracões. A incerteza sobre o futuro angustiava a todos. Em junho de 2020 a Grande Rio anunciou um novo enredo de temática africana. Exu seria contado pela escola na avenida quando fosse possível haver carnaval.

Novamente a escola escolheu um dos grandes sambas de 2022 e foi apontada pela maioria da crítica especializada como uma das favoritas ao título. O favoritismo se confirmou na avenida e a Grande Rio produziu o maior desfile de sua história, dominando as adversárias e deixando a avenida aclamada por público e crítica. O primeiro campeonato da escola aconteceu apenas três carnavais após o rebaixamento de 2018 e o retorno à antiga identidade da escola foi decisivo para o título.

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