Por Matheus Morais e Rhyan de Meira

O Império Serrano definiu na manhã deste spabado o samba-enredo para o Carnavak 2025. A obra vencedora do concurso é assinada pelos compositores Xande de Pilares, Aluísio Machado, Henrique Hoffmann, Carlos Senna, Jefferson Oliveira e Leandro Maninho. Em 2025, o Reizinho de Madureira terá o enredo “O que espanta miséria é festa”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves, que homenageia o compositor Laudeni Casemiro, o Beto Sem Braço. Com o resultado, Aluísio Machado chega à 17ª vitória no Império Serrano, consolidando-se como o maior vencedor da história da escola. Parceiro de longa data do homenageado, o compositor é autor de obras memoráveis ao lado de Beto Sem Braço, como “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, “Mãe, baiana mãe”, “Fala, Serrinha! A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor”, dentre outros. Essa é a terceira vitória consecutiva dele e de Carlos Senna nos últimos anos: 2023, 2024 e 2025. Em 2025, o Império Serrano irá fechar os desfiles da Série Ouro, na Sapucaí, no sábado, dia 1º de março, em busca do acesso ao Grupo Especial. * OUÇA AQUI O SAMBA

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Compositor Aluísio Machado. Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

“A emoção foi fazer um samba em homenagem ao meu falecido parceiro e sair vencedor. Com toda a sinopse que o carnavalesco deu, eu vivi mais do que ele. Ele pesquisou, eu convivi. A satisfação é maior do que tudo. O filho da gente é sempre bonito. Mas eu gosto muito da parte que fala: ‘Batizada Laudeni’, ‘cognome Beto’. Pessoal perguntou: ‘que é isso?’ É diferente, mas é a mesma coisa que apelido, mas as pessoas não sabiam. Muita gente não sabe, mas vão aprender agora”, disse o compositor Aluísio Machado ao CARNAVALESCO.

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Compositor Carlos Sena. Foto: Rhyan de Meira/CARNAVALESCO

“É maravilhoso ganhar, sempre é bom. Mas o mais importante é o tipo de samba que conseguimos fazer aqui, que tem tudo a ver com a escola. Gosto de tudo no samba. Não tem como escolher uma parte só. Para fazer samba no Império, não é questão de ser maluco, é saber o que realmente importa. Ganhei vários títulos, mas o mais importante é cada um deles ter sido especial a sua maneira”, comentou o compositor Carlos Sena.

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Compositor Henrique Hoffmann. Foto: Rhyan de Meira/CARNAVALESCO

“É o oitavo samba que eu ganho. Cada vitória tem o seu valor, mas sabe qual é a sensação? É a mesma das outras sete: uma emoção enorme, como se fosse a primeira vez. É sempre especial ver o nosso trabalho ser abraçado pela escola. O samba é bom do começo ao fim. Ele já nasceu bom, com uma força e uma energia que vêm da essência do Império Serrano. Essa escola tem uma história grandiosa, uma raiz forte, e o samba é parte dessa alma. Espero que a comunidade cante com o coração, porque é assim que vamos brilhar na Avenida”. garantiu o compositor Henrique Hoffmann.

O presidente do Império Serrano, Flávio França, conversou com o CARNAVALESCO. Ele fez um balanço do desfile de 2024, falou do enredo do ano que vem e o que o imperiano pode esperar de 2025.

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Presidente do Império Serrano, Flávio França. Foto: Rhyan de Meira/CARNAVALESCO

“O desfile de 2024 foi um marco importante para o Império Serrano. Conseguimos mostrar o potencial da escola e a comunidade completamente envolvida no projeto. Para 2025, o foco será aprimorar ainda mais os detalhes, trazer novidades e consolidar a nossa posição com um trabalho ainda mais impactante. A expectativa é entregar um desfile que emocione, encante e mostre a força do Império Serrano. Com a dedicação da comunidade e a criatividade do Renato Esteves (carnavalesco), estamos confiantes de que alcançaremos um grande resultado. O nosso maior trunfo será, sem dúvida, a união da comunidade com o trabalho impecável da equipe técnica. Renato tem o talento, e a dedicação dos imperianos será o diferencial para fazermos história na Avenida. As alegorias e fantasias do Império sempre encantam, e para 2025 não será diferente. Renato está conduzindo um trabalho minucioso e criativo, que vai surpreender. Temos plena confiança na equipe e na capacidade de entregar um desfile perfeito”, afirmou o dirigente.

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Carnavalesco Renato Esteves. Foto: Rhyan de Meira/CARNAVALESCO

Estreante no Império Serrano, o carnavalesco Renato Esteves comentou como surgiu a ideia do enredo para 2025 e falou da ligação de Beto Sem Braço com a escola, além de citar que o chão imperiano é o trunfo para o desfile do ano que vem.

“Esse momento é especial. O samba vai dar alma ao desfile. Escolhendo o samba para o Império Serrano, que tem, para mim, uma das maiores, senão a maior discografia do carnaval, é de uma importância gigantesca. Tínhamos algumas propostas: uma patrocinada, outra com viés diferente, e essa, que tem mais a identidade da escola. Depois que o patrocínio caiu, conversamos e, junto com a diretoria, decidimos que era o momento de falar do Beto Sem Braço. É um enredo que tem tudo a ver com o Império, e a escolha foi abraçada por todos, o que me deixou muito feliz. Tivemos uma seleção de sambas muito boa. O Império Serrano é uma escola de muita tradição e tem uma grande conexão quando está contando sua própria história. Vamos levar emoção e representatividade para a Avenida. O chão do Império Serrano será o grande diferencial. A força da escola, a conexão com a comunidade e a energia do desfile vão nos colocar na briga pelo campeonato”, disse o artista.

Jeferson Carlos, diretor de carnaval do Império Serrano, revelou como está o processo de trabalho na escola

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Jeferson Carlos, diretor de carnaval; Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

“A gente vai desfilar com o número permitido pelo regulamento, que é três alegorias, além do tripé da comissão de frente. Vamos ter de 2500 a 3 mil componentes. Podem esperar o Império como uma escola bem imponente, como sempre foi. Mesmo nos momentos de dificuldade, o Império sempre foi assim e vai continuar mantendo essa hegemonia. A gente sabe a dificuldade que é fazer carnaval do Grupo de Acesso, mas, como imperiano, já entendemos o processo e vamos para cima com tudo. A força da comunidade, é a força da escola, é a tradição do Império Serrano. Os compositores entenderam nossa mensagem. Queremos fazer uma grande brincadeira, um grande encontro de partido alto. Relembrar o carnaval antigo, relembrar a referência musical que o Beto trazia para a gente”.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, mestre Vitinho fez um balanço da “Sinfônica do Samba” no Carnaval 2024 e disse o que é possível esperar para 2025.

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Mestre Vitinho. Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

“Foi um carnaval de aprendizado. Eu tive um carnaval muito bom em 2022, que deu acesso para o Especial. Em 2023, a gente teve um carnaval bom, mas os jurados não entenderam, e tivemos o rebaixamento. O ano de 2024 foi um carnaval de superação. A gente estava muito confiante. Nós somos o Império Serrano, as outras pessoas também queriam ter o acesso. A UPM se preparou mais que o Império Serrano, tivemos algumas falhas. Agora é focar para o próximo carnaval. Estamos com muita gana para voltar no Especial.Em 2025 as pessoas, talvez, vão se assustar com a bateria do Império Serrano. Eu venho sempre inovando, trazendo algo novo, procurando trazer sempre uma novidade para o carnaval. Será de uma forma diferente, trazendo o antigo. Eu vou vir com uma bateria muito cadenciada, fazendo arranjos antigos. Vai ter a batucada por conta do enredo que é o Beto Sem Braço. Bem tradicional que é um pouco diferente do trabalho que eu venho apresentando. Porque eu trabalho em cima do enredo e não tem como inovar tanto em cima do enredo de um grande mestre”.

Pelo segundo ano consecutivo, o Império terá o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Anderson e Eliza, que já conquistou os corações imperianos. Ao CARNAVALESCO, a dupla falou do trabalho para 2025.

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Casal de mestre-sala e porta-bandeira, Anderson e Eliza. Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

“A gente está focando muito em tentar trazer um estilo mais clássico, já que o enredo é Beto Sem Braço. Estamos tentando moldar nosso estilo para mais clássico. Vai ter uma surpresa também no meu adereço, que já é uma marca registrada. Eu que já morei na Serrinha com meu pai, tem toda uma lembrança do que ele falava do Império Serrano. Desfilei no Império do Futuro quando novo e depois, após 20 anos, me reencontro com a essência mais pura do que ser sambista, ser imperiano é isso. É como se fosse uma boda. Como se fosse os votos, é refazer os votos com o Carnaval, com o ser sambista. Sobre nossa fantasia para 2025, o que eu posso dizer é que foi um grande presente que o carnavalesco deu pra gente. A maior fantasia que já fizeram para gente”, comentou o mestre-sala.

“Apesar de a gente dançar juntos há muitos anos, sempre buscamos evolução, coisas novas, sem perder a tradição da nossa dança. É muito ensaio e muita dedicação sempre. Mais um ano, a gente vem com essa responsabilidade dos 40 pontos e a gente se encontra muito feliz. A comunidade da escola é incrível e nos abraçou. Aqui é ancestralidade, tradição e emoção”, completou a porta-bandeira.

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Kléber Simpatia, intérprete do Império Serrano. Foto: Rhyan de Meira/CARNAVALESCO

Estreando no comando do microfone principal do Império Serrano, Kléber Simpatia, que estava na Unidos da Ponte, citou a emoção de conduzir o Reizinho na Avenida no desfile do ano que vem.

“Temos um samba alegre e festivo. Meu relacionamento com mestre Vitinho é maravilhoso. Estamos nos conhecendo, nos entendendo. Eu estou entendendo as nuances da bateria, que é importante. O jeito que ela toca, e tentando me encaixar sem perder minha identidade. Estamos no caminho certo. O Rio de Janeiro é o sonho de qualquer cantor, de qualquer pessoa que gosta de carnaval. É o sonho estar aqui. O Império Serrano ainda preserva a raiz. Você pode procurar em livros de história, mas não consegue mensurar o tamanho do Império Serrano”, assegurou o cantor.

Como passaram os sambas na final

Parceria de Victor Rangel: Primeiro samba a se apresentar, a parceria de Vitor Rangel foi comandada por Igor Sorriso que chegou após o início da apresentação. A parceria se apresenrou bem, com destaque para os refrões da obra, em especial o último iniciado com “Hoje é dia de festa! Brincadeira tem hora!”, que empolgavam a torcida e o refrão do meio com ciração a sambas que Beto fez para o Império.

Parceria de Arlinhdinho: Segundo samba a se apresentar foi a parceria de Arlindinho, comandada por Tinga. A obra passou bem forte no palco do Império, com uma excelente apresentação. Destaque para o falso refrão final, que levantou bem alguns dos presentes na quadra, assim como a cabeça do samba “Voltei pois a Serrinha ainda e o meu lugar…”.

Parceria de Matheus Machado: Terceiro samba da noite, a parceria de Matheus Machado teve Emerson Dias como voz principal. O samba passou bem pela quadra, com destaque para os refrões da obra, e para alguns trechos, como os versos de início da segunda “Ê, ê, ê… diz aí, ê, ê, a” até “No chão que me consagro: Madureira” que chama a atenção.

Parceria de Xande de Pilares: Quarto samba da noite, a parceria de Xande Pilares foi conduzida principalmente por Charles Silva, Rafael Tinguinha e Nêgo. O samba foi bem cantado pela torcida em momentos que os intérpreres deixavam somente as vozes da mesma cantarem. A apresentação foi bem forte, com os refrões cantados a plenos pulmões, como o do meio “Quem me guia é Santo Antonio de Categeró…”, alem diversos outros versos e trechos.