Um dos grandes clichês do mundo do futebol diz que estreias são sempre nervosas e com uma dose extra de desafio. Caso a situação também seja válida para o universo das escolas de samba, Guilherme Estevão terá uma dose redobrada de atenção. Após dois anos trabalhando em parceria com Annik Salmon, na Estação Primeira de Mangueira, ele passa a assinar como carnavalesco da União do Parque Acari. No primeiro desfile pela agremiação, ele assinará o enredo “Cordas de Prata: o Retrato Musical do Povo”, que será a segunda exibição no sábado de carnaval – 01 de março.
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Em entrevista ao CARNAVALESCO no dia em que foram realizados os minidesfiles das agremiações da Série Ouro, na Cidade do Samba, o profissional falou muito sobre o trabalho na escola da Zona Norte – além de relembrar o que fez na tradicionalíssima verde e rosa.
Passado a limpo
A primeira vez que o nome de Guilherme Estevão apareceu como principal responsável pela parte artística e de enredo de um desfile se deu em 2019. Então na Independentes de Olaria, em parceria com Vinícius Nascimento, ele produziu a apresentação de “De canto em canto, te conto um conto”, que levou a agremiação a um surpreendente terceiro lugar na então Série D, suficiente para levar a estreante agremiação a um acesso.
No ano seguinte, ele se transferiu para a tradicionalíssima Império da Tijuca, já na então Série A – e desfilando no Sambódromo. Após uma sexta colocação em 2020, com “Quimeras de um eterno aprendiz”; e uma nona posição, com “Samba de Quilombo – A resistência pela raiz”, ele coroou a trajetória meteórica assinando com ninguém mais, ninguém menos que a Estação Primeira de Mangueira.
Após ficar em 2023 e 2024 na verde e rosa, ele preferiu destacar as qualidades da nova agremiação e exaltar a própria história: “Para mim, a sensação de voltar para a Série Ouro é um misto de sensações – e não deixa de ser uma reinvenção. É o processo de renascimento, de reinvenção. A Série Ouro tem um valor enorme, eu me orgulho de ter vindo da Intendente Magalhães e passado na Série Ouro antes de chegar ao Grupo Especial. Todo o processo, todo o carnaval é um momento de aprendizagem e de crescer como artista. E a União do Parque Acari é uma escola muito jovem – apesar de ser a união de duas escolas mais antigas, é uma escola de seis anos. É essa juventude do Parque Acari que me motiva a construir um trabalho, a criar uma identidade – e isso está sendo muito importante para a construção desse carnaval”, pontuou.
Carinho em primeiro lugar
Assumir uma escola do porte da Mangueira, obviamente, joga imensos holofotes em um profissional. E, como não poderia deixar de ser, Guilherme e Annik conviveram com elogios e críticas pelo trabalho desenvolvido pela dupla de carnavalescos.
Nada disso, porém, muda a excelente impressão que a única campeã do Grupo Especial em todas as décadas deixou em Guilherme: “A minha experiência na Mangueira é inesquecível. Fazer a maior escola de samba do planeta é algo que vai estar marcado na minha história para sempre. E, com certeza, eu cresci ainda mais dentro da Mangueira. É algo que eu vou levar para sempre com muito carinho. O Rosa da agremiação continua comigo aqui na Acari – mas, agora, com um pontinho de amarelo”, rememorou.
Para 2025
A chegada do carnavalesco à União do Parque Acari pegou muitos de surpresa. Ele aproveitou para falar sobre como foi o convite da agremiação e, também, contar como surgiu a ideia para criar a temática que será apresentada: “Logo que passou o carnaval de 2024, algumas escolas me procuraram – e a União do Parque Acari foi uma delas. Com eles, tive um papo muito gostoso justamente por ter essa motivação da escola de estar pelo segundo ano consecutivo na Sapucaí, de estar querendo promover coisas novas, inovar e construir uma identidade. Isso realmente me motivou muito a vir para cá. Esse enredo tem tudo a ver com a escola, porque o Parque Acari tem uma tradição musical de trazer elementos da música popular brasileira. O violão é algo que está muito presente no cotidiano do brasileiro e no cotidiano da comunidade do Acari. Foi um enredo muito bem aceito desde o início. É por isso que a comunidade está tão motivada: é algo que está no imaginário coletivo de todo mundo. Se Deus quiser, vai dar muito certo”, torceu.
Por fim, ele também comentou o que mudará na União a partir de 2025: “Vai ser uma União do Parque Acari maior, tanto no contingente de pessoas quanto visualmente. É uma Acari na qual estamos buscando fazer uma escola com um cuidado estético um pouquinho mais refinado. Mas, acima de tudo, é uma Acari que está cantando algo que gosta e que conhece. É por isso que é uma Acari mais pulsante. A gente vai misturar essa questão popular, essa questão musical – e, principalmente, a questão afetiva nesse misto da Acari para 2025”, finalizou.