Sexta escola a passar pela pista nesta primeira noite de desfiles, a Acadêmicos do Tatuapé levou o enredo “Preto Velho conta a saga do café num canto de fé”. A apresentação foi marcada pelo o péssimo desempenho da evolução da escola. O abre-alas emperrou e abriu um buraco gigante entre tal alegoria e o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Os responsáveis pelo andamento do desfile, não conseguiam resolver o problema e o caos foi instaurado por volta de três minutos. Uma enormidade. A repercussão foi imediata. Diante disso, muito provavelmente a agremiação irá levar notas baixas na apuração. Um desfile recheado de expectativa com briga pelo título, virou um drama. Agora, o Tatuapé pode facilmente brigar nas posições mais baixas da tabela. * VEJA FOTOS DO DESFILE

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Comissão de frente

A comissão do Tatuapé, liderada pelo coreógrafo Leonardo Helmer, consistiu em mostrar o amor que Preto Velho tem pelos seus divinos orixás. A sensação é que realmente a entidade está em Aruanda, que é o paraíso espiritual dos orixás. Dentro da dança, se tem o próprio Preto Velho, além dos orixás Nanã, Iemanjá, Obá, Oxum, Oxalá, Obaluaê, Logum Edé, Iansã, Ossain, Xangô, Oxumaré, Ogum, Exú e Oxóssi. Todas essas entidades, vestiam grandes costeiros e cada um carregava seu adereço de identidade significativa na mão. Destaque para os martelos de Xangô, arco e flecha de Oxóssi e espelho de Oxum. Outra ressalva também é a maquiagem de todos os integrantes da ala. Apesar da proposta do enredo enfatizar a história do café contada pelo Preto Velho, na encenação, vimos apenas as entidades. A coreografia inteira foi executada no ritmo da melodia do samba.

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Mestre-sala e porta-bandeira

O casal Diego do Nascimento e Jussara de Sousa, representando a “Realeza Africana”. A dupla fez uma dança enérgica, onde giravam e apontavam um para o outro o tempo todo. Mantiveram o sorriso no rosto o tempo todo durante o ato de bailar. Porém, foram prejudicados pelo buraco que se formou no recuo entre eles e a primeira alegoria. Ficaram bastante tempo dançando em um terço à frente do recuo, quando era para basicamente estarem no fim das apresentações para os jurados. Nessa questão, o planejamento foi por água abaixo devido à fraca evolução do Tatuapé. A fantasia de ambos era preta e branca, combinando com as cores do abre-alas. Dificilmente se vê cores neutras em casais de mestre-sala e porta-bandeira e, a Tatuapé, decidiu fazer diferente com Diego e Jussara.

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Harmonia

Novamente, o canto do Tatuapé foi gigante no Anhembi. Há um bom tempo a comunidade ‘Zona Leste Guerreira’, vem se mostrando ótimos desempenhos em relação ao quesito. Em questão de puxar a comunidade para o samba, o intérprete Celsinho Mody é um dos melhores do carnaval paulistano. Ele colocou uma energia impressionante do início ao fim. A aceleração da bateria dentro da melodia do samba, culminou para tal desempenho da comunidade para com essa parte do desfile. Como nos ensaios técnicos, é até difícil dizer qual ala cantou mais ou menos, mas vale destacar o empenho da ala das baianas, que cantaram fortemente. As partes mais cantadas foram o refrão principal, onde a palavra ‘saravá’ é entoada com mais força. A última estrofe do samba, onde se canta ‘aruanda’, também se destaca dentro da letra.

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Enredo

“Preto Velho canta a saga do café num canto de fé”, foi uma boa sacada da escola. O enredo une a entidade Preto Velho com o precioso e histórico fruto que é o café. Dentro disso, o primeiro setor contou como o fruto foi propagado pelo mundo. O café passou pela Arábia até chegar na África. Também é falado do fruto nas senzalas, como os endinheirados enriqueceu através dele no uso do trabalho escravo. O desfile também passa pelo café na arte, onde levou uma alegoria com escultura de pintor e do cantor Roberto Carlos. Por fim, fechou com o carro alegórico de Aruanda, berço divino dos orixás e lar de Preto Velho.

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Evolução

A evolução da escola foi péssima. Em frente ao recuo, o abre-alas empacou e abriu um enorme buraco entre o casal de mestre-sala e porta-bandeira, causando divisão da escola. Nessa situação, os responsáveis pela alegoria e harmonia da agremiação, não souberam como resolver e, só depois de 3 a 4 minutos, o carro andou, o que significa uma enormidade em um desfile de escola de samba. Devido a isso, a escola teve que correr consideravelmente para passar no tempo, fechando o desfile com 1h03m.

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A coreografia dentro do samba, têm algumas partes padronizadas. Na parte do ‘Aruanda’, todos levantam o braço para cima. Logo após o primeiro refrão, onde o samba fala ‘incorporei’, os componentes movimentam o corpo para trás e para frente. Esse efeito, com as plumas dos costeiros, deu um efeito especial dentro da pista.

Samba-enredo

A letra do samba-enredo traz uma concepção diferente. A parte do ‘tanacinê, tanasanã, ina inê, tanuotã’, trouxe um algo a mais e pegou dentro da obra. Já era esperado. Os componentes puderam cantar e coreografar de maneira satisfatória devido à essa parte. As alas coreografadas também usaram bastante desse verso. O intérprete Celsinho Mody teve uma grande atuação e, junto da bateria ‘Qualidade Especial’, regida pelo mestre Higor, conseguiu obter sucesso dentro do quesito.

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Fantasias

Diferente dos últimos anos, o Tatuapé inovou em suas fantasias e levou vestimentas criativas. Apostou bastante em plumas e detalhes minuciosos dentro de costeiros. Não se resumiu apenas em fazer o básico dentro do quesito. A revolução das fantasias não condiz tanto com as alegorias da escola, que será o próximo tópico a ser abordado.

Alegorias

A primeira alegoria, veio representando “Cazuá do Preto Velho e África berço do café”, onde tinha uma grande escultura central do Preto Velho junto com as velas, simbolizando um terreiro. No acoplamento, pudemos ver animais e esculturas com vestimentas afro, simbolizando a África. Na frente da alegoria e no centro, pudemos ver um efeito em que saía aroma de café.

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O segundo carro, simbolizou “A Casa Grande e Senzala: reluziu o ouro negro, ‘meu sinhô”. No centro, a figura do Preto Velho e, ao lado dele, esculturas de escravos carregando sacos. No topo, uma figura de um homem segurando uma nota de dinheiro, ou seja, enriquecendo em cima do trabalho escravo.

A terceira alegoria, representou o café e a arte, onde pudemos ver esculturas do artista Roberto Carlos e, no topo, a figura de um pintor. No carro inteiro, havia latas de tintas. Também um efeito que soltava aroma de café.

Por fim, a quarta e última alegoria, simbolizou Aruanda, que é o paraíso divino dos orixás e, nele, tinha figuras de oxum.

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Ao todo, o Tatuapé mostrou o mesmo nível de alegoria dos anos anteriores. Esculturas simples, trabalhando apenas para apresentar algo que traga nota de qualquer forma. Não se preocupou com o belo. Lembrando que nos últimos dois anos, a agremiação perdeu dois campeonatos devido a esse quesito.

Outros destaques

A bateria ‘Qualidade Especial’, teve um desempenho satisfatório. O andamento foi feito da forma que o samba pede. A forma acelerada de se batucar, virou característica da escola e, as bossas desempenhadas, foram executadas com sucesso. Destaque para o arranjo de Aruanda, onde a bateria faz uma pequena paradinha, deixa a escola gritar a palavra pelas duas vezes e volta na chamada do samba.

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