Todos sabem que defender o pavilhão de uma escola de samba não é tarefa fácil, a pressão e responsabilidade são enormes, afinal, é um quesito inteiro nas mãos de duas pessoas, agora imaginem quando essa missão é dada para casais jovens? Esse é o caso dos casais de mestre-sala e porta-bandeira da Grande Rio, Daniel Werneck e Taciana Couto, e da Mocidade, Diogo Jesus e Bruna Santos. Em entrevista ao site CARNAVALESCO falaram um pouco sobre a aposta das diretorias neles, rotina de ensaios e o que esperam para o futuro.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Taciana fez sua estreia como primeira porta-bandeira da Grande Rio no desfile de 2019, ao lado de Daniel Werneck, que defende o pavilhão da tricolor de Caxias desde 2015. No primeiro ano eles receberam apenas uma nota 10 dos jurados, mesmo assim contaram com todo apoio e confiança da escola, o resultado veio no desfile de 2020, o casal se destacou, encantou a todos e recebeu nota máxima.

“Pra gente é sempre gratificante saber que a escola está apostando em novos talentos e confiando no nosso trabalho. A gente vem junto com a escola e com as condições que ela nos permite para trabalhar bem, nos dar toda condição que a gente precisa ter pra conseguir trazer a nota. Então é só agradecer e curtir esse momento”, pontua Daniel.

Cria da comunidade, Taciana passou pela Pimpolhos da Grande Rio e projeto Escola de Mestre Manoel Dionísio, ela se diz feliz por estar na escola que tanto ama, agradeceu a aposta da diretoria e reforçou a importância da comunidade para colher bons frutos.

“Feliz e grata por ser a primeira porta-bandeira da minha escola do coração, por eles terem confiado no meu trabalho eu só tenho a agradecer, ao meu presidente e a minha comunidade, que sempre me receberam com muito carinho e continuam dando todo suporte e amor que a gente precisa pra poder trabalhar”, destaca Taciana.

Saindo da Baixada Fluminense e indo direto para a Zona Oeste, temos outro exemplo de casal jovem sendo aposta de uma grande agremiação, como defensores do pavilhão da Mocidade Independente de Padre Miguel, Diogo Jesus e Bruna Santos estão indo para o segundo ano juntos.

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Foto: site CARNAVALESCO

Ele já é mais experiente e dançou de 2015 até 2017 na escola, quando sagrou-se campeão. Bruna começou na Estrelinha da Mocidade e era a segunda porta-bandeira da agremiação. Em 2019 dançou no Acadêmicos do Sossego.

Em 2020, Bruna estreou como primeira porta-bandeira da Mocidade e ao ser anunciada pegou muita gente de surpresa, por conta da pouca experiência, o que era desconfiança virou admiração assim que ela pisou na avenida, bastante elogiada, Bruna comenta como foi chegar até esse lugar.

“Foi uma responsabilidade muito grande, mas graças a Deus papai do céu colocou pessoas maravilhosas no meu caminho, meu mestre-sala com a experiência dele me ajudou bastante, a minha coreógrafa Vânia Reis, que eu conheço desde pequena, eu faço balé na academia dela então foram pessoas de confiança que estavam ali comigo. A diretoria da escola nos deu total apoio, total segurança, então isso ajudou bastante para que possamos fazer um belo desfile”, destaca Bruna.

“Ser jovem em muitos aspectos faz a diferença, mas aqui na Mocidade nós temos uma base muito boa, é muito bom ver como a escola prestigia os seus, a Bruna é cria e eu chego pra somar, somos jovens, mas temos pessoas empenhadas para fazer a gente brilhar nessa avenida”, conta Diogo.

Dança tradicional x Modernidade

Arte, bailado e muita tradição, assim pode ser definida a dança de mestre-sala e porta-bandeira. A dança surgiu com os ranchos carnavalescos, com o objetivo de defender o símbolo maior do grupo. Na dança o mestre-sala corteja a porta-bandeira e passa a sensação de proteção do símbolo maior da escola de samba: o pavilhão. Ela, por sua vez, é responsável por conduzir e ostentar o elemento que carrega a história do grupo. Não se curva diante de ninguém e mantém desfraldada a bandeira da agremiação.

Nos últimos anos os julgadores pedem que os casais tragam um toque de modernidade para suas danças, a discussão sobre um bailado mais livre ou com passos mais coreografados se tornou frequente no carnaval, sobre isso, os casais falam a respeito.

“A dança clássica ajuda muito na postura, em alinhamento de braços, nas finalizações, que é algo que os jurados vem muito em cima, então eu acho que é uma junção dos dois, da dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira que é o primordial pra gente, é o principal, da tradição dessa arte, unindo fica tudo maravilhoso, sempre buscando somar pra levar o melhor pra Mocidade”, pontua Bruna.

Diogo vem de uma base mais tradicional e destaca a importância da coreógrafa Vânia Reis para conseguir mesclar a melhor dança e trazer bons frutos para a Mocidade.

“Eu venho dessa coisa mais sambistica, do malandro, o chão mesmo do samba, apesar de ser novo eu tive que modernizar minha dança, com a chegada da Vânia eu acho que isso aconteceu de fato, eu consegui imprimir uma dança boa, com uma finalização bacana e hoje eu consigo trazer o tradicional e juntar com a modernidade para fazer a nossa dança ficar muito bonita”, conta Diogo.

“A gente mantém a nossa base tradicional com a dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira, isso a gente nunca vai perder, mas a gente gosta de trazer sim um pouquinho da inovação, a gente vai procurando uma coisa aqui e outra ali que não agrida a nossa tradição”, pontua Taciana.

Preparação para o desfile e Futuro

Para chegar na avenida e aguentar o peso da roupa, aliado a emoção do momento, são meses de preparo e trabalho. Treinamentos exaustivos, criação de coreografia e repetições, tudo para beirar chegar a perfeição e alcançar a nota máxima. Hoje em dia os casais são considerados atletas, profissionais dão todo o suporte para ajudá-los em pontos importantes para o desenvolvimento na avenida: resistência física, coreografia e movimentos obrigatórios da dança.

Daniel Werneck fala sobre a importância desse treinamento e diz que é fundamental para que o casal realize um bom desempenho na avenida.

“É muito importante, hoje a gente se tornou atleta, até pela questão da evolução da dança do mestre-sala e da porta-bandeira, os treinos ajudam bastante na questão do condicionamento, da respiração, então acho que é muito válido sim o trabalho do preparador físico”, destaca Daniel.

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Já coreógrafa do casal da Mocidade, Vânia Reis destaca a importância de se treinar com a roupa oficial do desfile e diz que nos ensaios incentiva a dupla a se preparar para todas as adversidades que possam surgir no dia do desfile.

“Já tivemos dois ensaios com a fantasia e isso faz toda diferença, o bailado assim é uma coisa, mas com 25 kg é diferente, embora eu coloque colete com peso pra eles, caneleira no Diogo, pra já quando a fantasia chegar eles já estarem bem preparados, então o ensaio com a fantasia e unido a preparação física é tudo de bom”, comenta a coreógrafa.

Para o futuro, a resposta dos quatro é unânime, todos querem construir bons resultados em suas escolas, marcar o nome na história e ficar por muitos anos juntos.

“O meu sonho é continuar na escola até ficar velhinho, espero que a escola queira o mesmo, enquanto a gente tiver vamos aproveitar muito esse momento, é muito bom, é muito importante, se Deus quiser a gente vai ficar até na velha guarda da Grande Rio”, disse Daniel.

Taciana corrobora o desejo de seu parceiro e deseja ficar por muitos anos defendendo o pavilhão da Grande Rio.

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