Por Matheus Mattos e Eduardo Fonseca
Única desfilante do Grupo Especial, na noite deste sábado, no Anhembi, a escola de samba Gaviões da Fiel entrou na pista para realizar o seu primeiro ensaio técnico. A agremiação alvinegra levantou o Sambódromo, que presenciou uma arrancada emocionante, tanto para a comunidade, quanto para os sambistas em geral. O presidente Rodrigo Gonzales fez questão de homenagear Wilsinho, diretor de bateria, que faleceu recentemente durante a realização de um ensaio para o carnaval de 2019. Pontos de destaques foram a organização em relação ao posicionamento das alas, uma ótima harmonia e participação em peso da arquibancada.
“Como todo primeiro ensaio técnico a gente viu alguns problemas, principalmente, na evolução, mas vamos corrigir para os próximos. O importante é que a escola está vindo embalada e cantando muito. O que vamos resgatar da reedição para o desfile oficial é apenas a emoção e a recordação”, frisou o carnavalesco Sidney França.
Harmonia
A agremiação provou que a reedição do samba pode gerar bons resultados. Tanto os componentes, quanto as arquibancadas, cantaram forte e de forma uniforme o hino. Existiram pontos de oscilação em algumas alas, mas com a correção e a nivelação, os Gaviões tem tudo pra atingir a nota máxima no quesito.
“Dentro da pista o ensaio foi super proveitoso. Nós conseguimos atingir todos os objetivos programados para esse ensaio. Nós temos um comissão de harmonia grande, trabalhando forte, e a gente está conseguindo fazer esse trabalho, Está em andamento, mas vai ficar melhor”, garantiu Regina Dercoli, diretora de harmonia.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal, Wagner Lima e Adriana Mondijan, sofreu um susto após o técnico, isso porque a porta-bandeira passou mal e recebeu ajuda de alguns integrantes da diretoria. Porém, dentro da pista, a dupla mostrou boa sintonia. Ambos dançaram com
muita sincronia, olhar fixado entre eles e, o ponto de bastante relevância, a energia que transmitiram para os foliões.
“Por ser o primeiro ensaio, nós apenas sentimos o Anhembi após o ensaio que fizemos hoje pela manhã. E deu tudo certo. Nos quatro módulos. Tudo que colocamos no papel executamos hoje. Nós viemos de arquibancada. Ouvimos várias vezes esse samba. Quando ele foi lançado em 94 eu era um moleque e cresci ouvindo ele. Toda vez que precisamos ganhar cantamos esse samba. É uma satisfação e uma honra reeditar esse samba”, disse o mestre-sala.
Samba-Enredo
É visível a experiência que o carro de som dos Gaviões traz para a pista. Liderado pelo intérprete Ernesto Teixeira, a ala musical teve um bom desempenho. O esquenta foi bem longo, cantando vários sambas históricos, e que serviu de aquecimento para cada cantor de apoio. A ala também traz uma proposta de apagão, junto com a bateria, para destacar a força que o samba tem, dentro e fora da avenida.
“O rendimento foi bom. Como estamos no clima da festa ainda não temos uma dimensão. Serviu para tentar o tempo de arrancada, desfile e andamento da bateria. Acho que foi muito satisfatório. Agora iremos analisar onde podemos melhorar para o próximo”, comentou o intérprete Ernesto Teixeira, que não se considera um astro do carnaval paulistano.
“Não me considero um popstar por ser cercado por todos para tirar foto comigo no final do ensaio. Popstar era Jamelão. Sobre a reedição do samba passa pela minha cabeça que estou ficando velho. Há 25 anos, eu tinha cabelo (risos), apenas 10 anos de Gaviões. Hoje, eu tenho 35 anos de escola. É vida”, finalizou o cantor.
Bateria
A bateria Ritimão sofreu recentemente com o falecimento de um dos seus diretores de
bateria. Wilsinho teve uma parada cardíaca durante a realização de um ensaio que contava com a presença da Paraíso do Tuiuti. Por isso, todos os ritmistas o homenagearam com a sua foto e a frase “Wilsinho eterno”. A batucada dos Gaviões, comandada pelo mestre Ciro Gomes, apresentou uma boa bateria que realizou diversas paradinhas em frente ao setor B (Monumental).
“A gente está satisfeito. Estamos trabalhando pra caramba, temos os tambores como destaque para esse ano. Está caminhando da forma que a gente espera mesmo. Acertar todos os detalhes que faltam para que no dia dê tudo certo. “É o nosso intuito (ter bossas e apagões), principalmente, no segundo e primeiro refrão. Vamos usar bastante o timbal e atabaquês, vai ser bem bacana”, explicou o mestre que falou sobre a perda do companheiro.
“É até difícil falar porque ele era um pilar dentro da bateria, e um pilar das nossas vidas, era um irmão. Não tem sido fácil, mas tudo que está sendo feito será por ele”.
Comissão de Frente
Coreografada por Edgar Júnior, a comissão de frente trouxe um desempenho de alto nível. Com coreografia de desfile oficial, os bailarinos pareciam estar num palco de teatro. Reações em determinadas partes do samba, interações com o público e a encenação da crucificação fizeram do quesito um dos mais representativos até o momento. Um ponto a ser observado é o tamanho do tripé em que os componentes interagem.
Evolução
A distribuição da escola foi um destaque positivo. Cada ala (24 no total) estava diferenciada por placas que indicavam o nome e por balões, onde cada uma tinha cores e formatos diferentes. Algumas regiões dentro das alas ficavam desorganizadas conforme andavam, mas era rapidamente corrigidas pelos integrantes da harmonia que acompanhavam a evolução de perto. A entrada no recuo beirou a perfeição e teve
comemoração por parte dos diretores.
A escola de samba Gaviões da Fiel aposta na reedição do carnaval de 1994, que traz o enredo: “A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente”. A agremiação encerra a
noite de desfiles de sábado.