Por Matheus Mattos. Fotos: Felipe Araújo/Liga-SP
Segunda escola do Grupo Especial a ensaiar na noite de domingo, no Anhembi, os Gaviões da Fiel trouxeram um ótimo número de componentes, comissão de frente que levantou a arquibancada e esboço de um desfile com bastante ousadia.
O esquenta da agremiação relembrou sambas antigos e o hino do time. O vice-presidente, Alexandre Domenico, discursou momentos antes do início do treino.
“Há 25 anos conquistávamos o título, e hoje vamos em busca da nossa quinta estrela. Trouxemos os maiores carnavalescos do Brasil e eles escreveram um enredo pesado pra gente levar pra avenida. Estamos trabalhando no barracão e até o começo do próximo mês já vai estar tudo certo”, afirmou.
Comissão de frente
Definitivamente, a presença da comissão de frente elevou a primeira impressão do ensaio técnico dos Gaviões, principalmente, por pontos específicos. Tripé: A ala trouxe um enorme elemento cenográfico e com muita interação entre bailarinos. Troca de componentes: o quesito trabalha com dois grupos de quinze pessoas, ou seja, são duas coreografias que duram cerca de duas passagens do samba, cada uma. Expressividade no rosto: em trechos específicos, os componentes gritavam e se expressavam, fator que cativou a arquibancada. Os integrantes gritam e se corrigem em todo momento. Porém, logo em frente à arquibancada monumental, notou-se um descompasso entre o canto do quesito com o carro de som que durou mais de uma passagem do samba. É importante lembrar que, as escolas ainda não estão ensaiando com as caixas de som em toda avenida, por esse motivo o erro é recorrente.
“Nesse primeiro teste foi muito bom. A gente atingiu a nossa expectativa de levantar o público. Agora é sentar, respirar, corrigir as possíveis falhas e chegar no desfile 100%”, disse o coreógrafo Edgar Júnior.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal oficial dos Gaviões da Fiel, Wagner Lima e Gabriela Mondjian, evoluiu com roupa simples e leve. Terno para o Wagner e vestido para Gabriela, que se destacou pelas pedrarias. A cor predominante era o preto. A dupla apresentou um bailado cativante, principalmente, pelos jogos de pernas e sorriso do mestre-sala. Observados em frente à torre 04 de julgamento, ambos demonstraram um cortejo mais clássico e apresentando o pavilhão principal para os jurados.
Harmonia
A agremiação alvinegra sempre trouxe componentes que cantam bastante o samba, e, não foi diferente. Como a escola optou por colocar baianas e a velha-guarda logo no início, a força do cantou começou a ser destacada no início do segundo setor. Alas como a 6 e a 7 foram as que mais se destacaram pela animação, inclusive no final do sambódromo. O trecho “Canta Gaviões” é praticamente gritado por toda a escola, porém, a força de canto do refrão não foi visto no restante do samba. Alguns trechos das alas oscilaram, isso analisando animação do desfilante e pontos do samba que evidenciam a falta de intimidade.
“Todo ano eu falo exatamente a mesma coisa, eu sou extremamente exigente e nós detectamos alguns problemas. Como é o nosso primeiro ensaio, estou bem tranquila. Temos muitas novidades, e isso são coisas que a gente vai se adaptando”, revela Regina Dercoli, diretora de harmonia.
Evolução
A evolução da escola foi bastante tranquila, principalmente, no começo. O ritmo do andar imposto estava confortável e sem exageros. Alguns momentos a escola ficava um tempo parada, mas nada que preocupasse o andamento. Enquanto a bateria passava pela torre 07, algumas alas apertaram o passo e houve uma correria para o final do treino. É importante destacar a abertura para alas coreografadas, são no mínimo uma em cada setor. O restante da agremiação também apresenta coreografias, mas são passos que procuram não movimentar demais o componente. A escola fechou o portão com 64 minutos, um a menos do limite oficial.
Samba-enredo
É bastante fácil de cantar, tem um refrão explosivo e melodia que não arrisca tanto. A comunidade responde aos melismas do hino de forma bastante objetiva. O carro de som fez um treino bastante seguro e com arranjos de cordas dentro da melodia. Em alguns momentos do “Canta Gaviões”, a ala musical parava pra escola responder.
“De dentro da avenida a gente só sente que o clima foi excelente. Foi um desfile bom por ser o primeiro ensaio técnico, vamos analisar os detalhes que precisam acertar. Mas a Gaviões está no caminho certo, será um grande carnaval. A ala musical está trabalhando bastante, tenho uma ala só com profissionais. A cada dia a gente trabalha pra aprimorar”, conta Ernesto Teixeira, intérprete oficial.
Bateria
A batucada Ritimão teve um desempenho também bastante seguro. Mestre Ciro soltou sequências de bossas em frente as torres onde se localizam os jurados do quesito. O uso do timbal nos arranjos foi pensado de forma bem estratégica, eles tocam durante os refrões, tem frases durante o samba, inclusive, após a subida do tamborim, um desenho que dura um compasso e meio. As bossas utilizadas são explosivas, com retomada firme do naipe de caixas e desenhos das marcações. A rainha Sabrina Sato esteve presente no ensaio.
Outros destaques
Um ponto que chamou a atenção durante o treino é o tamanho do abre-alas. Separado pela faixa, a dimensão praticamente se igualou ao espaço do recuo da bateria. Outro ponto curioso é que em praticamente todas as alas terá um tripé, sempre com uma, duas ou até mais pessoas no elemento.
A ala das crianças também se destacou pela quantidade e organização. Dstaque também para o show de fumaças e sinalizadores feito pela torcida na arquibancada monumental enquanto a bateria passava.