O diretor de marketing da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Gabriel David, conversou com o site CARNAVALESCO e o jornal O Dia sobre o trabalho em quase cinco meses de gestão na Liga. Ele explicou como será a transmissão das finais de samba pela TV Globo, revelou que a venda de ingressos para o Carnaval de 2023 começará durante os desfiles do ano que vem e contou detalhes da ideia que tem para aumentar o público do carnaval, ou seja, despertando o interesse dos jovens. O papo será publicado em dois dias. Neste domingo, a primeira parte e na segunda-feira o conteúdo final da conversa.
CARNAVALESCO: Como vão ser programas na TV Globo para escolha dos sambas do Carnaval 2022?
Gabriel David: “O programa será na TV aberta, por com três escolas por dia, em cinco noites de sábado, antes do “Altas horas”. Deve ir ao ar em outubro, a data não está definida, é uma escolha da TV Globo. É uma divulgação em escala nacional. Já fizemos todo o manual e será apresentado na próxima semana para todas escolas. Vão ser gravados em estúdio em setembro e temos estratégia para divulgação dos resultados. É a gamificação das escolhas dos sambas na televisão. Algo super atual. O público terá participação direta, interação e as pessoas vão começar a entender como se faz um samba-enredo”.
Como está a relação com a TV Globo?
“Conseguimos mudanças significativas e outras necessárias com a TV Globo devido ao momento do país. É uma grande parceria. Quero ressaltar o diálogo e a comunicação com eles. A relação melhorou muito na nossa gestão. Foi mais dinâmica e participativa, pró-ativa e identificamos potenciais de melhorias e a criação de novos produtos, como as escolhas dos sambas transmitidas na televisão”.
Como aproximar o público mais jovem dos desfiles?
Gabriel David: “A comunicação será muito eficiente e eficaz nos sambas-enredo. O grande pulo do gato é dar mais acesso das pessoas aos sambas. Isso vai facilitar o entendimento dos desfiles. É necessário criar diversas experiências de aproximação com o público durante o período de pré-carnaval. Estaremos nas plataformas digitais, teremos uma forma mais criativa para divulgarmos os sambas”.
Como trabalhar o moderno e o tradicional no carnaval?
Gabriel David: “O carnaval tem esferas tradicionais que precisam ser respeitadas. Tive o privilégio de estar no carnaval desde que nasci. Sei que existem características que precisam ser mantidas. Lógico que para renovar você vai ouvir críticas, longe de virar Rock in Rio, porque o carnaval é único, inclusivo, mas precisa dialogar melhor com a nova geração. Algumas mudanças já estão acontecendo, só olhar os enredos que já são mais próximos da geração atual. É muito mais interesse saber da vida do Martinho da Vila do que a do Marquês de Sapucaí, que a Beija-Flor contou. A comunicação será muito eficiente e eficaz nos sambas-enredo”.
Como vão ser as vendas de ingressos para os desfiles de 2022?
Gabriel David: “Terá parcelamento, áreas novas dentro da Sapucaí que podem ser exploradas e melhores trabalhadas para o público, com as ativações queremos oferecer e novas experiências. Vão ter uma série de melhorias, mas o sistema em si e o formato de vendas é praticamente o mesmo. A mudança é que o entendimento de que o desfile é linear, não importa onde você esteja no Sambódromo, que você está comprando a mesma coisa. Não faz sentido ter variação dos preços nos setores. Terá um reequilíbrio. É uma mudança mais estrutural. Abrimos as vendas dos camarotes primeiro, porque é uma receita instantânea que a Liga precisa ter neste momento. Em seguida, vamos anunciar as vendas das frisas e arquibancadas. Não faremos muito antes, porque entendo que não faz o menor sentido anunciar essas vendas de frisas e arquibancadas sem que exista um planejamento de comunicação eficaz para ter um boom de vendas, não somente perto do carnaval. São várias formas de pagamento, nossa ideia é expandir cada vez mais, não tenho certeza que vamos ter o Pix pelo sistema para 2022, mas acho muito provável que a gente consiga. Não posso afirmar que vamos ter, mas digo que tem 90% de possibilidade”.
No estudo para ativações de marcas no Sambódromo o que vocês pensaram?
Gabriel David: “Quando você entra numa esfera de criação tem que sair ideias para coisas que nunca foram faladas. Pensamos, por exemplo, em banheiros unissex na Sapucaí para alguma marca de camisinha. Alguma empresa pode colocar sua marca em copos, como aconteceu nos Jogos Olímpicos e na Copa do Mundo. Temos essas intenções. Acho que criamos mais de 100 projetos neste período. Pensamos em mudar o carro de som e transformar em uma ativação. Uma ideia simples é a distribuição de souvenir na Avenida e outra é utilizar as bandeirinhas das escolas nas arquibancadas. Conversei com o prefeito e ele foi muito claro que os espaços públicos estão abertos para divulgação dos desfiles das escolas de samba e nunca foram utilizados. Estamos criando uma marca para o carnaval do Rio de Janeiro e, no mundo ideal, penso até em uma fã fest fora da Sapucaí. O Brasil inteiro vai saber que terá desfile de escola de samba. Tenho certeza que isso ficará cada vez mais em evidência e a TV Globo tem sido parceira nisso”.