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Freddy Ferreira: ‘Saudade das baterias pesadas, com timbre grave de fazer o chão tremer’

Ritmos com cada vez menos peso têm sido alternativa para se adaptar ao julgamento do quesito, mas deixam a essência de lado

Atenção! Essa coluna possui doses exageradas de saudosismo. E como é bom poder lembrar tempos nostálgicos, ainda mesmo que não vividos, com saudade. Alguns desfiles atemporais seguem na lembrança de quem sequer vivenciou, por livre e espontânea fascinação audiovisual. Ritmos de baterias pertencem ao imaginário coletivo num lugar afetivo bastante especial, principalmente de cariocas ou não que tiveram a experiência inestimável de ver de perto um ritmo de bateria de escola de samba pela Avenida.

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sambodromo
Foto: Divulgação/Riotur

O fascínio coletivo popular com as baterias faz parte de uma verdadeira identidade cultural do povo carioca. Mesmo alheio a nossa cultura, cada espectador que tem a experiência sensorial de acompanhar ao vivo o ritmo de uma bateria pela Sapucaí fica estupidamente encantado. A sincronia dos mais diversos naipes fazendo ritmo ao mesmo tempo costuma ser seguida de suspiros e aplausos. E o que dizer do pulsar da marcação podendo ser notado pelos pés, diante da vibração da estrutura de concreto da arquibancada? Simplesmente mágico!

Lembro como se fosse ontem a primeira vez que vi e ouvi os ritmos dos setores finais (Apoteose) do Sambódromo. Os olhos brilharam de modo genuíno e todo o encantamento rítmico dominou meu ser em forma de meta: virar ritmista de bateria de escola de samba. Sim, o pulsar firme das marcações decretou instantaneamente meu desejo obstinado de aprender um instrumento e pertencer ao ritmo de uma bateria carioca. A arquibancada respondendo a vibração energética da pressão sonora dos surdos cativou eternamente meu coração, que vez ou outra também apresenta o mesmo brilho no olhar fascinado dos tempos de moleque.

Talvez até para uma própria adaptação ao regulamento, as baterias tenham buscado o caminho de ficarem gradualmente mais leves. Com uma bateria mais leve, por exemplo, é bastante provável que os naipes médios (caixas e repiques) ressoem melhor, assim como os naipes agudos (tamborins, chocalhos, cuícas e agogôs) se propaguem mais dentro da conjugação dos sons das diversas peças. Entretanto, o charme da sonoridade que mescla um groove puxado para o timbre grave com peso dos surdos, intercalando boa consistência dos médios, além de um contraste musical com agudos de qualidade é de uma complexidade rítmica genuína e se configura em um poderoso artifício para demonstrar potência musical.

Deixando de lado a questão técnica e focando em como o povo absorve, recebe e se contagia com os ritmos, não há a menor dúvida que baterias mais pesadas possuem um poder de comunicação que costuma gerar interações humanas mais intensas. É como se a própria força sonora contida no peso dos surdos atingisse em cheio os corações populares. Difícil encontrar quem não fique arrepiado diante de um ritmo bem pesado.

É possível afirmar que menos da metade das baterias do grupo especial do carnaval carioca são pesadas. Ainda que a coluna não especifique, para não tratar cada caso de modo individual e sim do tema de forma geral, a dedução imediata é que poucos ritmos se atrevem a ir para a Avenida bastante pesado. Todos os que fazem defendem um legado musical e cultural vinculado a herança rítmica de longa data em suas respectivas agremiações. Ou seja, é uma característica identitária que está sendo preservada e defendida graças a um DNA rítmico da própria bateria. Ai que saudade do peso dos surdos!

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