Unidos do Porto da Pedra
Com o clima lá no alto, a bateria da Unidos do Porto da Pedra de mestre Pablo fez uma boa exibição musical e principalmente energética no seu primeiro minidesfile como escola do Grupo Especial do Rio de Janeiro.
Vale ressaltar que a bateria da Porto da Pedra possui uma afinação grave, que provoca um peso característico e tradicional no ritmo do Tigre. Com isso suas convenções buscavam impacto através da pressão de surdos, acentuado pelo frenesi dos surdos de terceira.
Repiques e caixas de guerra complementaram os médios, adicionando balanço à “Ritmo Feroz”. Já na parte da frente do ritmo, uma boa ala de chocalhos foi notada. Cuícas e agogôs preencheram a musicalidade de forma eficaz. Enquanto tamborins ressonantes executaram um desenho rítmico prático e bem musical.
Bossas que se atrelaram à cultura musical nordestina foram percebidas. Tudo com bastante pressão, seja na execução ou nas retomadas, valorizando o bom trabalho de mestre Pablo e seus ritmistas na abertura do evento na Cidade do Samba.
Beija-Flor de Nilópolis
Contando com um clima leve e jogando a energia do público lá para cima, é possível dizer que a bateria “Soberana” de mestres Rodney e Plínio fez uma apresentação muito boa no minidesfile, impulsionando os desfilantes da escola e contagiando os presentes.
Com uma afinação de surdos acima da média, o ritmo nilopolitano contou com um luxuoso complemento dos naipes médios, com um bom trabalho dos naipes de caixa e repique. O toque diferenciado dos surdos merece menção positiva, tanto pela segurança, quanto pela leveza dos movimentos. O balanço de destaque envolvendo as terceiras deu um molho considerável ao ritmo da Beija, inclusive em bossas, com constituições arrojadas, além de altamente musicais.
Um acompanhamento privilegiado foi percebido nas alas da frente da bateria. Uma ala de cuícas correta foi complementada por um naipe de chocalhos ressonante, além de uma ala de tamborins que impressionava pela musicalidade de um desenho objetivo, mas bastante atrelado ao samba-enredo da azul e branca de Nilópolis.
Um leque de bossas que soube explorar as nuances melódicas da obra da escola, contribuindo com uma sonoridade profundamente dançante. Uma apresentação potente, firme e segura da bateria da Beija Flor.
Salgueiro
Com sua tradicional afinação de surdos bem pesada, a bateria “Furiosa” dos mestres Guilherme e Gustavo fez uma apresentação explosiva. Vale a menção que os mestres usaram cocar, além de maquiagem indígena, entrando no clima do enredo Hutukara.
Marcadores demonstraram segurança e os surdos de terceira foram um dos pontos altos da cozinha da bateria. Tudo preenchido musicalmente por médios equilibrados, tais como repiques, caixas e taróis, dando aquele aspecto furioso ao ritmo da branca e encarnada do bairro da Tijuca.
Já na parte da frente da bateria do Salgueiro, uma ala de tamborins altamente ressonante foi notada, executando um desenho rítmico relativamente complexo, pautado pela melodia. Tudo acompanhado por um naipe de cuícas coeso que ainda era complementado por uma ala de showcalho vigorosa e dotada de técnica acima da média.
As bossas salgueirenses se aproveitaram do impacto provocado pela pressão das marcações, consolidando seus arranjos através das variações melódicas do samba.
A exibição profundamente animada da bateria “Furiosa” do Salgueiro contagiou o público presente, tanto pela musicalidade de qualidade, como também pela entrega energética e espontânea dos ritmistas salgueirenses.
Grande Rio
A cadenciada bateria da Grande Rio não deixou nem a empolgação habitual dos minidesfiles alterar a velocidade de sua pulsação rítmica na hora da subida.
Uma bateria absurdamente educada foi notada. Ritmistas faziam ritmo com as peças até com certa leveza. Marcadores que tocavam surdo de forma suave, ditaram o andamento para os naipes médios complementarem a sonoridade de forma consistente, como foram com repiques e caixas de guerra, embalados por surdos de terceira que deram bom balanço ao ritmo caxiense.
Na parte da frente do ritmo, uma ala de agogôs extremamente acima da média complementou a sonoridade com eficácia, auxiliado por chocalhos bem ressonantes e um naipe de tamborins com nítida virtude musical.
Um leque de bossas altamente conectado ao samba-enredo da escola de Caxias foi percebido, se aproveitando das nuances da melodia para consolidar seus arranjos. Ajudou a impulsionar a musicalidade de forma notável e contribuiu com a apresentação muito boa da bateria do Acadêmicos do Grande Rio.
Unidos da Tijuca
Uma apresentação bastante segura e equilibrada da “Pura Cadência”. A bateria da Unidos da Tijuca de mestre Casagrande contou com uma afinação de surdos profundamente diferenciada. Marcadores de primeira e segunda foram eficientes e seguros. Os surdos de terceira se destacaram em meio a uma sonoridade bastante equilibrada. O complemento dos médios foi consistente, com repiques coesos e um naipe de caixas de guerra que impressionava, de tão ressonante.
Na cabeça da bateria, um naipe de cuícas correto ajudou a preencher a sonoridade. Uma ala de chocalhos consistente e de qualidade tocou de forma entrelaçada com um naipe de tamborins firme, que executou um desenho rítmico simples, mas bastante eficaz, que se aproveitou exatamente do que a melodia do samba pedia para consolidar a convenção.
As duas bossas apresentadas se mostraram eficientes, além de musicalmente a paradinha do refrão do meio mostrar êxito perante o público presente, devido o bom balanço rítmico dos surdos presente no arranjo, que se aproveita da melodia da obra tijucana no seu conceito. Foi um dos destaques junto do ritmo enxuto da bateria da Tijuca, comandada por mestre Casão.
Imperatriz Leopoldinense
A bateria da Imperatriz de mestre Lolo contou com uma afinação de surdos de amplo destaque. Seus marcadores de primeira e segunda foram firmes e precisos durante todo o cortejo. O balanço acima da média dos surdos de terceira foi percebido. Vale destacar o trabalho estupendo envolvendo o naipe de caixas de guerra, que junto dos bons repiques preencheram com categoria a sonoridade dos médios.
Na parte da frente do ritmo, uma ala de cuícas com boa técnica contribuiu na musicalidade até na bossa do refrão principal, assim como um naipe de chocalhos de nítida virtude musical deu qualidade ao ritmo da Rainha de Ramos. Um naipe de tamborins musicalmente de destaque apresentou um desenho rítmico simples, mas absolutamente eficaz, costurando musicalmente o samba de acordo como solicita a melodia da obra.
Um leque de bossas ritmicamente impressionante foi apresentado. Além da profunda conexão musical com o samba leopoldinense, os arranjos produziram uma musicalidade pra lá de refinada.
Uma apresentação excelente da bateria da Imperatriz Leopoldinense encerando o primeiro dia de minidesfile. Um show de ritmo aliado a uma entrega energética que impressionou o público que não arredava o pé da Cidade do Samba, enquanto a “Swing da Leopoldina” esbanjava musicalidade já quatro da manhã.