A bateria “Não Existe Mais Quente” da Mocidade Independente de Padre Miguel fez um ótimo ensaio técnico, sob o comando de mestre Dudu. Um ritmo independente genuíno e autêntico foi produzido. Aliado a peculiaridades que marcam sua própria tradição, como a afinação invertida de surdos, ou mesmo a batida de caixa com acentuação na mão fraca. Embalados por bossas potentes e altamente musicais, cujo maior mérito é a plena integração musical com o samba-enredo da verde e branca da zona Oeste.
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Na parte da frente da bateria da Mocidade, um naipe de tamborins estupendo executou um desenho rítmico muito bem elaborado, se pautando pelas nuances do melodioso samba da Estrela Guia. Seguindo o exímio trabalho bem de perto, uma ala de chocalhos de alta qualidade técnica foi percebida, dando apuro e um refino técnico louvável à cabeça da bateria. Vale ressaltar que a ala de chocalhos se vestiu inteira de paquita futurista do espaço sideral, atrelando sua vestimenta ao enredo da escola, além de fazer uma alusão a comissão de frente da Mocidade de 2014. Um naipe de cuícas correto também auxiliou no preenchimento musical do ritmo. Assim como uma eficaz ala de agogôs de duas campanas (bocas) contribuiu tecnicamente com seu molho contínuo. O naipe de agogôs foi outro que resolveu se fantasiar e entrar no clima do enredo, utilizando um boné de lado e óculos escuros, remetendo à histórica escultura da criança jogando vídeo game do Carnaval 93 da escola.
Na parte de trás do ritmo da bateria “NEMQ”, a peculiar afinação invertida de surdos foi notada. Os surdos de primeira e segunda foram eficientes e precisos durante o cortejo. Já os surdos de terceira apresentaram o inconfundível balanço independente, garantindo uma musicalidade de destaque. O naipe de repiques mostrou imensa categoria, além de técnica musical diferenciada. Com um toque coeso e que recheou os médios de virtudes sonora, o destaque principal ficou a cargo dos excelentes repiques solistas em bossas. A genuína batida de caixas de guerra ressoou pela pista apresentando um bom nível, com seu toque que possui acentuação na mão fraca.
Um leque de bossas de alto apuro técnico foi percebido. Bossas pautadas pela melodia do samba e com certa pressão de tapas em conjunto foram aliadas da boa musicalidade apresentada pela bateria da Mocidade. No final da segunda, não podia faltar uma paradinha com chamada de repiques solistas, tão tradicional pelas bandas de Padre Miguel e que ajudou na versatilidade rítmica da bateria. Uma bossa de destaque foi a da cabeça do samba, que possui um trabalho luxuoso executado pelo naipe de caixas, além da pressão dos surdos. O bom gosto e a fluidez musical estão presentes em praticamente todos os arranjos propostos.
A primeira noite de ensaios técnicos do grupo especial foi encerrada por uma apresentação muito boa da bateria “Não Existe Mais Quente”. Mestre Dudu, seus diretores e ritmistas têm motivos de sobra para voltarem para Padre Miguel satisfeitos com o resultado do primeiro grande teste. Um ritmo da Mocidade profundamente atrelado à obra independente, tanto em convenções, quanto principalmente em paradinhas.