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Força, Magia e Santa Maldita Euforia, Ala dos Passistas da Portela retrata a chegada da exuberância negra à romaria em desfile que homenageia Milton Nascimento

A ala dos passistas da Portela, sob a supervisão de Nilce Fran, é um exemplo claro de como a dança vai além do entretenimento. Ela carrega consigo um significado profundo, refletindo a força ancestral dos negros, a resiliência dos passistas e a celebração da cultura afro-brasileira. O trabalho de Nilce Fran é, sem dúvida, fundamental para a construção dessa narrativa que se reflete nas coreografias e nos movimentos dos passistas. A conexão com as origens da cultura negra e a homenagem a artistas que representam esse universo tornam a ala um verdadeiro ato de resistência e afirmação cultural.

‘’Esse enredo de Milton Nascimento, ele  funcionou desde que ele foi apresentado. Nós estamos falando aqui do povo preto, do povo de luta, de um homem próspero, que lutou e que conseguiu. A proposta da Portela em 2025 é realmente fortalecer a nossa fé, fortalecer a nossa luta, mostrar essa trajetória e que como diz o samba, quem acredita na vida, não deixa de amar, só o amor constrói e que nós podemos com força, com energia positiva, espiritualidade, nós podemos’’, declara Nilce.

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No contexto da Portela, a ala é mais do que um espetáculo visual, é uma forma de exaltar a ancestralidade negra, resgatar suas origens e, ao mesmo tempo, celebrar a modernidade do samba com movimento que faz referência a uma luta contínua e transformadora.

‘’Os negros eles dançavam para expressar alegria e a dança do samba é isso. A dança do samba é um ato de amor, de expressão, de energia e força. É muito importante. Eu sou passista e coordeno há 25 anos a ala de passista da Portela, mas sempre fui passista, sambista, mulata e a energia do samba fortalece a nossa alma. E o orgulho da cultura negra nessa folia, o carnaval, os desfiles de escola de samba, nesse cenário grandioso no maior espetáculo a céu aberto do Planeta, nós somos o que queremos’’, diz a coordenadora da ala de passistas da Portela.

Nilce Fran, que é responsável pela coordenação da ala, tem se dedicado a transmitir aos passistas a importância dessa conexão com a cultura negra. Para ela, a dança vai muito além da técnica: é um resgate de uma memória histórica e um compromisso com a preservação da herança cultural dos negros no Brasil.

‘’A ala de passista na Portela se conecta com o enredo o ano todo, a gente tem uma coordenadora que faz a gente estudar sobre o enredo, faz a gente cantar o samba porque é muito bom. Nós, não só sambamos, mas também sabemos aquilo que a escola está falando e eu acho que essa conexão da escola com o enredo, do passista com o enredo vai ser muito bom para trazer o nosso título para a Madureira e o Oswaldo Cruz’’ diz João, mais conhecido como João Sorriso, passista da Portela há 6 anos

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‘’O segmento passista é de resistência que até hoje a gente luta por tanta coisa e raça também porque a gente luta bastante, a gente ensaia muitos compromissos com a Portela e eu acho que se junta mesmo, a raça com a resistência e cabe muito com o que nós viemos representar hoje com a nossa fantasia. E quando a emoção de desfilar levando a euforia, o orgulho da cultura negra na Sapucaí. A emoção é muito grande, falar de Milton tem sido muito importante e muito significativo, vai ser um desfile belíssimo, a gente vai chegar trazendo a euforia, trazendo a raça, trazendo a samba no pé e trazer esse título’’, afirma Juliana Antunes, de 32 anos, auxiliar administrativo passista da ala da Portela há 7 anos.

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A ala dos passistas prestou uma homenagem emocionante a dois ícones da cultura negra brasileira: Clementina de Jesus e Grande Otelo. Clementina, com sua voz inconfundível, é uma referência do samba e da música popular brasileira, e sua história é um exemplo de resistência no cenário musical, dominado por homens e brancos. Grande Otelo, foi um dos maiores artistas do cinema nacional, um negro talentoso que quebrou barreiras e se fez presente no imaginário popular, trazendo um protagonismo muitas vezes negado aos negros na história do Brasil.

‘’Nós estamos aqui para isso, para através de Milton Nascimento, esse gênio, esse mago da arte e da cultura. Através dele, nós estamos mostrando ao mundo essa força e como não trazer nomes como Grande Otelo, Clementina, Ivone Lara e tantos outros nomes? Eu que sou dessa geração, cresci e vi as coisas acontecerem e tenho certeza de que quando se trouxe todos esses nomes, foi para dizer que, estamos de mãos dadas, construímos essa história e vamos sempre fazer parte dela de sermos reverenciados’’, relata a coordenadora Nilce.

Os passistas, com seus passos marcantes, não apenas recriaram os ritmos e a energia do samba, mas também trouxeram para o sambódromo o espírito e a luta desses artistas. Clementina e Grande Otelo, através da homenagem na dança, se tornaram símbolos da resistência negra no palco da Portela, sendo lembrados por sua contribuição para o fortalecimento da cultura afro-brasileira.

A passista Mara Oliveira,  que desfila na escola há 6 anos e também é professora de samba, diz que ‘’é mais um grande nome, mais um ano que a gente está levando uma grande história e sempre parece que é o primeiro desfile, é sempre a mesma emoção. Eu costumo dizer que eu estou vivendo meu sonho, ainda nos tempos de hoje, apesar de ter bastante tempo de ala, eu ainda estou vivendo o meu sonho e  parece sempre que é a primeira vez’’.

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O figurino dos passistas é em referência a elementos africanos para simbolizar os corpos negros que começavam a se juntar à procissão. Palhas, búzios, contas e outros materiais fazem parte da fantasia.

A ala dos passistas da Portela, sob a liderança de Nilce Fran, segue firmemente com a missão de transmitir, através da dança, a força e a beleza da cultura negra. Eles são, em sua essência, a personificação da resistência e da celebração da negritude, honrando suas raízes e mantendo viva a chama da ancestralidade.

 

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