mangueira

A Mangueira escolhe neste sábado seu hino oficial para o Carnaval 2020. A reportagem do CARNAVALESCO entrevistou as três parcerias finalistas. A nossa equipe elaborou as mesmas questões para um integrante de cada obra que sonha com a vitória nesta noite. Confira abaixo o posicionamento de cada compositor.

Aponte motivo o samba de sua parceria merecer a vitória na Mangueira

Rodrigo Pinho: “Procuramos buscar no DNA Mangueirense o caminho para a vitória. Canções de Cartola, Beth Carvalho, Nelson Cavaquinho e Dorival Caymmi inspiraram nossa composição e inspiram nosso sangue verde e rosa. Buscamos uma melodia alegre e contagiante pra retrata o clima que seria de festa com Jesus na Mangueira, sua história e mensagem de que só “a verdade libertará” e pensando ainda em uma posição de desfile que precisa de um samba que envolva o público e os desfilantes para buscarmos o objetivo do bicampeonato”.

Beto Savana: “Porque ele representa os mestiços e crias das favelas, estudantes, trabalhadores, pais, mães, avós, avôs, filhos, netos, todos os humildes, porém valentes e guerreiros, que carregam suas cruzes diariamente e mesmo que muitas vezes sejam proibidos de sonhar não desistem de lutar contra a desigualdade e qualquer tipo de intolerância. A principal missão do samba 8 é levar para o mundo a narrativa do enredo como uma reflexão sobre a vida, sobre o amor, o respeito, a paz e a união de todos como irmãos. O samba 8 é uma biografia resumida do favelado e das pessoas de bem, vencedores na arte de sobreviver e que jamais perdem a esperança por dias melhores, que nunca perdem a fé e não se calam diante do que quer que seja. O samba 8 é uma mensagem do Jesus Cristo da Mangueira para o povo!”.

Manu da Cuíca: “Acho que o nosso samba colocou o enredo em uma boa direção, indo por aquilo que a escola deixou aberto para os compositores. E além disso contempla o tema de uma forma poética e encontrando boas alternativas melódicas em alguns momentos de uma forma não tão esperada”.

Qual o trecho favorito da sua obra?

Rodrigo Pinho: “O trecho que culmina no verso “E nessa cruz, você, quem é?” para nós é o mais representativo, pois abrange as diversas causas e lutas subjugadas e vistas sob o olhar da intolerância. Dentro do nosso samba Jesus compartilha dessas mesmas lutas e representa cada uma dessas bandeiras que podem ser trazidas no desfile da Mangueira. Pode ser a vítima da intolerância religiosa, da homofobia, do machismo, do racismo e de todo tipo de opressão presente no dia a dia. Se Jesus voltasse e fosse defensor dessas causas seria novamente sentenciado à cruz, tal como um de nós sentenciados todos os dias por inúmeras maldades praticadas em nome do povo de bem. E, você, quem é nessa cruz?”.

Beto Savana: “O nosso samba tem diversas mensagens importantes que gostamos bastante, como o refrão do meio, por exemplo, que exalta a luta contra a intolerância, mas cada uma dessas mensagens tem sua função dentro do que foi proposto no enredo, e a parte que mais me emociona é a que diz: Ninguém é melhor que ninguém, somos todos irmãos, ninguém é melhor que ninguém salve a nossa união. Porque essa é a essência de um dos mandamentos mais importantes de Jesus, que é Amai-vos uns aos outros.”

Manu da Cuíca: “Favela, pega a visão // Não tem futuro sem partilha // Nem Messias de arma na mão”.

Na opinião da sua parceria, onde está o diferencial do enredo da Mangueira?

Rodrigo Pinho: “O diferencial do enredo é desnudar todo tipo de dominação e preconceito disfarçados de fé. Mostrar ao povo que o Jesus que pregam, se considerada sua biografia, não é opressor, punitivista e excludente, mas solidário e agregador. Trazer esse enredo pra Sapucaí é necessário. Ficamos felizes que seja na Mangueira, cuja diretoria tem tido a coragem de assumir posicionamentos autênticos, como na escolha do tema e no modelo de concurso de samba que já revolucionou as disputas e ainda tem muito a acrescentar ao carnaval”.

Beto Savana: “Acho que o diferencial é conseguir falar dos problemas cotidianos e extremamente sérios que atingem o povo humilde das favelas, dessa enorme desigualdade social, da discriminação e de todos os tipos de intolerância, mas também conseguir passar mensagens de superação, de amor, de força, luta e esperança por dias melhores!”.

Manu da Cuíca: “Acho o enredo muito bom, muito bem desenvolvido. Traz questões importantes sem fazer uma imagem falsa de Jesus, pois ele foi um personagem muito combativo, atento às questões políticas e sociais, o que nem sempre se sobressai na visão que nos é passada pela sociedade. Normalmente esta parte é esvaziada da figura dele, da história dele. E o enredo também atualiza as chagas de Jesus com os problemas que hoje o povo pobre enfrenta, atualizando a figura de de forma responsável, verídica, indo pelo óbvio. Hoje Jesus nasceria sim em uma favela, seria negro e provavelmente perderia a vida de forma jovem aos 33 anos como muitos que vemos acontecer isso por aí. Então acho que foi muito bem desenvolvido este enredo”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui