A Portela retomou, no último domingo, sua série de ensaios de rua rumo ao Carnaval 2025, quando apresentará o enredo”Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”, desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga e será a última escola a desfilar na  terça-feira. Após a pausa para as festas do final de 2024, a Azul e Branca mostrou o empenho da comunidade para embalar o samba, que vai se encorpando na boca dos componentes que cantam muito forte e balançam os braços para cima em diversos momentos. O grande destaque da noite foi para apresentação da comissão de frente, que mostrou fórmulas criativas de abrir a procissão portelense.

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Madureira estava lotada e, no início do caminho, dos lados da ampla calçada, era difícil andar tamanha quantidade de gente que decidiu encerrar o domingo debaixo das asas da Águia Altaneira. Um caloroso público que se derreteu pela energia de uma escola que ensaia como se estivesse em uma festa, sem perder a técnica impecável. O ensaio da última noite aconteceu na Estrada do Portela, onde a Azul e Branca faz um treino mais curto, porém não menos vibrante, com apenas duas paradas para módulos de jurados. Alternando entre esta estrada e a Rua Carolina Machado, a diretoria experimenta duas formas de avaliar o desempenho da escola. Na altura da Praça Paulo da Portela, é avaliado o canto e a explosão da escola e, beirando a linha do trem, se faz uma análise técnica dos formatos de desfile.

“A raiz da Portela está aqui, em Oswaldo Cruz, na Praça Paulo da Portela. Então, a Portela é uma escola com muita resistência. A gente precisa fazer esse ensaio aqui, porque é onde está a energia da Portela, a raça, a garra do portelense. Aqui, o mais importante para gente é ver o canto da escola, a garra, a evolução, o andamento do samba. E graças a Deus a gente está indo muito bem nesse sentido”, explicou o vice- presidente Junior Escafura.

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O diretor de carnaval Júnior Schall, completou dizendo que na Estrada do Portela a escola tem a chance de se colocar mais próxima de sua comunidade, enquanto na Carolina Machado, são analisadas questões técnicas. O diretor ainda contou ao CARNAVALESCO suas impressões sobre a volta da escola aos ensaios de rua.

“Eu fico muito feliz em ver a Portela voltando tão revigorada. Ela sai muito bem do último ensaio de canto. Ela sai de uma maneira formidável. Mas é muito importante vê- la revigorada, ou seja, tendo um axé, tendo um ano novo já projetado de maneira muito bacana. É muito importante retornar na Estrada do Portela. Cada vez mais a Portela entende a troca de energia que acontece entre a escola e a sua comunidade. Ou seja, voltar pela Estrada do Portela é ter a certeza do acolhimento. Esse é um ensaio de pulsação, um ensaio de força, de expressão de cada um dos seus componentes e do nosso coletivo”.

Comissão de frente

Produzida pelos coreógrafos Leo Senna e Kelly Siqueira, os bailarinos foram o ponto alto do ensaio. Marcada pela técnica e criatividade, a apresentação foi além de abrir os caminhos para a escola passar. Sobretudo, indicou que a energia do ensaio seria tão contagiante quanto as soluções coreográficas mostradas.

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Fotos: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Esbanjando sincronismo, o grupo chega a formar uma águia no trecho “Estou onde a mãe do ouro me afaga / E fiel abraçado à Águia”, quando começam a bater os braços, como se fossem asas. Os giros dos bailarinos, quando separados em 4 grupos, no trecho “Girassóis na travessia” é uma boa sacada, que culmina em duas filas perfeitamente alinhadas para cantar que “Nessa estrada é sonho, é poeira”. Na virada do samba, a dança dos guarda-chuvas. Onde um dos 5, abriu com defeito. Começando com guarda-chuvas pretos, os bailarinos circularam pela pista agachados, montando uma barreira com as sombrinhas, até o trecho “Pra ver Zumbi no céu da canção”. A partir daí, um sexto guarda-chuva, de preto vira o sol e tem mecânica para mudar de cor e aspecto. Até que as sombrinhas pretas, são trocadas por outras estampadas em amarelo, em predominância, que deu ideia de girassol. Tudo muito criativo, bem feito e de bom gosto.

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Mestre-Sala e Portela-Bandeira

Squel Jorgea trajava um vestido todo em ouro, rodado, reluzente. Marlon Lamar, usava um terno azul com pedraria amarela e azul, em tecido brilhante. A sequência de giros, usando todo o espaço foi de impressionar, impactada ainda mais pelos pulos em um pé só do mestre-sala, se deslocando de costas, enquanto a porta-bandeira girava em sua direção, no refrão do meio. Apresentação muito segura, com muito mais giros que coreografia na letra do samba. Foi uma grande exibição.

Harmonia

Trunfo da Portela para o Carnaval 2025, o quesito harmonia está bem encaminhado, se depender da comunidade que canta o samba com toda disposição e ainda conta com um sofisticado entrosamento entre Gilsinho e Nilo Sérgio. Tirando a ala dos compositores, descompassada do restante da escola, é uma explosão de canto, com danças e muita vibração. O canto é firme, não cai. Levando em consideração que o ensaio na Estrada do Portela é mais curto, não foi notado queda no canto e, ponto positivo para a direção, é a uniformidade da apresentação. Não tem trecho que se arrasta ou é cantado com preguiça. O canto da Portela é contagiante.

“O canto é uma constante evolução. Não só como deslocamento da escola. Não é cantar alto com intensidade boa durante em um breve momento, é cantar alto com muita intensidade durante todo o tempo para fazer uma apoteose. E é isso que a Portela vem fazendo e se aprimorando em cada oportunidade. Para isso, é muito importante também o ensaio de canto na quadra, ou seja, uma conjunção de ensaios leva a nossa maior capacidade de canto contínuo”, disse Junior Schall.

Evolução

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Assim como o canto da escola, a evolução motiva o público a se deixar fisgar pelas garras da águia. A compactação das alas e o andamento tranquilo provam que as direções de alas não terão muito trabalho no dia do desfile, nas partes que dependem deles. A entrada e a saída da bateria do recuo se deram de forma tranquila e a pulsação da comunidade ajuda na evolução perfeita. Os passos de danças com os braços do componente dão volume a escola e passam sensação de desfile uniforme e integração entre a primeira e a última ala.

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Samba

Sob olhares desconfiados, o samba da Portela vai se encorpando no canto da comunidade. No ensaio deste domingo, os componentes provaram que abraçaram o samba e estão convictos de que ele pode embalar a escola a almejar um grande resultado. No trecho entre “Manhã” e “Vou partir em procissão”, parece que os componentes estão carregando energias para explodir em todo restante da obra, com apoteose no refrão principal.

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“A gente achou o andamento logo no início, depois da escolha do samba. A escola fez uma boa gravação. Está cada vez mais melhorando com os ensaios. Cantando muito. A Portela é uma comunidade muito apaixonada. Ela canta com coração”, comentou o vice-presidente Junior Escafura.

Gilsinho, com o talento que serve em todas as apresentações deu mais um show, na companhia da bateria do mestre Nilo Sérgio.

Outros destaques

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A introdução do samba, na arrancada da escola é certeza de que componentes e públicos serão envolvidos pela energia da Portela. A escola inicia sua apresentação com “Maria, Maria”, canção de Milton Nascimento e já emenda no samba, aproveitando a empolgação de todos. A junção da obra do homenageado com o samba, foi uma aposta da escola aproveitar melhor o tempo de esquenta. É certeza de que dará muito certo.