Tarcísio Zanon, carnavalesco da Viradouro desde 2020, conversou com o site CARNAVALESCO e revelou o que esperar da Vermelho e Branco de Niterói para o carnaval do ano que vem. Ele como surgiu a ideia do enredo para a atual campeã do carnaval carioca, salientando o que achou de interessante na figura de Malunguinho.

Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

“O enredo ‘Malunguinho, mensageiro dos três mundos’ ele nasceu de uma pesquisa do período pandêmico, aquele período que a gente ficou dois anos parados, a gente fez muita pesquisa de enredo e eu tinha uma pesquisa sobre Catimbó-jurema e de todos os seus encantados. De uns últimos tempos para cá eu descobri a informação de que Malunguinho entra para a historiografia quando se descobre registros policiais da figura desse personagem histórico. Eu achei muito interessante como essa figura, esse personagem, esse herói do nosso país, do nosso país profundo, ainda não tinha tido esse reconhecimento. Mesmo ele sendo adorado no Catimbó-jurema, ele também entra para a história do país. É um grande líder quilombola, que hoje ainda dá consulta na Jurema sagrada”.

O artista também comentou o fato de três enredos inéditos com figuras, personagens e eventos pouco lembrados da história do país.

“Eu acho que a receita dessa pesquisa e de você ouvir o sentimento da comunidade para cada ano. Acho que desde que estou na Viradouro com Ganhadeiras, depois com o carnaval de 1919, Rosa Maria, Dangbé, eu acho que a gente conseguiu encontrar uma receita, uma fórmula que a escola gosta, que a escola gosta de se vestir assim, ela gosta de contar essas histórias. E eu acho mais, o carnaval é um espaço de educação. Poder transformar a Sapucaí nesta grande escola, nessa grande aula. Nós somos escola de samba, eu acho que é minha principal função é uma das minhas maiores motivações e valores dentro do carnaval”.

Sinopse do enredo da Viradouro para o Carnaval 2025

O vídeo de apresentação do enredo da escola chamou muita atenção nas redes, gerando muitos comentários pelo trabalho produzido. O carnavalesco contou que a ideia foi feita no sentido de lembrar um trailer de filme.

“A gente já vem lançando enredos com formatos diferentes, foi com as ganhadeiras, depois a gente fez o vídeo do Pierrot Apaixonado e esse ano a gente teve essa vontade. Na verdade, a vontade partiu do presidente, de ter um trabalho com um formato mais parecido com trailer de filme. Pelo fato do Malunguinho ser um personagem que eu acho que habita nesse imaginário e pode até se tornar de repente um grande filme, um grande documentário, assim como foi com Rosa Maria. Acho que funcionou muito, foi mais uma inovação que a escola trouxe. A gente trabalhou muito, se empenhou muito, entramos na mata, fizemos toda essa produção em três dias, mas graças a Deus foi um grande sucesso”.

Por fim, ao falar sobre a sinopse, Tarcísio revela mais detalhes: “É um enredo cantado a gente precisa ouvir dos mais velhos, dos Juremeiros mais velhos, a partir de 80 anos, todos os cânticos para cada falange dele. Malunguinho vem na falange de Exu, na falange de Caboclo e na falange de Mestre. Então, existem cânticos, toadas, pontos que se chama Malunguinho em cada falange dessa e a nossa estruturação de enredo depende dessa oralidade”.