Um ano após o falecimento de Rosa Magalhães, em 24 de junho de 2024, a quadra do Acadêmicos do Salgueiro foi palco de um tributo emocionado à Professora, que será homenageada no desfile da vermelho e branco no Carnaval 2026. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o jornalista e pesquisador Fábio Fabato elogiou a elegância da escola em escolher a homenageada no momento certo, após a Imperatriz definir seu enredo, e refletiu sobre o papel femino nas agremiações.
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Fabato destacou a decisão do Salgueiro como “apropriada, necessária e urgente”. “Menos de um ano depois da morte, ela já foi anunciada. Eu acho que havia duas casas que podiam fazer isso: a Imperatriz e o Salgueiro. E o Salgueiro foi super elegante, esperou a Imperatriz, que não escolheu a Rosa, e então fez”, declarou.
No plano pessoal, Fabato ressaltou sua proximidade com Rosa Magalhães e seu entusiasmo pelo enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, do carnavalesco Jorge Silveira e do enredista Leonardo Antan.
“Uma vez alguém falou: ‘Pô, mas a Rosa no Salgueiro?’. A Rosa começou no Salgueiro, é filha artística de Fernando Pamplona. Eu fiquei muito emocionado, tinha uma relação muito próxima com ela, até falei com ela no dia da sua morte. Estou apaixonado pelo enredo, porque o Salgueirão vai fazer a Rosa Magalhães. Nós temos que falar dos nossos, é a nossa aldeia falando da gente”, disse.
Em um curto intervalo de um ano, o carnaval perdeu três grandes carnavalescas: Rosa, Márcia Lage e Maria Augusta, o que, para Fabato, evidencia um “desafio cultural” para as lideranças do carnaval. “Perdemos as maiores. É urgente buscar e formar mais meninas carnavalescas, assim como precisamos de presidentas. É mudar uma cultura que lá fora já está errada e que, no carnaval, persiste do mesmo jeito”, refletiu sobre a baixa representação de artistas e dirigentes mulheres nas agremiações.
Fabato também falou sobre a abundância de homenagens que será uma marca do Carnaval 2026, ele vê diversidade e espaço para inovação. O panorama de homenagens para o Carnaval 2026 reforça essa diversidade: além de Rosa, serão homenageados Mestre Ciça (Viradouro), Ney Matogrosso (Imperatriz), Rita Lee (Mocidade), Carolina Maria de Jesus (União da Tijuca), Lula (Niterói), Heitor dos Prazeres (Vila Isabel), Mestre Sacacá (Mangueira) e Príncipe Custódio (Portela). Para Fabato, esse leque de temas refuta a ideia de repetição.
“Não dá pra dizer que o Carnaval está repetitivo, as homenagens são muito diferentes. A fórmula certa é fazer o diferente sempre e jogar para o júri decidir o que é melhor”, afirmou.
Assim como a quadra se vestiu de vermelho e branco para celebrar Rosa, Fabato espera que o samba e o enredo incorporem seu “bom humor e pimenta”. “A Rosa era uma mulher apimentada e descobridora de Brasis. As histórias brasileiras que ela desvendou precisam estar no samba e no enredo. Ela era uma investigadora do Brasil”, finalizou.