Rainha da bateria da Estação Primeira de Mangueira, diretora cultural da Liesa e presidente da escola mirim Mangueira do Amanhã, Evelyn Bastos vive um momento de celebração e responsabilidade. Em entrevista ao CARNAVALESCO, a sambista celebrou o prêmio de “Melhor Rainha do Carnaval 2025”, conquistado na última edição do Estrela do Carnaval.
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“Para mim, é uma honra muito grande. Eu acredito que é sempre um grande presente do CARNAVALESCO, que é um site que me acompanha desde o início da minha trajetória como rainha de bateria. Caminhar para o décimo segundo ano de reinado e ainda assim receber esse reconhecimento é uma grande alegria. Também carrego uma responsabilidade enorme de continuar mantendo esse amor e carinho do público, das pessoas que amam o samba. Não existe uma “melhor rainha”. O que existe é aquela que, em determinado momento, se destaca por alguma característica. Cada uma de nós tem um reinado único, com maneiras diferentes de representar sua escola. Nossos estilos se complementam. Eu sempre trabalhei no coletivo e acredito nessa união entre mulheres do samba. Esse prêmio, para mim, é dividido com todas elas”, afirmou Evelyn.
Multiplicidade de papéis no mundo do samba
Além do brilho na Avenida, Evelyn cumpre funções administrativas fundamentais no carnaval. À frente da Mangueira do Amanhã e da diretoria cultural da Liesa, ela fala com naturalidade sobre equilibrar os diferentes papéis no universo do samba.
“É tudo carnaval. Só mudo a função e a maneira de conduzir. Ser rainha de bateria da Mangueira é a minha maior diversão. Sempre levei com leveza, mantendo a essência do meu povo, da minha comunidade. Eu sou uma rainha sambista, uma sambista rainha. Já na Mangueira do Amanhã, a responsabilidade é maior. Foi a escola que me formou, me sustentou como sambista e mulher. Hoje, quero garantir que a escola continue formando artistas, como faz há décadas”.
No campo institucional, Evelyn também destacou a importância de ter autonomia à frente da diretoria cultural da Liesa, a convite do presidente Gabriel David.
“A primeira coisa que conversamos foi sobre autonomia. E o Gabriel me oferece essa liberdade de conduzir a diretoria de cultura de forma alinhada com os interesses da Liesa e da comunidade do samba”.
Participação popular e diálogo com o povo do samba
Em seu primeiro ano à frente da diretoria cultural da Liesa, Evelyn destacou o papel fundamental da internet na aproximação com o público e no fortalecimento dos debates democráticos.
“A diretoria de cultura conversa diretamente com o povo. É a única que existe desde a fundação da Liesa, há 40 anos. Hoje, temos o pioneirismo de uma mulher negra na liderança e mais mulheres ocupando esse espaço. Apostamos em muitas ações que deram certo, e a participação dos sambistas pela internet tem sido essencial. As críticas, elogios e opiniões são válidos. Queremos que o povo do samba esteja cada vez mais próximo da Liesa, e a internet é a principal ponte para isso”.
Planos para 2026 e fortalecimento das parcerias
De olho no próximo carnaval, Evelyn adianta que as ações culturais da Liesa para 2026 já começaram, com atividades previstas na Cidade do Samba.
“O carnaval é, por si só, cultura. Nossa diretoria está diretamente ligada a todas as decisões da Liesa. Muitos projetos estão em negociação, porque não dependem apenas de nós. As decisões passam pelos presidentes das escolas. Tudo é votado. Já iniciamos os trabalhos para 2026, com planejamento e inovações que certamente vão gerar debates, o que é positivo. A gente quer construir um carnaval cada vez mais democrático”.
Carnaval mirim como base do futuro
Evelyn Bastos também celebrou o primeiro ano de parceria entre a Liesa e a AESM, destacando o papel das escolas mirins na formação de futuros protagonistas do carnaval carioca.
“As escolas mirins são fundamentais. Queremos que elas sejam a grande progressão do nosso carnaval. Acreditamos nas nossas crianças e adolescentes, nesse amor genuíno pelo samba. A parceria entre Liesa e AESM depende do diálogo entre seus presidentes, Gabriel David e Edson Marinho, mas estamos de braços abertos para contribuir”.
A sambista ainda pontuou a importância de ajustes no modelo atual dos desfiles mirins.
“É necessário repensar o tempo dos desfiles, os horários. O carnaval mirim é trabalhoso e exige muito, mas as crianças amam. Tenho certeza de que, para 2026, a Liesa vai atuar ainda melhor nesse campo. E espero que a AESM esteja pronta para caminhar junto com a gente”.