Desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, conhecido pelos ótimos enredos, político e manifestos, a história de Xica Manicongo, primeira travesti não indígena do Brasil, irá desfilar na Sapucaí em 2025. Durante o desfile na Cidade do Samba, o CARNAVALESCO ouviu componentes do Tuiuti sobre a importância desse enredo para a escola.
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Para a empresária Cláudia Silva, de 40 anos, dos quais não se lembra há quanto tempo está no Tuiuti, de tanto amor que, segundo ela, tem pela agremiação, o enredo fala, acima de tudo, sobre o ser humano.
“Esse enredo vem falando da mulher. Não da trans, não da lésbica, não do gay, mas sim do ser humano. O samba diz ‘só não venha me julgar pela boca que eu beijo’, ninguém pode julgar ninguém. Porque quando você aponta o dedo acusando uma pessoa, você tem outros 4 dedos apontados para você também. O enredo vem falando em ser humano. Ninguém nasceu para ser juiz. O enredo do Tuiuti vem para poder tirar um pouco da escama dos olhos do ser humano, não dá para mudar a cabeça do ser humano, mas sim conscientizar, isso eu acredito”, disse Cláudia.
Xica Manicongo, tida como a primeira travesti da história do Brasil, era uma escravizada africana que foi trazida para o Brasil e, assim como muitas pessoas trans e travestis no Brasil até hoje.
A importância deste enredo se contrapõe aos números de violência que o país apresenta quando falamos sobre a existência de pessoas trans e travesti no Brasil, é sobre isso que Edmar Alves, artista de 30 anos, pontua sobre o enredo do Tuiuti,
“Esse enredo sobre a Xica Manicongo é muito importante para muitas pessoas marginalizadas, que são pessoas super vulneráveis na nossa sociedade. É uma representatividade que, hoje em dia, ainda está faltando muito, especialmente dentro do Brasil, onde a comunidade LGBT é tão violentada”, pontuou Edmar, que desfila há três anos na escola.
Já o estreante na escola de São Cristóvão, Matheus Alencar, de 33 anos, sente esse enredo bem próximo de sua vida e de seu discurso.
“Esse enredo é extremamente importante, ainda mais para mim, que o enredo se alinha aos meus discursos, eu trabalho num concurso que elege a Miss Brasil Trans, a minha irmã do coração está na comissão de frente, eu convivo com pessoas trans, já fui casado com uma pessoa trans, acho que trazer esse enredo, colocar uma mulher trans, sendo a primeira mulher trans negra do Brasil, como pauta é poder enaltecer e desmarginalizar a cultura trans dentro do Brasil, já que é o país que mais mata mulheres trans travestis no mundo. Então trazer, colocar no mapa essas pessoas. Pessoas que também têm talento e que podem ocupar diversos outros espaços”, contou.
Galeria de fotos: apresentação do Paraíso do Tuiuti na Cidade do Samba