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Estrela do Terceiro Milênio comemora o belo desfile e sonha com vaga nas campeãs

Penúltima escola a desfilar na passarela do samba paulistano, a Terceiro Milênio trouxe um enredo exaltando a população LGBTQIA+ e também teceu críticas ao preconceito e às formas de discriminação. A agremiação do Grajaú chegou à dispersão comemorando bastante o resultado de um grande desfile, que entra para a história como o primeiro a falar especificamente dessa temática.

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Régis Santos, coreógrafo da comissão de frente

“Estou contente, vi um trabalho alinhado, todos os truques funcionaram, todas as surpresas funcionaram, nada enguiçou, nada parou, a luz não falhou, e o elenco estava atento, assim, eu não vi desalinhamento, não vi sujeira, vi os fundamentos, vi os balizamentos acontecerem. E vi a reação do público, que era um dos nossos objetivos, emocionar, trazer uma reflexão. Acho que o trabalho cumpriu a sua função”, e continuou.

“Quando tem a luz fluorescente da Av. Paulista, onde cortaram o rosto de inocentes há anos atrás, e que se transformam em flores, depois de uma palavra de que ele só falou de amor, foi um ponto alto. Quando surge um discípulo em meio da fumaça do nada, trazendo um socorro, acho que também foi um ponto alto. Foi emocionante. Tudo vale a pena. Se você trabalha com amor, com afinco, eu acho que o resultado sempre vem. O resultado a gente vai saber depois de terça-feira. Mas emocionalmente, intuitivamente, eu acho que o resultado está aí. Acho que a gente conseguiu meter o pé na porta, com classe e ao mesmo tempo sem muito pudor de pôr o dedo na cara de quem não aceita o diferente. O trabalho traz uma reflexão de mudança e ela é difícil, é muito arraigado no Brasil o preconceito, o conservadorismo, a radicalidade de não aceitar a diferença e não aceitar o próximo. A gente está contribuindo um pouco mais para essa reflexão. Mais do que a experiência do trabalho, a experiência de conviver com a comunidade da cena ball-room, com os atores de teatro, que fazem parte do meu elenco, e os bailarinos… Foi uma experiência incrível em que a gente pode plantar uma semente de um Brasil melhor, de menos violência e mais amor”, finalizou.

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Arthur Santos, mestre-sala

“Hoje foi um dia incrível, a nossa escola cantou com muita garra, a gente escuta o ecoar da voz de uma comunidade aguerrida que esperava muito por esse dia para mostrar o seu valor e fazer um manifesto pelo público LGBT. O nosso ponto alto é quando a gente termina um dos movimentos obrigatórios, a gente faz uma pose com os punhos cerrados de resistência, de força, de guerra, de luta. Porque a dança indígena mesmo ela sendo uma dança muito bonita ela não deixa de ser uma dança de guerra. Então a gente trouxe movimentos característicos dessa dança e tentamos mesclar com a dança de mestre-sala e porta-bandeira sem perder a essência. Acredito que a gente conseguiu executar isso muito bem. A gente tem o apoio e o trabalho da nossa preparadora. Nós nós somos um casal jovem que gosta de trazer inovação”.

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Waleska Gomes, porta-bandeira

“Esse desfile é mais do que um desfile de escola de samba. Ele é um manifesto muito importante e necessário para o nosso país. E, tecnicamente, também vou falar um pouquinho do meu desenvolvimento com ele. Trabalhamos muito esse ano e a gente conseguiu realmente colocar em prática tudo que a gente executou, trabalhou, treinou. Desde junho a gente veio fazendo esse trabalho. A gente estudou muito, a gente fez aula com muitos profissionais. A gente estudou um pouco de dança indígena. A gente foi a fundo de várias coisas da causa pra estar aqui de corpo e alma. Então a gente tá muito realizado com esse trabalho de hoje. Foi uma noite mágica”. Waleska continuou e elogiou a equipe de trabalho.

“Temos uma equipe muito incrível que dá apoio do início ao fim. Então a gente vive totalmente confiante e leves, pensando apenas em nossa dança e fazer tudo que a gente ensinou durante o ano. A escola e a diretoria da nossa escola também nos proporcionou de tudo para nos deixar confortáveis, para nos deixar felizes, o andamento da escola. Então, realmente foi uma noite muito favorável para a gente”.

Vitor Velloso, mestre de bateria

“Acredito que foi a mesma onda dos ensaios técnicos. Fizemos três bons ensaios técnicos e o que eu pedi para galera que era para manter, galera entendeu e a gente passou muito bem. Foi muito legal. As bossas bem encaixadas, bem executadas. Acho que o ponto alto foi esse aí. A gente veio ensaiando para chegar hoje e não ter nenhum tipo de problema. Esse carnaval foi de muito aprendizado”.

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Murilo Lobo, carnavalesco

“Eu vejo a escola entrar na avenida e venho atrás curtindo. Acho que as pessoas se emocionaram, era isso que a gente queria, que a mensagem ficasse guardada no coração das pessoas. Nós podemos ser um país muito melhor, não precisamos ser o país que mais mata essa comunidade. Então vir aqui, trazer isso com alegria, com irreverência, com deboche, com crítica, foi a nossa proposta. E eu acho que o público assimilou e veio junto, dizendo que toda forma de amar importa. É uma comunidade que merece viver em paz. Acho que a gente conseguiu alcançar o nosso anseio. É um orgulho trabalhar numa escola que me deixa propor temas que são necessários para todo mundo. Que não se vende a patrocínios, que vem e faz aquilo que a nossa comunidade precisa ouvir, precisa aprender”.

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Silvão Leite, Presidente

“Tenho certeza que esse desfile vai fazer história do Carnaval de São Paulo. A comunidade desfilou com emoção. A comunidade abraçou o enredo de uma forma absurda. E o que mais me deixou feliz é que a gente levou uma mensagem de respeito, de amor, para uma região que vira e mexe, é conhecida pela violência. E a gente conseguiu trazer essa mensagem para lá, a comunidade entendeu, discutiu, abraçou e se emocionou na avenida. Estou muito feliz, me sentindo de alma lavada realmente. Nós mostramos que através da alegria a gente pode combater a intolerância, combater a falta de respeito e mostramos que a gente tem que pregar o amor, só isso. Então foi maravilhoso”. Silvão continuou exaltando a comunidade da Milênio.

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“A comunidade veio com essa vontade de marcar história. Na concentração nós tínhamos um carro que estava muito pesado. Já estava pesado estruturalmente. Quando subiram mais 100 pessoas em cima, foram mais 7 toneladas. Então, para movimentar e alinhar ele, deu um trabalhinho. Naquela hora eu fiquei preocupado, mas depois eu acho que os deuses, os orixás, nos ajudaram. A gente retornou, eu acredito que agora é pra ficar. Eu tenho pra mim que a gente apresentou um espetáculo que permite que a gente pleiteie um retorno pras campeãs. Em 23 fizemos um desfile maravilhoso mas infelizmente caímos, na minha opinião não foi merecido e no nosso retorno a gente mostrou que a Terceiro Milênio realmente está preparada para ser um dos destaques da elite do carnaval”.

Grazzi Brasil, intérprete

“Agora posso relaxar, eu nem acredito. Estou muito feliz com o resultado, fizemos um trabalho de muito tempo, desde agosto, e a jornada foi grande porque eu estava no musical e estava na Milênio. Essa loucura, ‘vai pra lá, vai pra cá’, mas com muito profissionalismo, muito amor, muita garra e disposição. Eu estou feliz de ter feito esse trabalho aqui. Nem acredito que consegui chegar até aqui de tanta loucura que foi. Estou muito feliz, essa comunidade é sensacional. Para mim é sempre uma honra poder contar temas necessários assim”.

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Darlan Alves, intérprete

“Já tive bastante momentos aqui nesse Anhembi, mas por causa desse enredo, que é um enredo de tantas histórias, de tantas famílias, de pessoas que já não estão mais aqui, mas estão representadas aqui… Hoje a voz do Grajaú foi a voz dessa comunidade. Esse grito ecoou para o mundo, esse manifesto hoje rompeu tantas barreiras, foi muito além do arco-íris, como diz o enredo. Nós recebemos aqui tanto amor dos sambistas, isso foi incrível. Confesso que eu estava nervoso um pouco. Poucas vezes eu fiquei nervoso nesse Anhembi, mas eu sei da responsabilidade e do tamanho que era poder cantar esse enredo aqui, poder cantar esse samba porque eu sei o quanto representa isso, o quanto essas cores hoje representaram para muita gente no mundo, o mundo vai ver isso daqui. Sambistas foram homenageados aqui, que fazem o carnaval no dia a dia. Escultores, carnavalescos, aderecistas, destaques, essa comunidade incrível que faz o nosso carnaval.”

“Nós sabemos que não é só alegria, que tem muita história envolvida nisso, mas hoje o Grajaú pôde contar e cantar um pouco dessa alegria, e recebemos isso das arquibancadas, dos camarotes: as pessoas cantando o refrão, cantando as outras partes do samba. Não sabemos o que vai acontecer, mas o Grajaú entregou isso, que foi muito além do arco-íris, foi muito o amor que entregamos, o amor aqui porque o Anhembi precisava passar com esse enredo. A escola foi muito corajosa, a diretoria foi muito corajosa de poder colocar esse enredo, você sabe disso. Você é sambista, você sabe o quanto foi difícil, o quanto é difícil para uma escola colocar um enredo tão grandioso, tão polêmico, tão gigantesco e tão necessário como esse. Era muita responsabilidade e o Grajaú, graças a Deus, entregou um carnaval lindo representado por grandes nomes aqui dessa comunidade que estavam aqui presentes. Eu estou muito feliz, o Grajaú está muito feliz e eu acho que o carnaval está muito feliz com essa grande homenagem a essa comunidade e a todas essas pessoas incríveis que passaram hoje aqui”.

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