De vermelho e preto, as baianas da Unidos do Porto da Pedra entraram na Sapucaí representando as donas da floresta, com um vestido com padronagem indígena. Dentro do enredo, são os cânticos sagrados delas que vão abrir os caminhos para o escritor Júlio Verne navegar pela Amazônia. Com o objetivo de se divertir e educar, as componentes querem mostrar a potência cultural da mulher amazônica.
“Essa fantasia é ver se bate no coração de cada um a importância da nossa Amazônia e dos indígenas. Todo mundo olha para os indígenas como se fossem pessoas pequenas, pobres e com nenhuma cultura. Nós estamos mostrando a cultura da mulher indígena e amazonense”, disse a presidente da ala Lindalva Mendonça, há 8 anos no cargo.
Para a líder do segmento, as baianas ficaram apaixonadas pela fantasia por conta da beleza, porém uma queixa foi recorrente. A estrutura da saia faz os babados se arrastarem no chão. Isso vai exigir atenção durante a evolução. Integrante do segmento há 23 anos, Vera Lúcia, de 68 anos, comentou sobre essa questão:
“A fantasia está muito bonita. A gente só está com um problema. Estamos tropeçando nos babados, isso dificulta a gente rodar e fazer uma apresentação bonita”
Já Rosária Xavier, de 61 anos, contou que a fantasia está leve e acredita que ela simboliza um alerta. A baiana está no seu 26º carnaval pela vermelho e branco de São Gonçalo.
“O significado da fantasia é muito forte! É a preservação da Amazônia. Nós viemos representando as mães da terra tentando dar este alerta para as pessoas. É o nosso futuro que está em jogo. Nós temos que preservar agora para as gerações futuras, para mais tarde. Se não tiver esse cuidado, a gente não vai ter nada”, reforçou Rosária.
O clima de confiança está presente entre as desfilantes. Um exemplo é a baiana Maria Auxiliadora de Souza, de 61 anos. Ela se considera uma baiana profissional e acredita que o enredo nesse momento é essencial.
“Nós vamos conseguir dar o nosso recado porque somos profissionais. É um enredo maravilhoso e, com ele e com o desempenho do carnavalesco [Mauro Quintaes], a gente tem tudo para chegar lá”, disse a componente que estreia esse ano na Porto da Pedra, mas faz uma maratona ao desfilar em escolas como Acadêmicos de Niterói, Cubango e União de Maricá.
As baianas desfilaram no primeiro setor do desfile chamado “Delírio Aventureiro”. O tom de vermelho compôs com o abre-alas e a ala que vinha à sua frente.