Tetracampeões de direito do carnaval paulistano, os Gaviões da Fiel passam por um momento curioso. Ao mesmo tempo em que chegarão a 23 anos sem um título do Grupo Especial, a Torcida Que Samba alcançou, nos últimos dois anos, os melhores resultados em todo o período destacado. Ernesto Teixeira, histórico intérprete da agremiação, verbalizou o sentimento dos torcedores a respeito. Sempre presente em eventos relacionados às escolas de samba da cidade de São Paulo, o CARNAVALESCO entrevistou a Voz da Fiel no evento que definiu a ordem dos desfiles do carnaval de 2026 na cidade.

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ernesto gavioes
Foto: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Reconstrução

O período do jejum de títulos dos Gaviões, citado no primeiro parágrafo do texto, começou bastante turbulento. Em 2004, no desfile que muitos imaginavam que selaria o tricampeonato de fato da escola do Bom Retiro, um dolorido rebaixamento. O título do Grupo de Acesso I em 2005 culminou em um novo rebaixamento em 2006 – e que trouxe o segundo caneco do segundo pelotão paulistano em 2007. O novo retorno ao Especial em 2008, em um 11º lugar, foi seguido de três anos no Desfile das Campeãs – quarto lugar em 2009 e quinto em 2010 e 2011.

De 2012 em diante, entretanto, foram longos anos sem conseguir desfilar novamente – período que só foi encerrado em 2024. Ernesto refletiu a respeito: “O nosso trabalho sempre foi no sentido de vencer. Sempre queremos fazer um grande carnaval, agradar o nosso público e quem gosta do carnaval em geral. Os Gaviões agora passam por um bom momento. Já são cinco ou seis anos que a gente vem reestruturando a administração interna, cuidando direitinho das finanças, conseguindo bons colaboradores. Agora é a hora de colocar isso aí na avenida e buscar mais um título”, comentou.

Espetáculo como prioridade

Perguntado se o jejum de títulos no Grupo Especial incomoda, Ernesto Teixeira surpreende: “Nem um pouco! Eu poderia falar que, nesse ano aqui, os Gaviões praticamente foram campeões do carnaval. Se você pegar a justificativa das notas, principalmente as que tratavam da letra do samba-enredo, elas não são condizentes com a realidade. Ali os Gaviões foram campeões do carnaval – quando, na realidade, ficaram na terceira colocação”, refletiu, relembrando o resultado obtido pelo elogiadíssimo “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”, assinado pelos carnavalescos Julio Poloni e Rayner Pereira.

Logo depois, a já eterna Voz da Fiel dá uma lição de civilidade: “Mas a gente sabe como é que funciona o carnaval. Isso também faz parte, a gente tem que saber aceitar e trabalhar para um ano melhor. Ao longo desses anos, a gente fez grandes carnavais, a gente levou muita alegria para o povo e, tenho certeza, que, muitas vezes, as pessoas vão lembrar mais do samba e do carnaval dos Gaviões – talvez até em relação ao carnaval de quem ganhou realmente. Isso já nos dá uma satisfação muito grande”, destacou.

Por fim, ele reconhece a importância do resultado na disputa: “Claro que a gente busca o título sim, não podemos deixar de dizer que isso é uma verdade, também. A gente quer ter a taça lá na nossa sala de troféus. Mas a gente trabalha isso com tranquilidade. Não tem desespero”, ponderou.