Tricampeões do Grupo Especial e com mais um título do Grupo de Acesso juntos, Rute Alves e Julinho Nascimento, em 2022, vão para o seu 14 desfile como casal de mestre-sala e porta-bandeira, o quarto pela Viradouro. Dupla que se formou para o carnaval de 2008 na Vila Isabel, escola onde seriam campeões em 2013, repetindo o feito no ano seguinte, mas pelas cores da Unidos da Tijuca, o casal ainda ajudou a Viradouro a subir em 2018 quando surpreendentemente aceitaram o convite para trabalhar no Grupo de Acesso. Em 2020, foram coroados com mais um título.

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Em entrevista para o site CARNAVALESCO, Rute e Julinho contam como foi a decisão de aceitar o convite da Viradouro para participar do projeto de reconstrução da escola ainda no Grupo de Acesso, no carnaval de 2018, relembram desfiles inesquecíveis, e falam sobre a mudança em algumas características no bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, além da renovação de nomes no quesito e a grande expectativa para voltar a pisar na Sapucaí em um desfile.

A dança de mestre-sala e porta-bandeira mudou tanto como dizem?

Rute: “É um quesito que ao mesmo tempo é exigido coisas novas, também é exigido que mantenha característica, que mantenha a dança tradicional. A gente meio que se pega ali em fazer uma bossa, fazer uma graça e outra, mas mantendo o tradicionalismo. Eu lembro que quando a gente começou, até por vir a frente da bateria, a gente não tinha aquele momento certo do samba para entrar, na cabine dos jurados. A gente fazia praticamente uma apresentação que a gente fazia na quadra. Apresentação de bandeira e as obrigatoriedades. Não tinha aquilo de cumprir uma passada do samba. Com os casais indo lá para frente, já passou a ter a hora certa de entrar, e eu não posso precisar quando começou essa mudança, e quando a gente viu, todo mundo estava montando um desenho coreográfico”.

Julinho: “Eu não vejo uma mudança na dança não, respeitando os momentos, cada época, eu não vejo porque hoje os casais dançam mais porque são mais exigidos fisicamente. Acho que cada momento, cada época, teve a sua exigência, hoje a exigência que se tem de um casal de mestre-sala e porta-bandeira é em função do que evoluiu o carnaval”.

Ainda neste contexto, o que é principal na visão de vocês para o sucesso de uma apresentação do casal?

Julinho: “Acho que o principal para o sucesso de um casal hoje é o entrosamento. É essa química, essa cumplicidade que o casal tem no olhar, porque não basta só ensaiar. Ensaiar, a gente pode ensaiar 24 horas por dia, e repetidas vezes. Mas, eu acho que não é só a questão técnica ou mecânica da dança, tem algo mais na dança do casal, falo de uma avaliação que isso fica presente e notório quando se percebe a troca de olhares, a cumplicidade dos dois, o ritmo que os dois imprimem, um complementando o outro. Isso é além da questão técnica. Pode se ter uma excelente porta-bandeira que realiza todos os pré-requisitos, pode ser excelente mestre-sala. Mas, se não houver essa química entre os dois, que vem ao longo do tempo e não adianta só com ensaio, com um mês de ensaio, isso vem ao longo do tempo. O amadurecimento da dupla”.

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A preparação física dos casais hoje é cada vez mais intensa. É o padrão mesmo e deve aumentar ao longo dos anos?

Rute: “Até pelo fato de hoje se exigir mais dos casais, não falo ser melhor ou pior, as fantasias hoje serem mais pesadas, muito mais elaboradas do que eram antigamente, não querendo dizer ser melhor ou pior, mas até pelo material, pelo luxo que se é exigido, principalmente do primeiro casal, passou-se a ensaiar mais, e por conta disso, ter uma preparação física. Hoje, os casais não só dançam, são atletas também. A cada ano se buscam coisas novas, trabalhos diferentes. Hoje, a gente já tem uma preparação física específica, que não é qualquer profissional que faz, não basta chegar em uma academia e buscar um personal que não vai fazer essa preparação que a gente precisa. A cada ano é buscado coisas novas que não só a gente, mas os casais procuram para agregar para essa preparação. É um caminho sem volta”.

Julinho: “Acho que essa questão de o casal trabalhar mais, ensaiar mais e tudo, é nada mais do que o próprio desfile pede. Se, antigamente, o desfile não pedia que se parasse em determinados pontos do desfile, hoje você vê que a comissão de frente, tem tantas passadas do samba para chegar em determinado ponto do desfile, ou na frente de uma cabine, o casal de mestre-sala e porta-bandeira que vem logo atrás, é tudo certinho, é um tecnicismo no desfile e começou a se exigir isso, mas esse fato não quer dizer que outrora não fosse exigido. Cada um, dentro das suas exigências. Hoje a nossa performance é exigida fisicamente, a gente tem esse acesso a esse tipo de informação, coisas que a um tempo atrás não tinham, mas eles não deixavam de se preparar”.

Como dupla qual foi o desfile inesquecível de vocês? E qual foi o desfile que gostaria de não lembrar muito?

Rute: “Inesquecível, sem dúvida, foi Angola (Vila Isabel 2012). Foi um ano que a gente passou por muitas coisas, o Júlio teve uma lesão no reto femoral, a gente ficou muito tempo sem poder ensaiar, ele teve que fazer um tratamento muito rigoroso. A minha sorte, a sorte da Vila Isabel, é que ele é uma pessoa muito comprometida, ele é muito bom profissional, ele é muito responsável. O que precisou fazer para ele se recuperar, ele fez. Até cirurgia no Flamengo ele fez, com o doutor José Runco. Também 2018, a nossa chegada na Viradouro foi inesquecível, juntos. Um para mim, que mudaria, ou que pudesse nem teria acontecido, 2017, Unidos da Tijuca”.

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Julinho: “A nossa cumplicidade é tanta que eu vou falar a mesma coisa. Angola arrepia. Por tudo que a gente está vivendo hoje, pela nossa causa, Angola representa muito disso. O que foi aquele enredo, aquele samba, aquele desfile meu e da Rute. Foi um presente porque a grande Rosa Magalhães tinha já desenhado uma roupa para gente, e a Rute pediu naquele ano para colocar a boneca representando o neném angolano nas costas. Foi um ano de representatividade, de fortaleza, afirmação, quarto carnaval com a Rute. Aquele ano, não foi só o desfile, mas foi a passagem, toda a preparação para o carnaval foi marcante demais. O ano de 2018 foi maravilhoso na chegada a Viradouro, mas aí, eu vou discordar, não acho nem o ano do campeonato, mas para mim foi o segundo ano, 2019, o primeiro ano de retorno da Viradouro no Especial, a gente estava retornando, o renascer das cinzas como ela falava e a gente fazendo parte desse projeto, a Viradouro foi a segunda escola a desfilar no domingo, a gente pegou chuva, pista molhada, mas a gente estava com uma energia, uma áurea. Aí falando de 2017, que não foi um ano, um processo, uma passagem feliz. Nesse ano até o carnaval de 2017, eu e Rute passamos por muitas dificuldades, muitas intempéries até o momento daquele Carnaval de 2017. Mas, em 2019, Deus mostrou para gente que a gente poderia confiar nele, que tudo que a gente passou nos preparou para aquele momento de glória”.

Fora da dupla, qual o desfile inesquecível que participaram?

Rute: “Fora da dupla, inesquecível meu, foi minha estreia na São Clemente. Primeiro ano, como primeira (porta-bandeira) já, ali na São Clemente, uma escola tão potente, em 1997”.

Julinho: “Como a Rute tem uma memória muito boa da estreia como porta-bandeira, eu também tenho da minha dançando com a minha madrinha Vilma (Nascimento), carnaval de 1990, porque era um sonho que eu tinha de criança, de dançar com ela, e ela já tinha deixado de dançar. E, eu alimentava que um dia eu ia dançar com ela, mas não sabia de que forma, e de repente, ela volta a dançar e naquele processo eu já estava segundo mestre-sala e consegui realizar meu sonho”.

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Uma das maiores surpresas do carnaval foi quando vocês aceitaram sair da Tijuca para ir para Viradouro no Acesso. Como isso aconteceu?

Rute: “ Na verdade, nós fomos dispensados da Unidos da Tijuca, com muito carinho, com muito respeito. Eu nunca vi o seu Fernando Horta tão emotivo. Quando ele conversou com a gente para dispensar a gente, ele se emocionou e falou que nunca tinha trabalhado com um casal tão humano quanto a gente. Foi entendido da nossa parte. E, o que pesou mais, foi a gente poder dançar juntos. Porque tinha escola do Grupo Especial que me queria e não queria o Júlio. Tinha escola do Especial que queria o Julinho e não me queria. A gente não queria se separar”.

Julinho: “Desde o primeiro momento, os Marcelos (Calil), a forma como eles nos receberam, a forma como eles conversaram conosco, a forma humana desde então que eles nos tratam. Não é só uma relação de gestor, existe sim, a questão da gestão, do profissionalismo, mas a questão humana, a preocupação do ser humano, isso tem funcionado com escola. Na época pela escola estar buscando um resgate, e a gente estar buscando algo novo, que nos renovasse. Juntou o útil com o agradável”.

Já ouvimos vocês falarem e muito do carinho e cuidado da Viradouro com vocês. Como vocês podem detalhar isso para o público o que é feito para vocês estarem tão bem na escola?

Rute: “Somos muito felizes na Viradouro, e costumo falar que a situação da Viradouro me deixa feliz, mas ao mesmo tempo triste, porque com 25 anos como porta-bandeira, há quatro anos que eu tenho o respeito, que eu tenho o que eu preciso, que eu tenho a estrutura que eu tenho na Viradouro. É triste saber que uma coisa que era para ser comum, seria normal, não é. A nossa classe sabe o quanto é difícil você ter uma estrutura, você ter uma voz, você ser respeitada na sua escola”.

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Julinho: “Foi no momento certo que a gente veio para escola, esse momento de resgate que eles queriam e conseguiram, de resgatar a alegria do componente, de retornar e conseguir um campeonato. E, a gente fazer parte desse projeto, e saber que eles (os Marcelos Calil) queriam e contavam conosco, foi maravilhoso. Os segmentos da escola receberam eu e a Rute com um carinho enorme e acho que é recíproco, nós, a partir da gestão da escola, já chegamos super felizes na escola, querendo dar o nosso melhor. A gente tem uma relação muito forte com a escola e o Marcelo costuma a dizer para nós ‘esse povo ama vocês’, claro que também com outros segmentos da escola, mas falando de nós dois, os componentes eles dizem que o povo se identificou muito com a gente, com a simplicidade, com a maneira como a gente chegou. E tendo tudo isso, dessa forma, não tem outro jeito que não retribuir. E como? Com carinho, com empenho, com dedicação, com comprometimento, com seriedade, com profissionalismo. Tudo isso faz existir essa reciprocidade entre nós e a comunidade da Viradouro”.

O que vocês aperfeiçoariam no julgamento do quesito?

Rute:” Hoje eu não tenho como falar para você o que poderia ser mudado no julgamento. O que eu gostaria em particular que houvesse era uma troca, ou uma conversa mesmo, entre os casais e os jurados. Já teve a algum tempo com os segmentos, mas não foi com o casal. Era bom que a Liga propusesse isso para os casais. Para a gente entender, para a gente ouvir, para a gente se esclarecer e esclarecer também os jurados. Ia ser muito bom essa troca. Mas, exatamente o que seria mudado, não sei, talvez alguma coisa mais esclarecedora que a gente tem dúvidas, e pela dúvida, a gente acaba não fazendo, isso poderia ser esclarecido com eles”.

Julinho: “Eu acho que no quesito, hoje, é difícil. Acho que a gente se adaptou tanto à evolução do desfile, que o carnaval veio evoluindo. A gente vai aprendendo com o passar do tempo”.

A coreografia na dança tem que existir, porque é pedida, mas também é canetada se for excesso. Como vocês trabalham essa questão?

Rute: “No regulamento não se exige que tenha uma coreografia não. Os casais buscam mais esse desenho coreográfico, por a gente já ter um tempo certo para entrar, ter um tempo certo que normalmente é de uma passada do samba para estar se apresentando. A gente faz um desenho coreográfico em cima disso, para ter um elemento a mais, para o casal se diferenciar. Isso é mais para o casal poder oferecer algo diferente, uma cereja do bolo. Não que isso seja exigido”.

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Julinho: “A impressão que eu tenho, neste período que eu venho desfilando como mestre-sala, é que se aumentou a exigência no sentido de que a performance, hoje, é uma performance que você, às vezes, tem que ter uma maturidade para você atingir um grau de performance, e ao mesmo tempo, a naturalidade que pede a dança tradicional de um mestre-sala e porta-bandeira. Quando a gente tenta fugir um pouco desse tradicionalismo, pode ocorrer em detrimento dessa questão tradicional da dança, que você perde a dança, a harmonia, o sorriso. Isso é uma maturidade que vem com o tempo. Eu não sei até onde que essa questão que é mais subjetiva do quesito, a exigência a esse ponto, tenha esse tipo de preocupação, e possa ocorrer isso em detrimento da naturalidade que as pessoas esperam”.

Como funciona com vocês o processo de produção da fantasia para o desfile? Hoje, os jurados tiram pontos por saias curtas e etc. Qual análise de vocês sobre o peso do julgamento na hora de avaliar também o figurino, além da dança?

Rute: “Essa situação da altura da saia, é uma coisa que não diz no regulamento, mas que a gente sabe que é pontuado. Seria uma das coisas legais para serem conversada com os jurados e até se for o caso a Liga botar no regulamento, uma altura permitida, porque acaba com isso. E voltando aquilo que a gente falou do que a Viradouro proporciona, a gente tem uma voz, a gente é consultado. Desde onde confecciona a nossa fantasia, a gente pode escolher um ateliê que a gente confia. Até mesmo a elaboração. Eu lembro esse ano, que quando foi escolhido o enredo, aí eu já pedi para os carnavalescos ‘ não me bota de colombina não, por favor’ (risos). Tem esse carinho, tem esse respeito, e a gente aqui tem voz”.

Julinho: “A gente tem uma entrada, uma abertura. Os ‘Marcelos’ participam, a direção de carnaval participa, os carnavalescos participam e nos dão abertura. Não que a gente decida o que vai ser. Porque isso não é papel nosso. Mas, perguntam, ‘e aí, o que vocês acham? ’, ‘gostaram? ’, ‘precisa mudar alguma coisa? ’. Ouvir isso e ter esse carinho é muito importante. Não é a estrutura de fazer a roupa mais bela, mais rica, com os melhores materiais. Não é essa a questão. A roupa tem que estar adequada para a gente realizar. A gente se prepara ao longo do ano, fisicamente e mentalmente, e a gente precisa que a roupa esteja embutida nesse processo”.

Vocês capricham nos figurinos de ensaio de quadra, rua e até os técnicos no Sambódromo. É uma forma de agradar ao público também?

Rute: “Primeiro assim, eu gosto. Eu trabalho com figurino, eu faço figurino para teatro. E, isso não é o Júlio e a Rute, são dois personagens, o mestre-sala e a porta-bandeira. Sempre que possível, e a escola também permite, porque não é uma coisa fácil e nem barata, é uma coisa que exige ter recursos. Então, sempre que tem oportunidade de a gente fazer, a gente pesquisa, a gente pergunta. Eu meio que já pergunto para ele (Julinho) determinando, não dou muita confiança (risos). Eu tenho o carinho de pensar uma coisa bacana para ele. E, ele também vem com ideias bacanas”.

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Julinho: “É um comprometimento que a gente tem primeiramente um com o outro e em seguida com a escola. A gente tem noção do que a gente representa. Nós somos meio que o cartão de visitas da escola porque a gente protege e porta o símbolo maior de uma agremiação. A Rute, enfim, moda, quando ela já tem as ideias, ‘vamos fazer uma roupa assim? ’, eu já fico “tá bom, vamos fazer” (risos). E a Rute tem umas sacadas, umas ideias muito legais. E a gente tem esse comprometimento de estar bem vestido porque isso faz parte das obrigações de um mestre-sala e uma porta-bandeira. Mas, o bem trajado não quer dizer que você não possa usar algo original, algo pertinente a dança ou ao enredo”.

Muitos casais estão optando por bandeiras menores, facilita na dança e a bandeira fica quase sempre esticada. Como é a de vocês? E o que pensam sobre o tamanho das bandeiras?

Rute: “O tamanho da minha bandeira é o tradicional, eu tenho medo de diminuir alguma coisa assim, porque desde que eu comecei foi sempre esse tamanho, e em time que está ganhando não mexe, independente de notas, a gente mantém. Mas, eu acho que cada uma tem o direito e deve adequar, se é permitido, se não tem essa obrigatoriedade também que não tem no regulamento, acho que cada um deve, tem o direito de adequar a bandeira ao tamanho que for melhor para a porta-bandeira. Porque já é o peso, já é a roupa, a tensão do momento. Não vai ser o tamanho do pavilhão que vai significar o respeito ou a dança”.

Julinho: “Já tem essas questões de chuva e vento também. Eu acho que a porta-bandeira tem que ter esse livre arbítrio para poder desempenhar a função dela da melhor maneira. Agora se ela vai adequar porque a bandeira é um pouco menor ou um pouco maior, ou se é mais ou menos rígida, acho que isso não vai fazer diferença. O que vai fazer diferença é o girar dela com a bandeira. É a bandeira desfraldada. A gente, mestre-sala, sempre pensa também em estar se adequando, porque ela está carregando uma fantasia que tem um diâmetro, tem determinado peso, e ainda tem a questão da bandeira, vento, chuva, e a gente precisa procurar facilitar a vida delas”.

Estamos vendo grandes revelações chegando como porta-bandeira e mestre-sala. Acreditam que o quesito está bem resguardado pelos próximos 10 anos?

Rute: “Eu sinto que meio que mestre-sala e porta-bandeira tem uma época que surge, novos talentos, tem uma época que dão uma parada, que não surge tantas pessoas novas. O que eu fico mais feliz com isso, é poder estar vendo tantos projetos de mestre-sala e porta-bandeira nas escolas, no Manoel Dionísio, no Minueto, da Viviane, e do Tio Galo. Isso é muito legal, e ver as crianças querendo, almejando, isso sim faz com que a gente veja que a nossa arte, a nossa classe vai perdurar e vai estar sempre tendo renovação. Porque as crianças e as galerinhas estão procurando. E vejo também que os veteranos estão dando conta, estão correndo atrás e fazendo o dever de casa, estão se cuidando”.

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Julinho: “Eu acho que o carnaval está bem, eu vejo que futuramente teremos grandes mestres-salas e porta-bandeiras. É óbvio que isso depende de uma série de fatores. Por mais que se tenha grandes valores surgindo, não é só a questão do ser enquanto se está dançando, tem uma série de questões, de comportamento, de responsabilidade, que isso vai formar e vai trazendo maturidade, e vai dar longevidade a carreira de um mestre-sala e de uma porta-bandeira. Mas, eu vejo sim talentos no Grupo de Acesso, no Grupo Especial, dos que estão surgindo, dos que já estavam mais tempo, eu vejo um momento muito gratificante para o quesito ou segmento”.

Por fim, o que significará para vocês quando entrarem na Avenida defendendo o bicampeonato consecutivo da Viradouro após dois anos sem desfiles?

Julinho: “Eu estou achando que esse vai ser o carnaval dos carnavais. Eu acho que vai ser, pela expectativa que está sendo gerada nos próprios sambistas. Eu acho que para nós, vai ser um carnaval muito diferente, porque todas as escolas, todos os componentes vão entrar emocionados, extasiados, eu acho que não vai ter aquela escola de ‘precisamos de um algo mais para escola entrar’, ou porque o samba não encaixou, ou porque aquele enredo não foi esperado. Acho que isso não vai existir no carnaval, não só no Grupo Especial, como em todos os grupos. Eu acho que todo componente, aquele sambista, aquele desfilante que entrar na Avenida, ele vai se emocionar, independente do grito de guerra, do aquecimento da bateria. Quando ele se ver diante de tudo que ele passou e continua passando, as atrocidades que estão acontecendo que a gente está vendo no mundo e todo esse processo, essa dificuldade que o carnaval está enfrentando para acontecer, então, isso vai mexendo com as pessoas de uma forma que quando o sambista estiver ali e ver ‘caramba, é carnaval de fato’, eu acho que não vai ter um componente que não vai entrar com um gás a mais, e não vai ser necessário pedir isso”.

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Rute: “Vai ser o desfile da emoção como o Julinho falou. O que eu discordo do Júlio, é que todas as escolas vão passar bem, e não vai ter ‘a escola’. Eu ainda acho que vai ter a escola, ainda vai ter o samba, o samba da ‘carta’. Acho que o samba da carta vai ser o samba do carnaval. Acho que ainda vai ter esse diferencial. A bateria, o casal, vai ter porque somos humanos, porque ali é um momento, porque por mais que todo mundo ensaie, todo mundo se prepare em todos os quesitos, tem aquela situação, tem aquele momento, tem aquela fantasia que vai fazer a diferença. Mas vai ser muito emocional. E todo mundo perdeu alguém, e a gente quando entrar ali vai ser por eles, mas por nós também, porque a gente sobreviveu, então vai ser muito vitorioso. A gente vai ter que controlar muito isso. E a Viradouro particularmente está trabalhando muito, porque é a escola a ser superada pelo título do último campeonato, é a escola que está mantendo há dois anos o título e agora a gente quer manter mais para poder viver tudo aquilo que uma campeã vive e a gente não viveu por conta da pandemia”.

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