Ao se tratar de futuro, a Mocidade traz o presente e suas tecnologias. A inteligência artificial também está no enredo. No setor 4 “Conexões Planetárias”, a escola questiona a relação do homem com a tecnologia, as dependências da máquina, a crença de que uma vida automatizada consegue superar as adversidades da natureza.
Com a alegoria “A Inteligência Artificial Desafia O Pensador”, a Mocidade faz um alerta questionando onde o pensamento humano chegará com o uso massivo de inteligência artificial. Pontuando a ausência de pensamento crítico e a falta de ética.
Colocando o questionamento de “quem pensa é o homem ou a máquina?” como o grande dilema do mundo contemporâneo, o carro veio com diversos robôs em posição pensativa e um cérebro no meio da alegoria, simbolizando essa relação conflituosa entre o ser humano e a tecnologia.
As componentes da alegoria, chamadas “Conexões Veredas”, representavam a crescente interação entre o homem e a tecnologia e destacaram ao CARNAVALESCO o tom crítico e reflexivo da obra.
“Esse carro é perfeito, a fantasia está incrível, muito linda. Somos uma crítica e um alerta ao uso da inteligência artificial e da tecnologia. Pois, até certo ponto a IA nos beneficia, mas tem que saber ser usada. Dependendo da forma como ela é usada, ela pode atrapalhar mais do que ajudar. Eu acredito que o ser humano pode se tornar dependente do pensamento gerado pela IA. Eu até uso, mas pouco, sempre com moderação”, contou a estudante de publicidade Letícia Altina, de 21 anos e que há 3 desfila na Mocidade.
“Somos mais um carro muito futurístico, as cores vão brilhar demais no desfile. Ele vem falando do uso da inteligência artificial, além da relação da tecnologia com o meio ambiente, questionando como vai ser daqui para frente com a IA entrando na nossa rotina cada vez mais. Eu acredito que o uso de toda a tecnologia tem que ser muito dosado, mas eu não repúdio nenhuma tecnologia, porque isso fez a gente chegar até onde a gente está hoje, seja na educação, na ciência, que são áreas muito importantes. Mas sem um controle podemos nos tornar dependentes. Se não tiver uma legislação boa e um órgão representante regulamente isso, iremos ter problemas. Tanto que agora está proibido o uso de celulares em escolas, porque isso tem um grande impacto social. Eu faço uso de IA, porque faço faculdade e algumas pesquisas a gente consegue com uma rapidez fazendo o uso. Mas tem coisa que só se consegue realmente lendo e pesquisando”, disse a estudante de economia, Fernanda Lopes, de 20 anos, há 3 como componente da escola.
É perceptível que a alegoria fez com que as componentes refletissem sobre o uso de IA no seu cotidiano, o carro sendo composto majoritariamente por jovens universitárias, deixa nítido que a mensagem foi entendida.
“O nosso carro ele vem criticando inteligência artificial, tanto o carro, quanto o desfile todo é uma crítica de que a gente tem que olhar para o nosso passado, para enxergar o nosso futuro. Tem coisas que somente o ser humano pode dar para outros seres humanos. E isso não vai ser substituído por inteligência artificial ou qualquer outro tipo de tecnologia”, pontuou Ana Luisa Ribeiro, estudante de direito de 21 anos, que desfila há 5 anos pela Verde e Branco.
Também houve críticas, agora em tom político, em outra alegoria da Mocidade. O tripé “Jogos Vorazes Do Terceiro Milênio”, relembrou a alegoria “Diversões eletrônicas” do garoto jogando vídeogame do enredo de 1993: “Marraio, feridô sou rei”, a imagem é emblemática por advertir para os perigos da alienação provocada pelos jogos eletrônicos. O tripé de 2025 trouxe dois robôs jogando um jogo de luta, no qual os lutadores são pessoas influentes, na política e na tecnologia.
“Como todo o enredo, o Renato e a Márcia, que nos deixou, fazem releituras de obras que foram sucesso em carnavais feitos por eles no passado. O carro do robô jogando videogame é uma alusão ao menino que joga videogame de 1993. E agora, no ano de 2025, a gente traz uma proposta de um jogo que se chama “Combate Tecnológico”, onde tem a disputa pelo poder, pela força da tecnologia no mundo, primeiro representando grandes potências como Estados Unidos e China, nas figuras de Elon Musk e Xi Jinping. A gente também traz outros grandes homens das big techs como Mark Zuckerberg, Lou Fuli, que despontou através da inteligência artificial Deep Seek da China, e Jeff Bezos da Amazon. E a gente faz uma brincadeira de carnaval, com os nomes abrasileirados para cada um deles. Elon Musk como Elias, Xi Jinping como Chico, Luo Fuli como Luana, Jeff Bezos como Jefferson e Mark Zuckerberg como Marcos. E eles lutam num cenário de um Rio de Janeiro futurista e distópico e o árbitro desse combate é ninguém mais, ninguém menos que o próprio carnavalesco Renato Lage”, contou o criador da projeção, Felipe Machado, de 31 anos.
A Mocidade, com sua abordagem crítica e futurista, buscou provocar reflexões profundas sobre o impacto da inteligência artificial na sociedade. O enredo destacou tanto os benefícios quanto os desafios desta tecnologia, questionando até que ponto ela pode substituir a essência humana. Com criatividade e um olhar atento para o futuro, a escola reafirmou o papel do carnaval como espaço de debate e conscientização.