Com mais de três décadas de trajetória conjunta sob o pavilhão da Beija-Flor de Nilópolis, Claudinho e Selminha Sorriso se tornaram mais do que um casal de mestre-sala e porta-bandeira: são memória viva, referência estética e elo afetivo entre gerações de torcedores. Para quem cresce acompanhando a escola, é praticamente impossível imaginar a azul e branca sem a presença dos dois na avenida.

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Foto: Thais Brum/Divulgação Rio Carnaval

“Eles são o casal mais simbólico pra mim, porque eu cresci vendo eles. Já estavam lá quando eu nasci. É muito simbólico acompanhar essa trajetória desde a minha infância”, afirma Yuri Costa, 29 anos, morador de Nilópolis. Segundo ele, o entrosamento construído ao longo desses 30 anos transforma a dança em algo quase indescritível. “É como feijão com arroz, sabe? É impossível imaginar um sem o outro. É um casamento profissional, um casamento de dança”.

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Yuri Costa, 29 anos, morador de Nilópolis

O sentimento se repete entre muitos torcedores da Baixada Fluminense, especialmente em Nilópolis, onde a Beija-Flor é mais do que uma escola de samba: é identidade local, senso de comunidade e resistência cultural. Diogo Oliveira Monteiro, de 39 anos, define a experiência como um privilégio. “Para quem é da Baixada, quem é de Nilópolis, sabe o que a Selminha e o Claudinho representam pra gente. Eu não consigo pensar em Beija-Flor sem eles”.

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Diogo Oliveira Monteiro, de 39 anos, define a experiência como um privilégio

Diogo diz enxergar no casal a imagem de uma realeza preta em movimento. “Ela vem na avenida representando toda uma comunidade. Quando passa, olha a gente no olho. Está ali por nós. Isso é muito forte.” Ao imaginar um futuro em que Selminha possa ocupar a presidência da escola, ele não hesita: “Seria o auge. Ela tem potencial pra isso”.

Essa presença não se limita ao espetáculo do desfile. Para Vinicius Silva, de 27 anos, designer e torcedor desde a infância, a atuação da dupla na comunidade é tão impactante quanto na Marquês de Sapucaí. “Consegui ver a Selminha de perto em um projeto com a ala mirim da Beija-Flor. A força que ela e o Claudinho têm dentro da comunidade é algo difícil de substituir”.

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Vinicius Silva, de 27 anos, designer e torcedor desde a infância

Na avaliação dele, além da excelência técnica, o que sustenta a grandiosidade do casal é a relação de confiança construída ao longo de décadas. “O entender do passo de cada um só no olhar é mágico. A química entre eles é vital. Como torcedor da Beija-Flor, sim, considero o maior casal da história do carnaval”.

Mesmo quando o assunto é inevitável, como a possibilidade de uma despedida da avenida, a fala dos torcedores é atravessada pela certeza de que o vínculo com a escola jamais será rompido. “Um dia vai chegar. Não sei se estou preparado, mas eles não vão deixar de ser Beija-Flor. Vão passar a bandeira pra próxima geração, mas continuarão ao nosso lado”, define Yuri.

Na Beija-Flor, Claudinho e Selminha Sorriso representam mais do que excelência técnica ou longevidade na função. Eles simbolizam continuidade, compromisso e ligação profunda com o território e sua gente. A cada desfile, reafirmam o papel do casal de mestre-sala e porta-bandeira como guardiões da memória, da identidade e da tradição da escola, não apenas na avenida, mas no cotidiano da comunidade que ajudaram a construir e fortalecer ao longo de décadas, e, com isso, são devidamente reconhecidos, valorizados e aclamados.