O enredista da Viradouro, João Gustavo Melo, relembra a surpresa e a emoção ao saber que o mestre Ciça seria tema do enredo de 2026. Em entrevista ao CARNAVALESCO, ele detalha o processo de criação, comenta a repercussão da sinopse e fala sobre a parceria com o carnavalesco Tarcísio Zanon, marcada por sintonia, confiança e amizade.

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O que você sentiu quando soube que o Ciça seria enredo?

“Olha, primeiro foi um sentimento de surpresa, porque pensamos: ‘É muito inédito, como vamos fazer isso?’. Mas logo depois veio uma aceitação imediata. Primeiro encaramos como um desafio, mas rapidamente como um privilégio. Esse enredo vai ficar para sempre na história da Viradouro. Vai ser sempre inédito, sempre será a primeira vez que se homenageia um mestre de bateria ainda em atividade. A partir disso, desenvolvemos o trabalho com muito carinho e emoção redobrada”.

A sinopse do enredo gerou uma grande safra de sambas. O que você pensa do texto da sinopse?

“A ideia era fazer um texto ao mesmo tempo emotivo e direto, que entregasse o Ciça sem firulas. Muita gente poderia pensar em algo como “vai para a África”, inventar um tabu… mas não. O ponto de partida tinha que ser o Estácio, o bairro, a escola São Carlos e todas as entidades que formaram o Ciça. A partir daí, fizemos a trajetória dele. Isso foi fácil, porque podíamos pesquisar direto na fonte: o próprio Ciça, que está sempre na quadra e no barracão”.

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Existe o questionamento de o Ciça “dar” enredo ou não. O que você pensa sobre isso?

“Nós nunca questionamos isso. O que tivemos foi outro desafio: como condensar tanta história. São 75 anos de vida, 55 carnavais. É muita coisa para caber em um desfile. Esse foi o problema inicial, mas conseguimos resolver no roteiro. E estamos muito felizes com o resultado”.

A sua sinergia com o Tarcísio Zanon parece gigante. Como é esse trabalho na prática?

“O Tarcísio, primeiro, é um doce de pessoa, o que ajuda muito. Às vezes eu sou o mais estressado da equipe, mas ele mantém tudo sob controle. Eu sou apenas mais uma peça dentro do time, junto com os figurinistas, o pessoal do barracão… e todos respeitamos muito nossos papéis. Ele é extremamente generoso e, além de um parceiro de trabalho, se tornou um amigo que vou levar para a vida. Respeito demais a arte dele e corro atrás para acompanhar o que ele está pensando. Isso torna tudo muito mais fácil”.