A equipe do CARNAVALESCO ouviu quatro enredistas que trabalham nas escolas de samba para o Carnaval 2025. Eles falaram das propostas para os desfiles do ano que vem e exaltaram a festa realizada pela Liesa, em agosto, que retomou a apresentação dos enredos, e, pela primeira vez, em um evento aberto ao público, que contou com mais de 8 mil presentes na Cidade do Samba. Com apresentações de 12 minutos por escolas que seguiram a ordem inversa da colocação das agremiações no desfile de 2024, começando com a UPM, recém chegada ao Grupo Especial e terminando com a Viradouro, grande campeã do ano. A noite dos enredos envolveu dança, música, bateria, sambas antigos e até o enredo em pessoa e presente, como o Milton Nascimento encerrando a apresentação da Portela no palco. Recursos como vídeos, leituras, músicas, etc., foram usados nas apresentações, no entanto, todas as escolas se utilizaram de signos subjetivos e poéticos para falarem de seus enredos. Explicaram, mas também deixaram ideias e possibilidades no ar. De uma maneira geral, as escolas se envolveram da cabeça aos pés em suas apresentações, a Viradouro, por exemplo, colocou os seus segmentos e diretores em cima do palco na realização e encenação da apresentação do seu enredo. O expressivo público é sinônimo de que não apenas os enredistas aprovaram e se empolgaram com o evento, mas de que os sambistas estavam dispostos a ver o que as agremiações estão preparando sobre seus respectivos enredos.
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Enredista da Vila Isabel, Vinicius Natal
“O segredo de se ter um bom enredo, eu acho que é ele ter a alma da escola, é você enxergar o que a escola precisa no momento, contar uma boa história e principalmente fazer com paixão, fazer com emoção. Acho que sem você ter emoção, paixão, você não consegue fazer nada na escola de samba. A festa dos enredos é muito importante, porque você tem a aproximação das escolas de samba, não só com os sambistas, mas com a cidade de modo geral. A Cidade do Samba é um aparelho importante para a cidade, e aí você movimentar esse aparelho com o samba, com as escolas de samba, é muito importante para a cidade como um todo”, contou o enredista da Vila Isabel, Vinicius Natal.
Enredista da Viradouro, Gustavo Melo
“O bom enredo vai se construindo ao longo do tempo. Quando propõe o enredo à escola, a direção da agremiação, ela pensa como a sua comunidade vai reagir àquele enredo e tudo mais. E eu acho que essa primeira reação é com o samba. No caso aqui da Viradouro, a gente está muito feliz com a safra que a gente teve, 24 sambas, muita qualidade. Foi uma disputa linda. A festa dos enredos não era feita há uns 10 anos. Agora, a Liesa e a Rio Carnaval trazem de volta essa festa e aberta ao público na cidade do Samba com preço acessível. Uma festa do povo para o povo. E eu acho que é um grande acerto, e você viu o público foi enorme, público de grande evento mesmo”, disse Gustavo Melo, da Viradouro.
Pesquisadora de enredo da Grande Rio, Rafa Bqueer
“Acho que um bom enredo tem que ter coerência, sem perder a poesia. Acho que ele tem que ter uma coerência de pesquisa de começo e meio e fim. Como os jurados cobram, como está nos parâmetros avaliativos e, ao mesmo tempo, ter um pouco de liberdade artística, de poética, de viagem. Acho que nem tudo é só o que está no rigor técnico. Acho que a poética e liberdade artística é fundamental. Eu acho que é um ótimo momento de convidar o público para participar dos eventos de carnaval, para compreender a partir dos shows, dos espetáculos que foram pensados, as dimensões dos enredos que as escolas estão propondo para 2025 e esquentar esse lugar que é a Cidade do Samba. Claro que o povo do samba já conhece, mas que seja um convite para que mais pessoas possam conhecer, estar presente, e quem não é do mundo do samba, se apaixone e esteja aqui também. O meu trabalho é sempre junto de Gabriel e Leonardo, é um trabalhinho em equipe. E de compreender os ensaios do carimbó, os figurinos, como eu sou do Pará, todas essas leituras regionais amazônicas são questões que eu gosto de acompanhar e de estar perto”, declarou Rafa Bqueer, pesquisadora de enredo da Grande Rio.
Enredista da Mangueira, Sthefanye Paz
“O segredo de um bom enredo é a gente estar sempre trabalhando em todos os pontos dele, não só com divulgação. Tem uma série de pessoas que podem te ajudar a enxergar pontos que talvez a gente que está tão imerso às vezes no enredo não enxergue. E por incrível que pareça, a minha contribuição para a apresentação da Mangueira na festa dos enredos foi muito pouca. O diretor artístico da escola, o Fabinho, montou todo o show em cima do que a gente já tinha proposto para o enredo no lançamento. Eu acho que a festa dos enredos é um super pontapé para o carnaval. A gente tem um sorteio, festa dos enredos e agora vamos para o minidesfile. É um calendário que vai ser recheado de festas e até a gente chegar ao desfile, eu acho que vão ser momentos importantes e pontuais, para a gente poder divulgar o que estamos fazendo”, falou a pesquisadora de enredo da Mangueira, Sthefanye Paz.