Toda ala musical tem suas referências com nomes importantes que sustentam o samba-enredo durante ensaios e o desfile oficial. Um dos nomes marcantes do carnaval de São Paulo chama-se Jorginho Soares, atualmente na ala musical da Dragões da Real, Mocidade Unida da Mooca, e o intérprete oficial da Unidos de São Miguel, além de também conduzir Joia da Coroa e Vovó Bolão. Mas é na Dragões da Real na qual Jorginho Soares tem sido mais marcante, pelo tempo de casa, pelo espaço que tem tido dentro da entidade. Mas sem esquecer início na Tom Maior, passagem por Império de Casa Verde, o período na Unidos de Santa Bárbara, e até passagem no Rio de Janeiro por Caprichosos de Pilares e Inocentes de Belford Roxo.
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Relação com a Dragões da Real
Quem frequenta a Dragões da Real, uma escola jovem do carnaval paulistano em franca ascensão, percebe um personagem presente em todos os eventos. Ele é Jorginho Soares, membro da ala musical há muitos anos, e presente em todo tipo de evento da escola, além do papel na ala musical, mas também fazendo shows.
“São dez anos já de Dragões, tem uma identidade muito grande. Cantava na Unidos de Santa Bárbara, quando estava no Acesso e o pessoal da Dragões já frequentava lá e recebi o convite quando a Unidos de Santa Bárbara caiu. De lá para cá, o amor só aumenta por essa escola que eu tenho um carinho, um respeito muito grande por todos os componentes e eu sempre que eu entro nessa quadra me sinto abraçado por todos eles e aqui o meu trabalho não é só o cantor de carnaval. Eu faço todos os shows da escola, quando tem as feijoadas eu faço abertura, nos ensaios também faço a abertura e o meu pagode aqui. A diretoria da escola e toda a comunidade me abraça de uma forma gigantesca. Só posso dizer que eu tenho muito amor por esse pavilhão”.
Jorginho Soares, a voz das eliminatórias
Presente constantemente em disputas de sambas, é voz de quase todas as obras que disputam na Dragões da Real, contou como foi o desafio para o samba de 2025: “Não tenho noção de quantos sambas eu gravei e nem quantos anos eu estou defendendo. Aqui na Dragões, por exemplo, foram 18 sambas gravadas, eu gravei 17. Foram 10 sambas para o palco, eu cantei cinco na apresentação e cantei três na semifinal de cinco, eu cantei três e hoje na final dois sambas, cantei os dois sambas”.
Mas é uma voz presente em eliminatórias em outras escolas como contou: “Estou em todas as eliminatórias, de todas as escolas, tanto nas gravações quanto nos palcos. Para mim, gosto do calor humano, gosto de sentir como a escola vai reagir”.
Na safra de 2024, Jorginho esteve em mais de 40 sambas gravados. Pela sua lista enviada, foram seis na Dragões, três na Tucuruvi, dois nos Gaviões, e depois um em cada escola: Mancha Verde, Nenê, Mocidade, Vila Maria, Camisa Verde e Vai Vai, ainda teve um na Rosas de Ouro que não pode cantar por chocar com a Vila Maria. Também esteve no Águia, que acabou optando por junção e ele esteve em um dos sambas. Já teve temporada com 200 sambas gravados em estúdio. Nesta temporada dos sambas de 2025 também esteve em inúmeras quadras e revelou um pouco sobre o trabalho.
“Na verdade, os compositores confiam muito no meu trabalho. E eu acho que a minha identidade com a escola, mas em outras escolas eu também defendo vários sambas em uma final da Mocidade de cinco sambas, eu cantei três. Gaviões da Fiel no ano passado tinham quatro sambas, eu cantei dois, um deles foi campeão. Mancha Verde esse ano mesmo para 2025, de quatro sambas, eu cantei dois. A magia está na tua linha, não é nem no cantor. Eu sou suspeito de dizer primeiro que eu amo o que eu faço. E é um trabalho a mais, mas eu não penso só como trabalho. É muito importante as eliminatórias para sentir, às vezes um samba é muito bem gravado e na hora que vai para o palco às vezes não acontece. A eliminatória é necessária para o carnaval respirar”.
Toalhinha: Marca registrada
Falar de Jorginho Soares é falar de sua toalhinha girando, seja na quadra da Dragões ou defendendo um samba-enredo nas eliminatórias. É sua marca registrada com muita energia.
“A toalhinha virou uma marca realmente, eu cheguei no carnaval pelos estúdios, eu tenho uma carreira 51 anos, eu canto há 40 anos e eu cheguei no carnaval já velho. Em 2005 eu já gravei o CD do carnaval. E aí quando eu fui para a avenida eu era um desconhecido e eu cheguei na Tom Maior. Era o Maradona, um multicampeão, o Renê Sobral renomado, um ótimo intérprete. E quem é o baixinho? Ninguém sabia quem eu era. Pensei: ‘Ah, cara, eu vou fazer alguma coisa para chamar atenção e para extravasar’ foi desde aquele primeiro desfile que a toalhinha veio e aí no ano seguinte já foram eliminatórias, já fui defendendo samba, ganhei samba e sempre com a toalhinha. E hoje eu vejo várias alas, vários intérpretes girando a toalhinha, eu olho e vejo o resultado quando vários componentes da escola estão girando a toalhinha. Realmente, acabou virando uma patente nossa e o legado fica, isso que é o mais importante, é sinal que a sua marca vai perdurar. Enquanto você tiver saúde e a hora que eu partir alguém vai carregar esse legado para mim é o mais importante. Hoje eu vivo do carnaval e sustento a minha família cantando no carnaval”.
Como funciona uma ala musical e as amizades
Como é fazer parte da ala musical de uma escola, segundo Jorginho Soares: “É muita sintonia e respeito. O intérprete oficial é a cereja do bolo. Quem carrega o piano é a ala musical, não que o intérprete não seja importante, ele é a voz da escola, a voz mais importante da escola, mas quem carrega o piano é o carro de som. O intérprete pode parar e respirar, a ala musical, é lógico que a gente se hidrata, sempre combina, um olha para o outro, segura aí para tomar uma água, mas é quem carrega o piano. Por isso que todo o intérprete tem a sua ala de confiança”.
Entrosamento com intérpretes e alas musicais
Em relação ao entrosamento com intérpretes diferentes por estar em mais de uma escola, Jorginho Soares contou como funciona: “A gente chega respeitando quem está lá a partir do momento que nos convidaram, é que confiam no nosso trabalho. Chegamos para fazer um bom trabalho. Se o cara for nos abraçar melhor, mas se ele também for na dele, respeitamos e fazemos a nossa, eu sou assim e tenho muita amizade em todos os lugares por respeitar todo mundo. E sou muito bem aceito em todos os lugares. Sou feliz por isso. A energia que fez com que o meu coração esse ano quase parasse, mas não foi dessa vez”.
Onde encontramos Jorginho, além da Dragões?
Jorginho Soares deixou um recado para os intérpretes e alas musicais mirando o carnaval de 2025: “Queria desejar muita sorte a todas as coirmãs, e, principalmente, as escolas que eu trabalho. Desejo boa sorte a todas as alas musicais e a todos os intérpretes. Que Deus dê muita saúde para eles, que façam grandes carnavais e estamos aqui levando alegria, cantando, girando toalha, se faltar a voz a gente compensa no carisma e a toalha não para de girar”.