Com todos os quesitos quentes e prontos para o desfile, Mangueira fez da Visconde de Niterói baile de favela, terreiro de macumba e palco de mais um ensaio de rua empolgante e focado. Em seu penúltimo ensaio de rua, a comunidade mangueirense incorporou o samba e fez uma verdadeira festa pela Visconde de Niterói. A escola que fechará o domingo dos desfiles, sendo a quarta escola a desfilar, com o enredo “À flor da terra – No Rio da negritude entre dores e paixões”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidney França, apresentou um espetáculo na representação de tudo que o seu samba diz.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp
Da comissão à última ala, o “orgulho de ser favela” é nítido e vibrante. A escola apresentou uma animação total, era visível que o pedido do diretor de carnaval Dudu Azevedo foi atendido, a comunidade floresceu pelas vielas e festejou aos pés do morro.
Comissão de frente
Após a apresentação representativa e muito elogiada no primeiro ensaio técnico, os coreógrafos Karina Dias e Lucas Maciel seguem apresentando uma comissão aguerrida, negra e em total encontro com o enredo. A performance que enaltece a figura do “cria” segue impactando o público e passando a mensagem de resistência e poder da negritude. Além dos aspectos técnicos, como uma coreografia muitíssimo bem ensaiada e alinhada entre os componentes, a apresentação é didática e impactante, a visão que se tem é de que só falta o figurino e o quesito está pronto para o desfile.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Se tem um trecho do samba enredo que possa descrever o casal da Mangueira, “Força de Matamba” é o mais apropriado. Matheus Olivério e Cynthia Santos fizeram uma belíssima apresentação, a sincronia do casal é exalante, tudo se encaixa, tudo funciona e tudo se encontra. Mas nesse ensaio a postura de ambos foi totalmente diferente entre eles.
Matheus, com o cabelo descolorido, apresentou em seu bailado uma figura malandra e descontraída, já Cynthia performou uma força descomunal, sisuda e aguerrida. Podemos especular que seja um spoiler para o que teremos no desfile ou apenas uma performance especial para o ensaio. Mas é inegável que o efeito causado chama a atenção e vai de encontro com o enredo. Foi interessante assistir o casal apresentando a mesma coreografia, mas com papéis diferentes, há versatilidade no pavilhão verde e rosa.
Harmonia
Com um chão forte e uma comunidade interpretando o samba de maneira visceral, a Mangueira passou de forma excelente pela Visconde de Niterói. O canto passou alto e uniforme por todas as alas, as coreografadas desempenharam muito bem suas coreografias levantando a passagem da escola. Mas o destaque fica para as alas comuns, que, inegavelmente, entenderam a letra do samba e o objetivo do enredo. A Mangueira estava em festa.
Evolução
Apesar da passagem pulsante e aguerrida da escola, não houve problemas no circuito. As broncas dos harmonias e coordenadores de alas, comum em todas as escolas, não foi notada de forma demasiada nesse ensaio da Mangueira, a percepção é de que a comunidade já sabe o que tem que fazer na Sapucaí, todas as alas ensaiaram de maneira solta e descontraída, convidando o público para interagir com o samba e a bateria, que com suas bossas, brinca muito com os componentes. A escola ensaiar na Visconde de Niterói foi o maior acerto dessa temporada de ensaios de rua da Verde e Rosa.
Samba-enredo
Se ainda houver críticas acerca do samba da Mangueira, a comunidade desconhece. O samba é cantado da primeira palavra até o último verso. Nos apagões da bateria e do carro de som, a comunidade chega junto e não deixa o canto cair.
Ao fim do ensaio, o diretor de carnaval Dudu Azevedo avaliou o desempenho da escola em seu penúltimo ensaio de rua.
“Hoje foi uma emoção danada, a gente fechar o domingo aqui nesse período de Visconde de Niterói foi lindo. Tecnicamente a Mangueira é uma escola que está fazendo os últimos ajustes, a gente sempre tem ajustes, a gente sempre bate papo, agora mesmo a gente estava reunido e amanhã tem reunião no barracão como toda segunda-feira. A Guanayra deu para nós uma rua do tamanho da Marquês de Sapucaí, com a mesma distância entre as cabines de jurados e a gente conseguiu realizar ensaios próximos do que tem que ser feito na avenida. Aqui a gente vê o tempo de chegada da comissão, aqui a gente vê a evolução do componente, a gente vê a evolução da escola, a gente vê a comunicação nossa no rádio. É um grande treinamento num campo com as medidas oficiais, então tecnicamente estamos nos últimos ajustes”, contou o diretor.
Outros destaques
“É dela o trono onde reina o samba”, este trecho descreve a rainha Evelyn Bastos que, como sempre, reina absoluta à frente da bateria e cativa todo o público presente. A pista foi invadida por um grupo grande de crianças que correram abraçar e dançar com a Evelyn que interagiu com eles até o fim do ensaio, ela reina!
Outro ponto sempre relevante é o público presente no ensaio, que faz do encerramento uma festa, comprovando que a Visconde de Niterói é o lugar ideal para a Mangueira ensaiar.