A Unidos do Viradouro surpreendeu o mundo do samba ao anunciar, na noite desta terça-feira, que seu enredo para o Carnaval 2026 será uma homenagem a uma das figuras mais emblemáticas da história do carnaval carioca: o mestre de bateria Ciça. Emocionado, o homenageado recebeu a notícia durante a festa de lançamento, e, em entrevista ao CARNAVALESCO, não conteve a emoção ao comentar a escolha.
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“Soube na hora aqui. Não tinha noção do que seria. Sempre brinquei com o Tarcísio (Zanon, carnavalesco) no barracão, desde o ano passado, com aquelas piadinhas: ‘Você rende um enredo, hein?’. Era uma brincadeira, mas virou realidade. E eu atuando como mestre de bateria… isso não tem preço. É a minha família. Me emociono muito”, revelou Ciça, visivelmente emocionado.
A homenagem acontece em um momento simbólico: em 2026, Ciça completa 70 anos de vida e 30 como mestre de bateria. Ele, que atualmente comanda a bateria da Viradouro, coleciona passagens marcantes por escolas como Grande Rio, União da Ilha e Estácio de Sá. Reconhecido pelo seu rigor técnico e paixão pelo ofício, Ciça é um dos nomes mais respeitados do carnaval.
“Essa comunidade de Niterói me adora. Eu sei disso. Sou muito querido. Farei 70 anos. Ser homenageado assim é uma vitória pessoal. Eu durar, estar 30 anos no carnaval como mestre de bateria… falta até palavra num momento desses”, desabafou.
Aposentadoria? Ainda é tema indefinido
Durante o bate-papo, o mestre também fez questão de agradecer aos dirigentes da escola. “Tenho que agradecer ao Marcelão (patrono), Marcelinho (Calil, diretor-executivo), toda a direção da escola, do porteiro até o nosso patrono. Na pandemia, então, foi um momento muito difícil. E a Viradouro foi fantástica comigo”.
Quando questionado sobre o futuro, Ciça revelou que pensa na aposentadoria, mas ainda com cautela. “Eu penso em me aposentar. Setenta anos… não sei. A saúde vai ditar o meu ritmo. Mas é um pensamento que está amadurecendo em mim”.
Para o desfile que levará sua trajetória para a Marquês de Sapucaí, o mestre já sabe o que não pode faltar. “Não pode faltar as paradinhas! Quem sabe até algumas lá de trás. E claro, o meu surgimento como mestre de bateria, onde eu comecei, a Estácio, as escolas por onde passei… isso tem que estar presente”.
Um dos momentos mais tocantes da entrevista foi quando falou do irmão, Belôba, músico e companheiro de vida. “Ele teve doente agora e graças a Deus se recuperou. É o único que eu tenho. Cuido dele, ele cuida de mim. Com certeza já deve ter me mandado mensagem dizendo: ‘Você é enredo, cara! Do Grupo Especial!'”.
Ao final da entrevista, a frase que sintetiza toda a emoção de uma vida dedicada ao samba: “Valeu a pena ser sambista. Valeu ser chato, porque eu sou profissionalmente. O primeiro a chegar, o último a sair. Valeu tudo. Esse é o maior título da minha vida”.
Com um dos maiores nomes da história do carnaval como tema, a Viradouro promete um desfile histórico em 2026. Sob a assinatura do carnavalesco Tarcísio Zanon, a expectativa já é enorme. Afinal, homenagear o mestre é também reverenciar o samba.