Após 20 anos, a Unidos da Tijuca fez seu ensaio de rua na Conde Bonfim, na mesma Tijuca, no último domingo. A escola do Borel, que atualmente tem realizado seus treinos na Zona Portuária, viveu um clima de saudosismo e reencontro com a raiz de seu bairro. Com forte calor e muita gente na rua para ver o Pavão passar, o destaque deste último ensaio foi a tranquilidade da evolução da escola e a leveza do casal de mestre-sala e porta-bandeira. A Unidos da Tijuca será a primeira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval (3 de março) com o enredo “Logun-Edé: Santo Menino que velho respeita”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira.

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O ensaio de rua que tomou ares de reencontro com os moradores dos prédios da Conde de Bonfim, que não viam um ensaio do Pavão do Borel de suas janelas há pelo menos 20 anos. Muitos daquele público dos andares superiores sequer tinham nascido quando Wantuir passou cantando o samba que seria vice-campeão do carnaval. Na pista, nas calçadas, muita gente querendo levar para casa um vídeo desse reencontro ou simplesmente da beleza do samba dos passistas e das musas.

“O presidente Fernando Horta já queria em outros anos fazer essa volta. Aí neste ano, a escola está com uma energia diferente. Aproveitamos o momento e viemos para cá e mês que vem estaremos aqui de novo. Para mim, foi recordar, que já fiz muitos anos de Tijuca aqui. Você vê pela felicidade das pessoas. Tem muito componente que talvez nunca tenha ensaiado aqui. E todos estão felizes”, comemorou o diretor de carnaval Fernando Costa.

Estava muito calor. Mas, isso não foi desculpa para que comunidade não cantasse o samba. Para ajudar que o público e componentes não perdessem o canto ou deixassem de entoar a letra do “Samba da Anitta”, a patrocinadora distribuiu leques com a letra do samba-enredo. Ainda bem que os tijucanos têm a composição na ponta da língua, porque o leque precisou ser usado para a sua função original. Tão quente, que para evoluir bem, era preciso secar o suor do rosto. Sorte que não faltaram ambulantes para refrescar os componentes com bebidas geladas. E eles estavam merecendo, já que se esforçaram para darem à Tijuca, um ensaio de qualidade.

“Sinceramente, achei que teríamos problemas com a quantidade de pessoas beira da pista, mas fluiu legal e não tivemos muitos problemas. Um pouquinho no carro de som, mas no geral foi normal. E sempre tem o que melhorar. A gente filma e assiste. E vai vendo alguns detalhes e consertando”, avaliou Fernando Costa. O problema no carro de som em questão, não afetou o cantar da escola, sustentado o tempo inteiro pela comunidade.

Comissão de frente

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Fotos: Allan Duffes/CARNAVALSCO

O quesito comandado pelas coreógrafas Ariadne Lax e Bruna Lopes apresentou o trabalho que foi estreado no desfile me homenagem ao Dia Nacional do Samba. No número, 11 componentes fizeram os movimentos que terminaram com a abertura da saia do 12º segundo integrante, que representava Logun-Edé. Ariadne contou ao CARNAVALESCO que este é realmente um ensaio de elementos que serão levados para a avenida e que não poderia dar mais detalhes para, segundo ela, não estragar a surpresa. Pelo sincronismo do grupo e pela qualidade da dança apresentada, a dupla de coreógrafas deve ter terminado o ensaio satisfeita. Foi uma ótima apresentação.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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Integrados com o final da apresentação da comissão de frente, Matheus André e Lucinha Nobre são recebidos pelo componente que representa Logun-edé. A partir disso, começa a apresentação do casal. Já de início a clássica bandeirada da Lucinha, que vai girando até a frente do módulo de jurados. Matheus a acompanha, com passos laterais, mas virado de frente para ela. Durante a apresentação, sincronia em alta e muita suavidade na dança. A coreografia aplicada ao samba é intregrada à dança tradicional do casal, com destaque para os passos executados por Matheus no verso “montei no cavalo-marinho” e no segundo canto do refrão principal, ao final do número. O primeiro casal da Tijuca, no ensaio desta noite, repetiu as ótimas apresentações que vêm fazendo.

Harmonia

Apesar do calor estupendo, ainda que precisaram ensaiar se abanando com o mesmo leque que continha a letra do samba, e mesmo tendo que cantar enquanto secavam o suor do rosto, os tijucanos tiveram um bom canto e o quesito foi bem cumprido. O destaque ficou para as alas que estavam atrás da bateria que cantaram um pouco mais que as alas à frente do time do mestre Casagrande.

Samba-enredo

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A obra de compositores de alto padrão (Anitta, Estevão Clavatta Feyjão, Miguel PG, Fred Camacho, Luiz Antônio Simas, Gustavo Clarão e Diego Nicolau) tem conduzido os ensaios da Unidos da Tijuca sem cair no andamento e nem no canto. A atuação do carro de som faz o samba ser empolgante e a Pura Cadência, bateria comandada pelo mestre Casagrande, permite que a audição do samba-enredo seja ainda melhor. Ainda que o refrão principal seja motivo de agitação das alas, trecho cantado em volume muito alto é o refrão do meio.

Evolução

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Todas as alas possuíam uma coreografia em comum: o abanar de leques. E até que isso deu movimento às elas e deixou a escola com um balançar diferente. As alas tiveram uma passagem correta pela Conde de Bonfim, sem preocupar a direção da escola. A entrada da bateria no recuo foi realizada com extrema tranquilidade.

Outros destaques

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Presente à frente da escola, Juliana Alves foi pura simpatia para atender aos seus fãs que pediam fotos e vídeos a todo momento. Muito querida, a atriz e ex-rainha da bateria da Tijuca, é reverenciada pela comunidade inteira. As alas coreografadas esqueceram que estava muito calor e capricharam na apresentação no ensaio. Com adereços de mãos, elas foram uma empolgação a mais ao longo do ensaio.

Terminado o ensaio saudosista na Conde de Bonfim, o Pavão do Borel volta à Via D1, onde tem feito seus treinos de rua. Estará no local da última noite, de volta em 9 de fevereiro. No próximo sábado, 25, o compromisso é no Sambódromo para o primeiro ensaio técnico da escola. Para o desfile, o diretor de carnaval Fernando Costa disse estar confiante em um grande trabalho.

“A gente vem de resultados não muito bons, tirando 2022, que eu acho que a gente merecia uma coisa bem melhor. Mas a gente não está acostumado a isso. A gente veio de resultados sempre bons. Nesse ano, o enredo, o samba, tudo está fluindo para fazer um desfile maravilhoso. O nosso barracão está maravilhoso. A gente está quase pronto. Faltam alguns detalhes”.