Os coreógrafos da comissão de frente da Grande Rio, Hélio e Beth Bejani, na escola desde 2019, conversaram com o CARNAVALESCO, diretamente da quadra da agremiação, em Duque de Caxias, durante a final do samba-enredo, sobre a expectativa para o Carnaval 2026, que marca o primeiro ano do carnavalesco Antônio Gonzaga (ex-Portela) na tricolor de Caxias. Junto com a dupla Gabriel Haddad e Leonardo Bora, atualmente na Vila Isabel, o casal Bejani foi responsável por imagens icônicas entre 2020 e 2025, como a dança que brilhou no escuro no enredo de 2024, aproveitando o elemento da iluminação cênica.
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O bate-papo se iniciou com uma recapitulação do trabalho da dupla de coreógrafos no Carnaval 2025, quando, sob o enredo “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, os Bejani trouxeram uma encenação da história das princesas turcas Mariana, Jarina e Herondina. No conto, elas viajam de barco para o Pará em fuga de guerras religiosas em sua terra natal e naufragam no rio, transformando-se em entidades hoje cultuadas no tambor de mina local. A apresentação se destacou por desacoplar parte do tripé em forma de barco, revelando uma mandala inspirada em um desenho de igarapés presente no piso do Theatro da Paz, em Belém.
“A gente realizou mais um projeto desafiador, como todo ano. Fomos com uma inovação na questão de ter uma alegoria que se dividia e encerrava a apresentação no chão. Fomos sem saber se isso ia funcionar ou não, mas acreditamos muito no projeto. Foram 40 pontos, então ficamos muito felizes e o saldo foi mais que positivo”, disse Beth.
“O principal pensamento que nós tínhamos, depois de toda aquela comoção da Onça, era fazer algo não diferente, mas diferenciado. Desacoplar um carro foi bastante arriscado, muito trabalhoso, mas o resultado foi bacana, acima de tudo, por conta da reação do público”, contou Hélio.
Após os desfiles deste ano, a temporada carnavalesca prosseguiu, como sempre, com o anúncio das equipes de cada escola para a próxima temporada. Foi revelado, nesse período, que os carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, que fizeram história nos últimos seis anos em Caxias com cortejos sobre Joãozinho da Goméia (Tatá Londirá), Onça e Exu, não estariam mais na agremiação. Hélio e Beth, no entanto, permaneceram na casa.

“Por conta dessa grande amizade que a gente criou com o Gabriel e com o Léo, rolou um luto pela separação, mas a gente está muito bem na Grande Rio. A gente é acolhido pela comunidade, pela escola como um todo, pelos segmentos e profissionais que aqui estão”, dividiu Hélio.
O criador pontuou ainda que, na Grande Rio, sempre teve liberdade para realizar projetos do jeito que imagina. Depois de tantos anos de carnaval, explicou, já não sente a necessidade de ficar mudando de escola o tempo todo.
“A decisão de permanecer na Grande Rio foi bem fácil. Saímos do Salgueiro depois de 11 anos e estamos aqui há sete anos. Fomos convidados pelo Renato (Lage), em 2019. Somos muito gratos às escolas que nos acolhem”, afirmou Beth.

“Foi maravilhoso trabalhar com o Léo e o Gabi. Eles são nossos grandes amigos, são irmãos que o Carnaval nos deu, mas também estamos partindo para uma nova empreitada junto ao Gonzaga, com quem já trabalhamos no Tatá Londirá e no Exu, e que é muito querido”, complementou ela.
De fato, com a partida de Bora e Haddad para a Vila Isabel, quem ficou com a direção criativa em Caxias foi Antônio Gonzaga, após anos de parceria com André Rodrigues na Portela. Gonzaga já havia integrado a equipe criativa da Grande Rio em 2020 e 2022 como assistente de Bora e Haddad, ajudando na conquista do vice-campeonato e do título, respectivamente.
Para marcar seu primeiro trabalho solo no Grupo Especial, Gonzaga escolheu o enredo “A Nação do Mangue”, sobre o movimento artístico pernambucano manguebeat, que redefiniu o cenário musical brasileiro dos anos 1990, com nomes como Chico Science, Fred Zero Quatro e Mundo Livre S/A. O manguebeat se caracterizou pela mistura de ritmos regionais com estilos musicais contemporâneos, como rock, hip-hop e eletrônica, além da crítica à desigualdade e à exclusão social.
“É um enredo super bacana, com um cunho social muito importante. A gente já começou a trabalhar, já estamos com o projeto pré-definido. Estamos no processo de começar a juntar os profissionais”, adiantou Hélio.
“A gente vai explorar ao máximo todas as possibilidades que o enredo nos dá. Toda essa energia cultural e social do manguebeat estará conosco”, assegurou Beth.
Além do carnavalesco, outra novidade para 2026, referente à organização dos desfiles, é a alteração no posicionamento dos jurados ao longo da avenida, com duas cabines viradas uma para a outra. Com esse modelo, só serão realizadas três paradas para apresentação aos avaliadores, agilizando o desfile, mas sua concepção deverá ser pensada para visualização simultânea nos dois lados da avenida, gerando novos desafios.
“É uma decisão dos gestores do desfile como um todo, sempre uma tentativa de melhorar o carnaval. A gente agora tem que experimentar, contribuir com isso e ver como é que vai ser. Essas mudanças, para mim, não afetam muito. Já houve muitas desde que a gente está no carnaval”, analisou Hélio.
“Eu particularmente adorei, porque faz os profissionais pensarem fora da caixa. A gente já trabalha há bastante tempo, em relação à comissão de frente, para que o trabalho seja visível 360 graus e toda a avenida possa assistir. Vamos seguir da forma como já fazíamos antes”, ponderou Beth.









