Por Vinicius Vasconcelos. Fotos: Allan Duffes
O Engenho da Rainha entrou na Intendente Magalhães por volta das 2h35 da madrugada entre terça e quarta-feira de carnaval. Sendo a oitava escola a desfilar, levou para a passarela o enredo “Matamba, o sonho de uma rainha”. O tema criado pelo carnavalesco Léo Jesus contava a história de Matamba, ainda no momento que chega no Rio de Janeiro, assiste pela primeira vez os negros comemorando carnaval e se apaixona pela cidade.
Apesar do chão da escola ter se destacado faltou capricho na direção de carnaval na elaboração das fantasias. Nenhuma das alas apresentavam luxo e algumas eram apenas segunda pele realçada com alguns detalhes nas pontas das mangas. O luxo não é obrigatório, mas sempre se espera fantasias criativas com materiais alternativos. É em meio as adversidades da falta de verba que alguns carnavalescos se destacam, e isso não aconteceu com o Engenho.
Samba-enredo
O jovem intérprete Lucas Donato estava incorporado e conduziu de maneira categórica o samba da escola. Com seus padrinhos Marquinho Art Samba, da Mangueira, e Leozinho Nunes, da São Clemente, ao seu lado, o cantor mostrou toda sua potência vocal numa noite inspirada. A obra que já apresentava qualidade nos refrões principais ganhou ainda mais qualidade nas demais partes muito graças ao rapaz.
Comissão de frente
Os 11 componentes se dividiam entre 10 serviçais e a rainha. A coreografia aconteceu de forma entrosada nas cabines de julgamento com destaque para os gritos dados pelos bailarinos dando ênfase a alguns trechos da apresentação. Os gritos causavam impacto passando mais veracidade ao momento. Caminhando com a rainha, os serviçais apresentavam a ela o reino e ainda pegavam ela no colo deixando a mesma ainda mais apaixonada. Se faltava luxo na fantasia, sobrava no capricho feito na maquiagem de cada dançarino.
Alegorias
A escola optou por um pede passagem de tamanho mediano e uma alegoria que veio ao final do desfile. Fechando a apresentação o carro era imponente com palhas na base e iluminação dourada. Possuía acabamento regular e destaques com fantasias de impacto nas laterais.
Fantasias
O uso da segunda pele dominou praticamente todo o desfile do Engenho da Rainha. A bateria, por exemplo, vestia apenas calça e blusa na cor vermelha tendo nas pontas detalhes zebrados. A ausência de criatividade no quesito pode gerar grande perda de pontos para a escola.
Mestre-sala e porta-bandeira
Trajando uma fantasia com tons de azul, vieram logo atrás da comissão de frente e executaram a coreografia de maneira correta. A troca de olhares entre os dois evidenciou o entrosamento. Sem tirar os olhos da parceira, o mestre-sala soube riscar o chão e segurar o pavilhão de maneira precisa. A porta-bandeira precisou se esforçar devido o vento que passava no momento de sua apresentação na segunda cabine e conseguiu com maestria. Durante todos os rodopios dela a bandeira se manteve esticada.
Harmonia
O rendimento do samba entre os componentes foi bastante satisfatório. Como de costume, havia mais explosão nos refrões principais. Os demais trechos da composição também não ficavam esquecidos e tinham canto mediano entre as cabines. A ala atrás do tripé que vinha logo no início se destacou por cantar forte a plenos pulmões com o samba na ponta da língua.
Evolução
Durante a passagem no terceiro módulo de julgamento um pequeno módulo se formou entre a última ala e a alegoria da escola. Apesar de ter sido resolvido de maneira rápida a falha existiu. Nos demais momentos o desfile ocorreu de maneira compacta, com pequenos espaços entre uma ala e outra não deixando graves problemas acontecerem.