Por Lucas Santos, Raphael Lacerda e Nelson Malfacini
Foi uma noite épica! O retorno do “Encontro no Paraíso” teve como ponto alto a apresentação do samba-enredo do Paraíso do Tuiuti para o Carnaval 2024 que demonstrou ser uma obra já abraçada pela comunidade que mesmo com o pouco tempo de contato, festejou e vibrou bastante com o hino desenvolvido para o próximo desfile da Azul e Amarela de São Cristóvão. Antes, porém, a escola apresentou um show de pouco mais de duas horas desfilando uma coleção de sambas de muita qualidade, alguns recentes, como o icônico “Meu Deus, Meu Deus”, passando pelo “Bode Ioiô”, de 2019 , “Ka Ríba Tí Yê”, e o “Cadê o boi” do carnaval passado, entre outros. A atual campeã do carnaval 2023, Imperatriz Leopoldinense foi a escola convidada da vez e encerrou o espetáculo.
Depois de realizar disputa de sambas para os dois últimos carnavais, o Paraíso do Tuiuti voltou a uma fórmula que deu muito certo em anos anteriores, inclusive, no aclamado samba de 2018 que gerou um vice-campeonato e a melhor colocação da história da Azul e Amarela de São Cristóvão. Desta forma, para o próximo desfile, a agremiação voltou ao modelo de encomenda de samba. Os autores, já bastante conhecidos da casa, são Cláudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, Pier Ubertini e W Correia. A obra vai embalar o desfile que traz o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, do carnavalesco Jack Vasconcelos. O tema é uma homenagem a vida e história de João Cândido, marinheiro brasileiro que se empenhou na luta contra os maus-tratos, a má alimentação e as chibatas sofridas pelos colegas. O Tuiuti será a quinta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval.
“Este samba representa falar de uma história de luta, uma das mais bonitas histórias do Brasil, personagem muito forte que é João Cândido, e pela segunda vez eu estou fazendo isso. Já fiz isso na Renascer. Nós tentamos nesse samba fazer uma letra muito forte com uma melodia de fácil entendimento. Não tentamos fazer nada mirabolante com a melodia. Tentamos uma melodia mais fácil com a letra um pouco mais apurada. Eu fico muito feliz de mais uma vez ter essa encomenda no Tuiuti e eu acho que hoje eu tenho a cara do Tuiuti, e o Tuiuti tem a cara dos meus sambas. Isso é muito bom, há uma interação muito grande. O Tuiuti nunca podou a nossa inspiração. Sempre nos deu liberdade. É um toque ali, outra aqui, mas sempre respeitando a nossa criação. Eu tenho que agradecer essa confiança ao presidente Thor e a toda comunidade. Eu gosto muito do samba todo, mas me chama atenção o começo da segunda do samba que vem do ‘Meu nego, a esquadra foi rendida, e toda gente comovida’ até o ‘preferiu a traição’, isso sintetiza tudo que aconteceu com João Cândido. E depois de tudo que aconteceu, o governo traiu ele com a falsa promessa de anistia”, explicou o compositor Claudio Russo.
“A emoção é muito grande, fazer um samba de novo para o Tuiuti, um samba desse, para esse enredo, um samba esperado pela comunidade, feito para a família Tuiuti. E o Claudio Russo, esse grande parceiro do samba, nossa parceria mais uma vez conseguiu atingir o coração do pessoal do Tuiuti, a comunidade toda cantando, um samba lindo. Eu espero que a gente possa ser muito feliz. E ‘Desce o morro do Tuiuti’ é muito forte, é uma consagração e exaltação do Tuiuti”, contou o compositor Júlio Alves.
De volta ao Grupo Especial, o intérprete Pixulé terá a responsabilidade de comandar o carro de som do Paraíso no próximo desfile. Nos últimos carnavais, o cantor desfilou pela Série Ouro como voz principal de Cubango e Unidos de Bangu. Sua última passagem pela elite do carnaval carioca foi em 2014 com o Império da Tijuca. O artista revelou como seu estilo “bateu” com a essência da escola.
“Essa chegada ao Tuiuti representa tudo, a gente retornar ao Grupo Especial, primeiramente agradecer ao presidente Thor, ele abriu as portas para mim, e representa tudo na minha carreira, eu não tenho palavras para expressar a minha felicidade de estar de volta ao Grupo Especial e ainda por cima no Tuiuti. Ou seja , eu estou no “paraíso”. Eu me sinto envaidecido , eu sinto uma leveza, eu me sinto como se eu estivesse no quintal da minha casa, como se estivesse no meu sofá sentado com o pé em cima da mesa”.
Pixulé elogiou bastante a obra do Tuiuti para 2024, entendendo que as comparações com o carnaval de 2018 representam mais motivação e responsabilidade.
“Em 2017 quando eu cheguei na Unidos de Padre Miguel, eu já cheguei com um baita samba. Me deram um baita samba, me deram Ossain, e o samba ganhou vários prêmios. Eu estou debutando aqui no Tuiuti, e logo de cara me deram um baita samba, um baita presente para eu cantar na Avenida. Então eu estou muito feliz de estar no Tuiuti, mas também de ganhar esse belíssimo presente que é esse samba enredo maravilhoso de Claudio Russo e companhia. Mas não tem pressão, tem uma motivação maior, aquele momento que você fica todo emotivo, e a responsabilidade, afinal de contas, é o Tuiuti”.
Samba mexe com o presidente
O presidente Renato Thor exaltou a vibração que a obra do Tuiuti para o próximo carnaval gerou na comunidade e convidados da noite, e revelou que o momento mexeu bastante com o mandatário da Azul e Amarela.
“Quando a gente vê toda uma comunidade e nossos visitantes contagiados com essa obra prima, eu me sinto muito feliz e envaidecido. Hoje ali no palco a minha lágrima só não caiu porque eu sou uma pessoa meio “ogra”. E todo momento que eu me sentia emocionado eu virava de costas para o palco, para que ninguém pudesse ver a minha emoção. Hoje para mim e para a minha comunidade é um dia muito emocionante. Eu vi o quanto ela estava feliz com essa obra. Queria agradecer a minha ala de compositores e explicar que “encomenda” é uma palavra que eu não gosto muito. Até porque o samba é de compositores da casa. A encomenda para mim é quando você pega compositores de outras escolas e traz para a sua para encomendar um samba. E quando você tem os próprios compositores da casa, para mim não é encomenda. O Paraíso do Tuiuti se organizou para fazer um samba e graças a Deus e a todos aqueles que nós protegem, estamos sendo felizes nesse novo projeto. Nesses dois anos teve um novo projeto que tal qual nós tivemos que voltar ao que era antigamente. Então , o projeto do Paraíso do Tuiuti vem dando certo e foi provado hoje”.
Renato Thor também explicou semelhanças da obra e enredo atual com o espetacular carnaval de 2018, além de comentar o retorno do carnavalesco Jack Vasconcelos.
“Nós temos o título de o Quilombo do Samba, nós fomos o campeão do povo em 2018. Nós estamos exaltando um negro , que é um herói e nós vamos colocar ele como herói, de fato e de direito tal qual ele não foi reconhecido. Esse enredo tem tudo a ver com Paraíso do Tuiuti, confirme o enredo de 2018, mas cada um com uma essência diferente. A linha é a mesma. E o Jack voltou para casa, é um carnavalesco que a gente se entende. Quem não entendeu o Jack por aí, com todo respeito as coirmãs, porque aqui é uma escola de samba que a gente se entende. E por esse entendimento que vem do Jack com o Paraíso do Tuiuti, vocês podem ter certeza que vão ver um belíssimo trabalho através da obra do Jack Vasconcelos”.
Jack Vasconcellos emocionado
De volta ao Tuiuti depois de passagens por Mocidade Independente e Unidos da Tijuca, o carnavalesco Jack Vasconcellos, vice-campeão com a escola em 2018, comentou o processo de trabalho a partir de um samba produzido sem disputa.
“Acho que facilita no sentido de que a gente tem acesso a letra mais cedo. Então, alguma coisa do projeto em termos de visual, a gente tem tempo de adaptar ou tem tempo de fazer alguma coisa que encaixe com a letra caso apareça algum gancho bacana. Então, ter um intimidade maior com a letra antes é bem bacana. Ela não vai e volta muito quanto as pessoas pensam porque eu também não gosto de ter uma interferência muito grande na liberdade do compositor. Meu papel é tentar deixá-lo no norte que a gente vai seguir em termos de narrativa de enredo mesmo. Eu procuro não interferir”.
Jack também comentou sobre como pretende realizar o desenvolvimento do carnaval 2024 e se há alguma semelhança com o processo de 2018.
“É um desfile em homenagem a um grande herói brasileiro. E o desfile foi montado e está sempre sendo pensado pra gente saudar essa figura histórica brasileira. O que não pode faltar é uma ‘intimidade emocionada’, se você consegue me enteder. É uma homenagem feita de coração, não só uma observação de um fato histórico. Há uma intimidade, um nivelamento em relação ao João Cândido, porque ele representa o povo brasileiro. É uma coisa de espelho. O ano de 2018 é engraçado porque foi uma resposta que a gente teve de público que a gente não contava de início. Acho que o povo percebe quando a coisa é feita de coração. Não tem nenhum outro intuito por baixo. A gente fez realmente aquilo que a gente queria muito, e era de verdade. Se tem alguma semelhança com 2018, é isso. É um enredo feito com muita verdade e vontade, e a gente quer muito falar de João Cândido, sobretudo por esse momento que o Brasil está atravessando”.
Sobre o primeiro contato com a obra, Jack revelou que o samba mexeu com o artista desde o início
“Fiquei emocionado e isso é bom (risos). É legal, porque logo em uma primeira audição, o samba já falar com você , é muito legal, me tocou muito. Ele cumpre a função de explicar o enredo, é poético, é de fácil entendimento, vai ajudar muito para explicar a parte visual”.
Adalberto Cândido, filho caçula de João Cândido, esteve presente na quadra e falou com o site CARNAVALESCO. “É uma satisfação muito grande para mim, para a minha família, para todos os admiradores do meu pai, por ele ser reconhecido e já pelo povo. Meu pai é um herói popular. É bom ele ser reconhecido pelo povo brasileiro. E no desfile, a emoção vai vir na hora, na hora que entrar no sambódromo, não é para qualquer. Se Deus quiser estarei desfilando com minha família e amigos”.
Excelência no ritmo
Outro grande trunfo do Tuiuti para o Carnaval 2024, foi a renovação do mestre Marcão que irá comandar a “SuperSom” pelo terceiro desfile seguido. Sem perder nenhum décimo no último carnaval, mestre Marcão falou sobre o trabalho que vem desenvolvendo desde 2021 no Paraíso.
“Eu cheguei em 2021, na pandemia, e não teve desfile. Mas já tinha um trabalho. Em 2022, o trabalho foi concluído, Em 2023, botamos uma bateria. Hoje eu posso te confirmar, que hoje o Paraíso do Tuiuti, tem uma identidade em sua bateria, quem chega tem que conhecer o que vai fazer. Já temos uma identidade. Quando eu cheguei eu tive que me adaptar. O meu trabalho era diferente também, o pessoal abraçou a causa, trouxe vários diretores do morro do Tuiuti, essa molecada veio e colocamos como deveríamos colocar e eu fico muito satisfeito por eles”.
Marcão também explicou como se dá o processo da bateria sendo trabalhada com um samba já pronto em agosto e que teve sua realização acompanhada pelo mestre de bateria.
“Eu trabalho né. O trabalho vem logo no começo, e isso é muito bom. Não desmerecendo os outros sambas, outros compositores, eu gosto de ver bastante obras, mas esse ano, o presidente optou por um samba encomendado que tem como você mexer. E facilita para a gente por que já estamos ensaiando, já tem várias segundas-feiras, e a gente já está pensando em paradinhas, bossas, mas colocando uma de cada vez para que fique na mente dos caras. Hoje fizemos duas, mas daqui a pouco vamos colocar mais duas. São seis. Isso facilita. O desenho do tamborim já está pronto, ainda não estamos executando, porque ainda falta fixar. O desenho do chocalho está pronto. Estamos colocando devagar para não se antecipar. Temos que ver com o intérprete também”.
Novidades na comissão de frente
Em sua segunda passagem pela Paraíso do Tuiuti, a coreógrafa Cláudia Mota, desta vez, comandará a comissão de frente em parceria com o coreógrafo Edifranc Alves. A dupla comentou sobre a responsabilidade de trabalhar em um desfile que promete ser um grande carnaval da escola de samba de São Cristóvão.
“A Tuiuti sempre traz enredos muito fortes e muito importantes, de muita potência. E foi isso que me fez, também, encher os olhos para voltar pra cá. Trabalhar com o Jack, ter essa responsabilidade de um enredo tão importante pra nossa cultura – e fazer com que o João saia daquela avenida consagrada como herói, porque ele é”, disse Claudia Mota.
“O enredo já nasceu gigante e maravilhoso. Ele só solidifica essa luta – que certamente virá com vitória para a escola e comunidade. Para mim é uma grande honra ter essa oportunidade desse convite de estar como coreógrafo, junto com Cláudia Mota. Acho que tem tudo pra dar certo, principalmente por trazer esse herói nacional que merece essa coroação”, afirmou Edifranc.
Casal na vida real, a dupla contou como funciona a divisão de trabalhos. Os dois são bailarinos do Theatro Municipal do Rio e atuam juntos há bastante tempo, mas é a primeira vez que, em conjunto, vão assumir uma comissão de frente. Para eles, a parceria da dupla somada ao trabalho do carnavalesco Jack Vasconcelos tem tudo para dar certo.
“Já não é a primeira vez que ele tá comigo, mas esse ano ele vai assumir a comissão de frente junto comigo. Está sendo novo para os dois. Porque eu nunca dividi trabalho com outro coreógrafo. Apesar da gente ser casado, sabemos dividir bem as funções. A gente respeita muito a ideia do outro, somos muito parceiros e nos complementamos nas ideias. Acho que dá muito certo. E o Jack é um terceiro – é um trio que eu acho que confio muito para que dê muito certo”, disse a coreógrafa.
“A gente trabalha há muito tempo. Nós somos um casal na vida real e também no trabalho. Somos artistas bailarinos do Theatro Municipal, trabalhamos juntos há mais de vinte anos. É uma congruência muito boa. A gente trabalha todos os dias, temos essa nuance do cotidiano. Mas também, neste caso agora, como coreógrafos, tem a questão da criatividade que a gente vai colocar à prova para poder trazer um significado na Avenida com essa comissão de frente, com esse enredo tão forte. É uma grande responsabilidade que nós abraçamos com muito amor e muita vontade de fazer. A gente quer ver esse nosso herói coroado como um herói nacional, que é o que ele merece”, completou Edifranc.
Para o coreógrafo, o trabalho em dupla facilita o processo criativo. “A gente consegue trocar mais. Existe a disponibilidade um do outro de poder trocar e discutir as questões, porque trabalhar com carnaval é complicado, não é fácil. É trabalhoso, mas sempre edificante, porque a gente aprende muito e é um aprendizado sempre”.
Ensaio de rua em outubro
Para o diretor de carnaval André Gonçalves, o Andrezinho, o samba encomendando facilita a harmonia entre carro de som e comunidade. Ele também falou sobre a previsão para o início dos esperados ensaios de rua.
“Na verdade, nós começamos a fazer um ensaio de canto há duas semanas. Segunda-feira vai ter o ensaio, porque nós estamos com o terceiro casal. Foram dez casais para a final. Mas o ensaio de rua mesmo vai iniciar na última segunda-feira de outubro. Facilita (samba encomendado), porque o que acontece: se a gente entra na disputa, só vamos ter o samba escolhido lá no começo de outubro. Então isso é muito importante pra escola, porque a gente já está trabalhando o samba e toda a comunidade”, explicou o diretor de carnaval.
Andrezinho também comentou sobre a chegada do intérprete Pixulé, que assumiu o comando do carro de som da Paraíso do Tuiuti após a saída de Wander Pires, que foi para a Viradouro. Segundo o diretor de carnaval, Pixulé foi abraçado pela comunidade do Tuiuti.
“O Pixulé tem uma coisa especial: ele é um cara agregador. A comunidade gostou muito dele e foi muito bem recebido. Além da volta dele para o Grupo Especial, eu acho que a comunidade do Morro do Tuiuti estava aguardando o Pixulé. Ele é a cara da escola”, contou.
Casal celebra ano de 2023
Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Tuiuti, fizeram um balanço do carnaval deste ano. Com duas notas 9.9, e dois dez, a dupla considera que 2023 foi um grande ano e um divisor de águas.
“Para nós foi um grande ano. A gente achou que começamos a criar ainda mais a identidade do casal. O primeiro ano a gente veio com o enredo afro, eu acho que tem muito a ver comigo e com o Raphael. O segundo ano já foi um desafio de sair da temática e criar a nossa identidade – não perder a nossa identidade que a gente criou no primeiro ano ao longo deste trabalho. Foi positivo. A gente teve alguns probleminhas na concentração, a entrada foi um pouco aguerrida, mas mediante ao pré, a gente ficou muito feliz com o que a gente fez. Muito satisfeitos com o que nós conseguimos apresentar. É isso: a cada ano evoluir, melhorar um pouco mais o entrosamento com a escola, os detalhes finos para conseguir chegar na nota”, comentou a porta-bandeira.
“Ela falou tudo. Não tenho mais o que acrescentar. 2023 foi um divisor de águas para gente. Depois de 2022, um Carnaval que criaram muitas expectativas e mesmo assim a gente conseguiu alcançar um grande objetivo. 2023 foi o nosso divisor de água. Dentro dos problemas que nós apresentamos, dentro das coisas que aconteceram eu acredito que nós apresentamos um excelente carnaval”, completou o mestre-sala.
Questionada sobre o que manter para 2024, Dandara destacou a dança espontânea e o bailado do casal. Já quando perguntada sobre o que melhorar, a porta-bandeira citou a sincronia que foi cobrada pelo júri.
“Acho que a gente tem tentado manter um pouco dessa força que a gente traz, assim, na identidade, um pouco da espontaneidade. Eu e Raphael nos encontramos muito numa dança espontânea, que nem sempre está milimetricamente coreografada. Acho que isso a gente vai manter enquanto estivermos dançando juntos, porque tem a ver com os outros lugares onde a gente se encontra – na dança de salão e em outras relações. Ficamos muito satisfeitos quando a gente consegue executar de forma leve o bailado do casal”, comentou.
“O que mudar, eu acho que encontrar um pouco dessa sintonia que o jurado não viu – essa sincronia entre a gente talvez. A gente olha que tinha muito a ver com a nossa proposta deste ano, entre feminino e masculino não fazerem exatamente as mesmas coisas e as mesmas finalizações, mas talvez esse seja o ponto que precise mudar e também vamos ver ao longo do trabalho”, completou Dandara.
Para a porta-bandeira, o samba definido antecipadamente facilita o desenvolvimento do trabalho que será apresentado na Marquês de Sapucaí. Dandara contou que o casal já começou a estudar a dança na quadra – que ela considera fundamental.
“Com certeza (ajuda no trabalho). Você tem um samba para trabalhar por mais tempo. A gente está aproveitando que já tem samba escolhido e sim, começando a pensar, fazendo laboratórios, e pensando também na dança da quadra. Eu gosto muito de dançar o samba na quadra para a gente sentir junto o que que vai surgir, o que que vai rolar e daí começarmos a trabalhar. Daí temos um pouco mais de tempo para fazer isso, o que nos dá vontade de criar esse trabalho e deixar ele bem redondinho para que essa sintonia fina apareça e salte aos olhos para todo mundo na Avenida”, comentou.
Perguntado sobre o peso de entrar na Passarela do Samba após o desfile da Mangueira, que levará Alcione para a Avenida, e anteceder a Viradouro, o mestre-sala contou que não vê esses fatores como uma responsabilidade e enfatizou a estrutura e os grandes carnavais que a Paraíso do Tuiuti realizou nos últimos anos.
“Assim, eu não vou ser polêmico, mas eu não acho que seja responsabilidade. Responsabilidade é a gente ser a primeira, segunda, terceira. Eu acho que entre Mangueira e Viradouro são só mais duas coirmãs que vão disputar com a gente. Hoje o Tuiuti tem uma estrutura e condição muito grande e vem apresentando bons trabalhos, numa crescente muito boa. A pergunta tem que ser feita para eles: qual é a responsabilidade de vir antes ou depois do Tuiuti. Acho que é essa a pergunta”, afirmou Raphael.