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Em Cima da Hora faz desfile com grande desempenho da parte musical, mas sofre com evolução e estoura tempo

Intérprete Charles Silva e mestre Léo Capoeira foram os destaques de um desfile problemático

Trazendo a “Ópera dos Terreiros – O Canto do Encanto da Alma Brasileira”, a Em Cima da Hora foi a sétima escola a desfilar neste primeiro dia da série Ouro, já pegando o dia claro durante boa parte da sua apresentação. E como numa boa ópera, a parte musical funcionou muito bem. Estreante na escola, o intérprete Charles Silva teve um ótimo desempenho à frente do samba da agremiação de Cavalcante e formou um excelente conjunto com a bateria comandada por mestre Léo Capoeira que mais uma vez usou e abusou de bossas e um ritmo forte. O samba cresceu e não cansou durante o desfile, porém a escola pecou bastante em outros pontos, principalmente no canto irregular e na evolução. Esta vinha organizada até o segundo carro bater na grade das frisas no setor 6 e abrir um pequeno espaço na frente da segunda cabine de jurados. A partir dali a escola se perdeu completamente, novos buracos surgiram, a escola se espalhou e correu pra não estourar o tempo, o que acabou não adiantando, já que passou em 57 minutos, dois minutos acima do tempo limite, perdendo dois décimos segundo o regulamento da série
Ouro. O que era um desfile irregular, porém correto terminou coberto de falhas e trazendo riscos para a escola.

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em cima da hora 25 12

Comissão de Frente

Luciana Yegros e Carlos Aleixo trouxeram uma comissão que representava o “Ritual da Travessia: A invocação de Exu Bara Laba”, o Exu da comunicação entre os mundos, que guia os que chegam e os que partem de algum lugar. A coreografia foi bem executada em todos os módulos e a incorporação teve boa concepção, porém a fantasia do componente que simulava a entidade estava muito simples e destoou do restante da comissão, quebrando a unidade visual.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Marlon Flores e Winnie Lopes representaram respectivamente Nzailu, guerreiro banto filho de Nkossi, e Dara, princesa africana Nagô filha de Oxum. O casal pecou no entrosamento em algumas finalizações, principalmente da parte de Marlon que mostrou insegurança em alguns movimentos e no segundo módulo derrapou evitando um escorregão. Na terceira cabine o casal realizou sua melhor apresentação, bem mais entrosados e encaixando as finalizações. Winnie teve um desempenho correto e mais linear.

Enredo

No enredo “Ópera dos Terreiros – O Canto do Encanto da Alma Brasileira”, a Em Cima da Hora mergulhou na união entre o erudito e o popular, inspirada no espetáculo apresentado pelo Núcleo de Ópera da Bahia. O primeiro setor foi denominado “Das Coisas Transcedentais, o Encanto Trazido na Alma”, falando da ancestralidade africana e da força dos Exus. O segundo setor “Terreiros Sagrados, os Frutos da Alma Africana” mostrou
a chegada dos escravos vindos da África ao Brasil e suas múltiplas facetas culturais. O terceiro setor “A Rama Negra, onde o encanto negro se manifestou e ecoou para o mundo”, falou da misticidade e musicalidade negra tão presente desde os ancestrais até blocos como Ilê Ayê e Malê Debalê. No quarto e último setor, “Do canto ao encanto, a Ópera Negra, o Imaterial Terreiro Operístico de Resistência”, a escola destrincha o espetáculo que inspirou o enredo, com seus personagens e atos principais.

O enredo mostrou alguma dificuldade de leitura sobretudo no primeiro setor das coisas transcendentais, sem tanta clareza por parte das fantasias e dos elementos escolhidos. Nos dois setores finais onde a musicalidade e a ópera entravam no enredo, o desenvolvimento fluiu com melhor entendimento e principalmente a ópera foi bem dividida.

Alegorias

A primeira alegoria da escola de Cavalcante representava “Sob a Proteção de Olodumarê, o Santuário Ancestral”, uma espécie de local transcendental criado pela imaginação negra através de suas experiências, crenças e sonhos. Uma bonita alegoria, predominante em tom prata com uma escultura bem feita, um carro num todo muito bem realizado e com
bom acabamento. A segunda alegoria “A cor e o Canto da Cidade Sou Eu!” veio com vários tambores homenageando o olodum, uma alegoria mais simples, porém clara em sua mensagem e outro carro com boa realização. No carro que encerrou o desfile, “Sob os Portais Eruditos, a Ópera dos Terreiros”, bastante uso do dourado que causou um bom efeito com a luz do dia já raiando. No geral, foi um conjunto agradável e bem realizado de
alegorias, superior ao que a escola apresentou nos últimos anos.

Fantasias

Quesito no qual a Em Cima de Hora apresentou um conjunto bastante irregular e simplório, com algumas alas com fantasias de melhor nível como a ala 2 “no Mar de Olokum” com um bonito tom de azul, outras fantasias não apresentaram soluções estéticas bonitas, como a ala 14 “Caciques do Afrofuturismo”. No geral um conjunto falho e com dificuldades de leitura.

Harmonia

Em termos de desempenho do carro de som a Em Cima da Hora teve uma harmonia excelente, Charles Silva dominou o samba e comandou um azeitado carro de som que funcionou muito bem, sendo um dos pontos altos do desfile. O mesmo não pode se dizer do canto das alas da escola, que falharam bastante no quesito. Se o canto já era falho enquanto a escola fazia um desfile organizado e apenas algumas alas apresentavam
um canto satisfatório, depois que a azul e branco passou a ter problemas de evolução o canto foi embora de vez e a escola se esqueceu do samba. Os minutos finais foram de uma agremiação muda, preocupada apenas em não estourar o tempo.

Samba

A falta de canto da escola não fez jus ao bom samba que a Em Cima da Hora apresentou no seu desfile. A obra de Richard Valença, Serginho Rocco, Marquinhos Beija-Flor, Caxias Gilmar, Márcio de Deus, Guilherme Karraz, Orlando Ambrosio, Bruno Dallari, Pedro Poeta, Guto Melcher, Viny Machado, Jacopetti, Guinho Dito, Lucas Pizzinatto e Marcelinho Santos
teve ótimo desempenho e não teve quedas durante sua passagem pela pista da Sapucaí. Além do refrão principal, outra parte de bastante força do samba era o ínicio da segunda parte, “sou eu, a mistura da fé africana / a paixão que venceu a demanda / onde o povo retinto uniu”. Um quesito onde a escola teve bom rendimento.

Evolução

O grande calcanhar de aquiles da Em Cima da hora, a evolução da escola vinha sem percalços durante sua primeira metade de desfile, apesar de não ser pulsante. Mas a segunda alegoria começou a pender pro lado esquerdo e dar trabalho para seguir pela pista, encostando na grade do setor 6. O carro ficou parado durante um tempo e um espaço se abriu na frente do segundo módulo de jurados, até que com muita força dos empurradores e diretores da escola a alegoria voltou a andar e o espaço foi preenchido, mas não por muito tempo. A alegoria voltou a travar e um buraco maior foi aberto, daí em diante a evolução foi totalmente comprometida, as alas se abriram e começou uma correria para evitar o estouro do tempo, porém foi inevitável. Dois minutos de estouro que geram dois décimos a menos pra escola na largada da apuração. Uma punição que atrapalha a escola no seu objetivo de uma colocação superior aos últimos anos e pode gerar sustos na leitura das notas na quinta-feira.

Outros Destaques

A ala de baianas foi um dos bons pontos plásticos da escola, com uma bonita fantasia. A escola trouxe várias destaques com samba no pé.

Mestre Léo Capoeira como de costume executou inúmeras bossas que tiveram boa comunicação com o público, esquentando o desfile da Em Cima da Hora.

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