A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) definiu que para 2025 o álbum oficial dos sambas-enredo do carnaval voltará a ser gravado ao vivo. Mais do que retornar a um formato elogiado pelos apaixonados por carnaval, o projeto da entidade promete aprimorar a experiência em relação aos anos anteriores e oferecer uma experiência audiovisual de alto nível através das mídias digitais. O local das gravações é uma estrutura montada no Espaço Cultural Octávio da Silva (Talismã), localizado dentro da Fábrica do Samba, montada com equipamentos dignos dos grandes programas da televisão brasileira. As gravações começaram na última sexta-feira, dia 4 de outubro e ocorrerão até o próximo domingo, dia 13, e contarão com a participação das 22 escolas de samba dos grupos Especial e Acesso 1. O CARNAVALESCO conversou com o diretor de comunicação da Liga-SP, Jairo Roizen, para saber mais detalhes sobre o projeto audiovisual desenvolvido pela entidade, como a origem da ideia, os diferenciais em relação aos anos anteriores, a data de lançamento e outras curiosidades.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

jairo rozen

Como surgiu a ideia de voltar para as gravações do álbum ao vivo, que sempre foram muito elogiadas?

Jairo Roizen: “É uma iniciativa do presidente Sidnei, que foi realmente o entusiasta dessa ideia. Ele me chamou um pouco depois do carnaval falando que esse ano ele queria voltar a fazer uma gravação da Liga, que todos os sambas fossem gravados da mesma forma, com o mesmo padrão, dando realmente aquela cara de um produto único que a Liga estava acostumada a fazer. Infelizmente, por conta da pandemia e por tudo que a gente passou nesses três carnavais, acabamos deixando que cada escola gravasse a sua faixa, mas esse ano a gente já teve condições de pensar novamente nesse projeto”.

Quais são os diferenciais do álbum dos sambas-enredo ao vivo de 2025 em relação aos anos anteriores?

Jairo Roizen: “A diferença para o que foi feito nos anos de 2022, 2023 e 2024 é brutal porque cada escola gravou da sua própria maneira, em estúdios que as escolas optaram, cada um do seu jeito. Gravações que foram muito boas, mas que não era um produto único, não era um produto que tinha uma mesma linguagem, uma mesma linha. Acho que a grande diferença é essa. Você vai ver uma linguagem em todos os sambas-enredo, em todas as gravações. Você vai ver aí que foi feito com a mesma proposta em todas as gravações. Acho que a grande diferença da gravação desse ano para as gravações que aconteceram até o carnaval de 2020, que eram feitas numa tenda aqui na Fábrica do Samba, é que a ideia esse ano é tentar dar realmente a cara da Avenida, do “Som da Avenida” (EP com áudios extraídos dos desfiles oficiais). A grande diferença é que a gente quer dar essa cara de “Som da Avenida” mesmo. A outra gravação também era uma gravação ao vivo, mas que tinha uma pós-produção. Os cantores iam depois para o estúdio refazer a voz, algumas coisas de harmonia eram feitas depois, mas dessa vez a ideia é não refazer nada. A ideia é que seja para a gente pegar o sucesso que foi o “Som da Avenida”, que a gente lançou nas plataformas digitais, e tentar reproduzir isso nas faixas oficiais do carnaval. Lógico que não é a Avenida, mas é realmente um “ao vivo” mesmo, um show ao vivo, para que as pessoas que escutarem e assistirem se sintam na Avenida curtindo o desfile da escola de samba. E não é só um CD, não é só um álbum musical, é um projeto audiovisual. Tem uma proposta de a gente ter clipes de cada escola. De ter pequenos formatos de 15, 30, 45 segundos para que a gente possa explorar isso nas redes sociais. É sempre importante a gente frisar que as redes sociais da Liga no último carnaval atingiram mais de 80 milhões de pessoas, então a gente tem que aproveitar essa onda e surfar nela para que a gente possa trazer cada vez mais pessoas que não conhecem o nosso carnaval para conhecerem através da música. Acho que é o ponto certo inclusive esse formato audiovisual. A gente vai ter, lógico, o produto físico porque as pessoas pedem, os colecionadores pedem, mas a ideia mesmo é um produto para ser digital. Um produto digital para que você possa baixar nas plataformas. Hoje no Spotify você pode baixar também o vídeo, não é só o áudio. Você também tem vídeos para as pessoas poderem assistir no YouTube, poderem ouvir no carro. Onde a gente puder se conectar a gente vai se conectar com as pessoas”.

Como é a estrutura montada na Fábrica do Samba para realizar as gravações?

Jairo Roizen: “É uma estrutura gigantesca. A gente nem esperava que fosse fazer algo tão grandioso assim. Foi se formando, foi criando o projeto, tem mais de 40 pessoas trabalhando em todos os dias de gravação. A gente tem muitos equipamentos, para ter uma ideia são 40 metros de painéis de LED, daqueles iguais aos que tem na televisão, que você vê ali no “Domingão” na Globo, nos programas de televisão. A qualidade dos painéis é a melhor qualidade que tem. A Tukasom, que nos forneceu os equipamentos de som para poder fazer essa gravação e que é a nossa parceira no carnaval. O pessoal da Onyx Eventos, que fez a questão da iluminação. A gente teve também o apoio da Secretaria de Turismo para alguns aparelhos de infraestrutura, a questão dos praticáveis, gerador, e a gente teve também o pessoal da Sala 22, que está responsável pela captação dos vídeos. Você vê ali uma estrutura gigantesca grua, várias câmeras, drone, e o RW Studio e O Balanço Studio que são os responsáveis pela captação do áudio e depois pela mixagem e a pós-produção”.

As escolas têm liberdade para a realização de bossas, andamentos e arranjos?

Jairo Roizen: “Cada arranjo é feito por cada uma das escolas. Elas têm a liberdade total de fazerem o que bem entenderem na questão musical da faixa. Tem escolas trazendo complementos musicais, a Águia de Ouro trouxe um piano de cauda, a Mancha Verde trouxe uma guitarra, o Camisa Verde e Branco ainda não gravou no momento que a gente está fazendo essa entrevista, mas também vem aí com uma surpresa para homenagear o Cazuza. As escolas são muito boas e são responsáveis pelos seus arranjos, enquanto nós aqui somos os responsáveis por captar e levar esse momento para o povo”.

Quando será o lançamento dos sambas nas plataformas de streaming e em CD?

Jairo Roizen: “A festa de lançamento dos sambas é no dia 30 de novembro aqui na Fábrica do Samba, em um sábado. A ideia é que a gente faça o lançamento no streaming no dia anterior, no dia 29 de novembro, essa é a nossa programação. A gente vai ter o CD físico também, mas não no dia do lançamento porque não dá tempo de ficar pronto. A gente vai antecipar a festa de lançamento dos sambas esse ano porque o dia 2 de dezembro (Dia Nacional do Samba) cairá em uma segunda-feira e no outro final de semana tem uma série de eventos próximos à Fábrica do Samba, o que atrapalharia a nossa logística. Quando o CD físico estiver à disposição para venda a gente vai informar, mas ele vai ficar pronto até para quem quiser presentear os seus familiares no Natal e no Ano Novo. Ele vai estar disponível aqui na Liga, nas escolas e pela internet também, assim como nos últimos anos desde quando a gente tem essa parceria com a Radar Records. O CD estará acessível para ser comprado em diversas lojas e aqui na Liga e nas escolas de Samba”.