A Estação Primeira de Mangueira realizou, no último sábado, mais uma etapa de sua eliminatória de sambas-enredo para o Carnaval 2026. Seis obras se apresentaram na quadra da Verde e Rosa, disputando qual será o samba que contará o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra” na Marquês de Sapucaí. Quatro parcerias seguem para a semifinal, que será realizada no sábado, dia 20. Os sambas eliminados foram os das parcerias de Lequinho e Manu da Cuíca. Abaixo, o CARNAVALESCO analisa o desempenho de cada obra classificada.
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Parceria de Ivo Meirelles: O samba de Ivo Meirelles, Gilson Bernini, Gustavo Clarão, Xande de Pilares, Edinho Gomes e Felipe Mussilli teve Ito Melodia e Bruno Ribas como vozes principais. A obra é envolvente e apresenta trechos bem gingados, como o refrão central: “Turé, Turé! O pajé incorporou, sarará mestre Sacaca o Xamã babalaô, Turé, Turé, minha tribo bate o pé, agradeço ao curandeiro carregado de axé”. A segunda parte, mais extensa que a primeira, passou de forma fluida e sem cansar, com destaque para os versos finais: “Mangueira, raiz sagrada que eterniza o guardião, as flores giram como gira o pavilhão, na Amazônia negra”. O refrão de cabeça, “reza forte, bate folhas de Mangueira, emoção que não tem fim, firma ponto no meu surdo de primeira, tem que respeitar meu tamborim”, tem bonita melodia e rendeu bem na quadra. O samba teve ótimo rendimento durante os 15 minutos de apresentação e contou com uma torcida afiada, abrindo a noite de disputa com muita força.
Parceria de Beto Savana: Pity de Menezes e Igor Vianna comandaram o samba de Beto Savanna, Rodrigo Pinho, Wilson Mineiro, Daniel Paixão, Jonathan Tenório e Grassano. A obra é empolgante e agradável de ouvir. O bis “sarará Xamâ babalaó, sarará Xamã babalaô, ôóôôôô” explodiu na quadra e sustentou o refrão principal em seguida: “do morro da Mangueira, o quilombo de Sacaca, chama o povo da mata, toda gente do Amapá, a negrura não se esconde na fumaça, faz do Palácio do Samba seu cazuá”. O samba apresenta variações melódicas, como no início, em que os primeiros versos surgem em tom menor, criando contraste interessante com o restante da primeira parte. O refrão central, “Reza pra benzer, ô, reza pra benzer, reza pra benzer, ô, reza pra benzer, folha, cipó e raiz de jucá, a floresta é templo, é altar, preto velho ensina a curar”, passou com extrema força, crescendo a cada passada. Foi uma apresentação de excelência.
Parceria de Pedro Terra: A obra de Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal contou com Evandro Malandro e Thiago Acácio nas vozes principais. O samba remete a obras mais antigas, como se percebe no refrão de cabeça: “a magia do meu tambor te encantou no jequitibá, chamei o povo daqui, juntei o povo de lá, na Estação Primeira do Amapá”. A obra não possui um refrão central, mas uma repetição de dois versos em sequência: “çai erê, babalaô, mestre Sacaca” e “te invoco do meio do mundo pra dentro da mata”, o que garante fluidez ao samba. A apresentação foi menos explosiva que as anteriores, mas também mostrou qualidade.
Parceria de Alexandre Naval: A parceria de Alexandre Naval, Wendel Uchoa, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço teve seu samba defendido por Wantuir. O refrão de cabeça, “Xamã babalaô, guardião do meu ilê, rompe mato e faz tremer aldeia, caboclo preto velho verde e rosa é meu sagrado, toca o marabaixo, Mangueira”, obteve rendimento espetacular, levantando a apresentação. Os dois refrãos foram destaque, já que o central, “folha seca pra benzer na moleira, faz a reza tucuju se manifesta pra criança se curar, ê sumano vá buscar garrafada pra menina, na fervura sete dias, sete noites ao luar”, também passou com bastante força. A segunda parte apresentou uma melodia envolvente, sustentando a obra sem queda de desempenho, principalmente nos versos finais: “canta! No terreiro oração se dança, no toque de caixa ligeiro, a bandaia se faz entender samba, no laguinho, rei sentinela, com os crias da favela, a floresta vai vencer”. Mais uma bela apresentação da noite.