Mestre Rodney comanda a bateria da Beija-Flor há mais de uma década, e teve como um dos principais incentivadores o próprio Laíla, homenageado da escola para o próximo carnaval, com o enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os sambas”. Em entrevista ao CARNAVALESCO o mestre comentou sobre a figura do lendário diretor de carnaval para ele e para a própria Beija-Flor. Rodney começou falando sobre como Laíla significou tudo para ele, e ressaltou a importância da homenagem feita pela escola ao sambista como uma forma de gratidão.
“Ele que acreditou em mim, que me deu oportunidade, era meu amigo. Nunca foi uma coisa tão bem feita como essa homenagem que a escola vai fazer. Eu acho que a gente devia isso. É uma gratidão pelo que ele fez por mim e fez pela escola. Nunca um enredo foi tão bem escolhido quanto o da Beija-Flor de 2025”.
O mestre comentou também a questão do ouvido absoluto de Laíla e como essa particularidade dele era usada para com a bateria da escola: “Como todo gênio é genioso, mas dificilmente errava. Quase nunca. Não tinha medo de falar com propriedade. Às vezes falava de maneira até brusca, mas sempre tinha certeza. E de mim, ele cobrava muito. Ele falava para mim: ‘Vou cobrar de você que tem condição de ser o melhor’. Sempre aproveitei para tirar o máximo dos ensinamentos do Laíla. Acho que por isso que a gente está aí seguindo nessa estrada”.
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Ao falar sobre o legado de Laíla, mestre Rodney apontou o fato dele ter revolucionado o carnaval carioca em diversas áreas, principalmente por conta das suas habilidades musicais: “A gente pode falar que tem antes do Laíla, depois do Laíla. Ele chegou no carnaval da Beija-Flor, para gente, em 1974. Acho que não vai ter mais depois do Laíla. Pode ter antes, mas o Laíla mudou, revolucionou a história, tanto na harmonia com aquele ouvido absoluto, tanto como cantor, como diretor de bateria, diretor de carnaval. Realmente, ele deixou um legado muito importante para o carnaval e para as pessoas, não só pelo carnaval. Laíla era uma pessoa acima da média”.
O momento inesquecível junto a Laíla, para o mestre, é, para além dos campeonatos de forma geral, de forma especial o de 2011, em que o diretor de carnaval afirmou que Rodney desfilaria naquele ano, apesar de uma questão de saúde.
“Eu posso falar que nós ganhamos, eu com Laíla, que me deu a oportunidade de trabalhar com ele. Eu ganhei nove campeonatos, ajudei a ganhar. Não ganhei sozinho, porque a gente é uma equipe. Mas aconteceu que em 2011 eu tive uma fratura, eu quebrei a fíbula. O Laíla falou que eu ia desfilar, nem que fosse num caixão, que ele ia passar na avenida e a gente ia ser campeão. E, realmente, se concretizou o que ele falou. Eu passei com o pé quebrado e a gente, graças a Deus, fomos campeões. E a bateria tirou nota máxima. Isso aí ficou guardado até hoje. Não vai sair nunca da minha mente”.
O mestre também conta que tem a intenção de trazer a bateria da escola no próximo carnaval do jeito que Laíla gostaria, tendo um grande samba: “O Laíla gostava de que a gente não falava que era paradinha, era as nuances rítmicas. Eu tenho uma ideia que, quem sabe, de repente, se o samba impulsionar. A gente tem uma safra maravilhosa de sambas belíssimos, belíssimos, uma das melhores do carnaval de 2025. E aí, vamos esperar para ver o samba que vai ganhar. E, mais uma vez, ele vai me iluminar, iluminar todos nós. Eu vou fazer um arranjo, a cara do Laíla, se Deus quiser”.
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Por fim, destacando a safra da escola na disputa da escolha do samba para o próximo carnaval, mestre Rodney contou que todos os sambas tem de alguma forma o que espera de um samba-enredo que a escola levará para a Sapucaí para homenagear Laíla: “A sinopse foi muito feliz, proporcionou grandes sambas porque realmente foi muito bem escrita. Pode ter certeza que qualquer um dos sambas que ganhar essa safra aí, será um grande samba. Todos estão dentro do contexto, dentro do enredo. Pode ter certeza que teremos um grande samba. Eu prometo isso”.