O posto de rainha de bateria da Acadêmicos de Vigário Geral nunca esteve tão bem representado. Egili Oliveira segue na agremiação pelo quarto ano consecutivo, mas mostra que jamais se acomodou. Aos 43 anos, a atriz e renomada professora de afro-samba encanta a todos que têm o privilégio de vê-la dançar.
“O meu diferencial é a minha garra, determinação e força de vontade. A minha vida não foi fácil, então eu sempre precisei ser o meu maior incentivo. É bom não buscar se espelhar em outras pessoas, porque você pode cair. Se você sempre se superar, consegue chegar aonde quiser”, afirmou.
Entretanto, Egili acredita que passos são a parte mais fácil do trabalho. “Sou muito enraizada, venho de uma forte herança africana. Já nasci com isso. As pessoas podem aprender a sambar porque hoje nós, professores, ensinamos, mas a essência é difícil”, comentou.
Nascida na Bahia e criada na cidade de Niterói, Egili teve a influência da família como pontapé inicial para o mundo do samba. Sua avó costurava fantasias para que a tia desfilasse, e seu avô foi mestre-sala. Desde pequena, ela começou a desenvolver a conexão que definiria sua vida.
Sua carreira teve início no Salgueiro, escola em que foi passista por dez anos. Também passou pela União do Parque Curicica, Renascer de Jacarepaguá e Império da Tijuca. Em agosto de 2019, foi anunciada como a nova rainha de bateria da Vigário Geral e define a parceira da seguinte forma: “A comunidade é resistente, nossas histórias se complementam”.
Como professora, Egili se destaca não apenas nacionalmente. Ela já esteve em países como Inglaterra, França e Portugal, foi homenageada na Alemanha e costuma fazer turnês de workshops nos Estados Unidos. Lá, conheceu mais de 20 cidades e deu aulas até mesmo para crianças.
“Preciso citar um assunto que, para mim, é de suma importância. Gosto de ser uma representatividade como mulher preta”, abordou Egili, durante entrevista concedida ao site CARNAVALESCO. “Depois do concurso de rainha do carnaval que participei, encontrei muitas meninas que se inspiraram em mim. Faltavam mulheres para mostrar que é lindo ser você mesma, com o seu cabelo ‘duro’, como chamam”.
Egili tem uma filha e um neto, e faz questão de valorizar a sua ancestralidade o máximo possível. “Por esse motivo, sempre peço para o meu carnavalesco me vestir numa posição de enaltecimento. Esses detalhes são necessários. Incorporo a minha negritude no enredo da escola”, continuou.
Em 2023, a Vigário Geral apresentará o enredo “A Fantástica Fábrica da Alegria”, narrando a vida de um menino que sempre sonhou em encontrar o bilhete premiado para realizar todas as suas fantasias. Como prévia, Egili não quis revelar muito sobre o seu papel.
“O que posso dizer é que estarei pronta para trazer muitas alegrias para a Avenida. Muitas cores… É isso, a escola vai vir linda e cheia de crianças. Fiquem atentos!”