A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) reuniu representantes do Grupo Especial do Rio de Janeiro para o sorteio da ordem dos desfiles, previstos para 11 e 12 de julho de 2021, caso o Brasil já tenha aplicado a vacina contra a Covid-19 na população. O site CARNAVALESCO, como sempre, traz bastidores do encontro. * VEJA AQUI A ORDEM DOS DESFILES
O primeiro ponto é que nenhum dirigente tem certeza que os desfiles vão acontecer em julho de 2021. Não apenas pela falta de cronograma da vacinação, mas por alguns receios do mundo carnavalesco, como, o alto custo e a ausência dos materiais para confecção de fantasias e alegorias. O tempo limite para que o martelo seja batido oficialmente sobre a data, incluindo, a autorização das autoridades sanitárias, levando em consideração o número de vacinados (caberá ao poder público estipular a porcentagem), também preocupa, além do volume de recursos que será revertido para todas escolas realizarem os desfiles e quando esses valores vão chegar nas contas bancárias. * ASSISTA AO DEBATE COM A EQUIPE DO CARNAVALESCO
Sobre o lado financeiro, o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, confirmou a decisão do governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, em apoiar os desfiles, utilizando leis de incentivo fiscal, e citou também o interesse do prefeito eleito Eduardo Paes em estar junto. Ainda falou que a TV Globo fará a transmissão dos desfiles, caso aconteçam em julho de 2021, inclusive, a primeira parcela da verba contratual deve ser feita no mês de janeiro. A Liga também aguardar que seja aprovada na Câmara dos Deputados, em Brasília, o feriado nacional para o carnaval pelo Brasil, utilizado as datas de 9 a 13 de julho de 2021, facilitando a logística de São Paulo, Salvador e Belo Horizonte, que estão no mesmo barco sobre a realização da folia fora de época.
Os representantes ouvidos pelo site CARNAVALESCO falaram também que as escolhas dos sambas estão previstas para os meses de janeiro e fevereiro. A ideia é começar depois da segunda quinzena de janeiro, afinal, existe um temor na sociedade do aumento do número de casos de Covid-19, após o período de festas do Natal e Ano Novo. Esses processos eliminatórios e a fase final, prevista para ser feita no streaming do Globoplay, não vão ter torcidas e nem abertura para o público. Pela segurança sanitária, devem participar das atividades, apenas os compositores, equipe da harmonia, poucos integrantes da direção e um número limitado da imprensa.
É inegável que todas escolas querem que os desfiles aconteçam, mas é importante frisar que os presidentes estão preocupados com a nova onda da Covid-19. A decisão é só fazer os desfiles com segurança sanitária, que será dada pelo poder público e pela ciência, o prazo limite gira pelos meses de março e abril, podendo esticar a corda ao máximo até maio de 2021. Neste momento, o planejamento faz parte do pensamento para que tudo aconteça em julho de 2021.
Muitos que pediram para não serem citados, confessaram que estavam angustiados com a indecisão sobre o ano que vem, mas ressaltaram que vão trabalhar para realização das lives das escolhas dos sambas-enredo, através da verba da Lei Aldir Blanc, e pediram urgência no pagamento da primeira parcela da TV Globo. Assim, segundo eles, será possível planejar os trabalhos nos barracões, sempre obedecendo todos os protocolos sanitários. Alguns lembraram, inclusive, que os galpões na Cidade do Samba funcionam como fábricas e as indústrias estão autorizadas pelo poder público para funcionarem. É provável que janeiro ou fevereiro seja dado o pontapé inicial na produção de alegorias e fantasias para os desfiles.
Antes de entrarmos nos bastidores do sorteio, ouvimos muitos burburinhos sobre a eleição presidencial na Liesa. Nomes cogitados, como Fernando Horta e Renato Thor, novamente citados, e surgiram outros, um desses é Jorge Perlingeiro, e “sumiu” o de Chiquinho da Mangueira. Os dirigentes esperam que o presidente Jorge Castanheira faça sua prestação de contas e convoque a assembleia que está inicialmente programada para maio. Muitos querem que seja antecipada para janeiro ou fevereiro, outros defendem que o atual dirigente ainda comande os desfiles de julho, já que podem acontecer em tempo recorde, e sua competência na gestão operacional é reconhecida. Porém, Jorginho prefere não se pronunciar, adota cautela. O certo é que existe uma corrente fiel que deseja que o dirigente seja homenageado, caso sua saída seja confirmada, afinal, são muitos anos de serviços prestados para Liesa e o mundo do carnaval.
A hora do sorteio
Chegamos ao sorteio. A turma da Grande Rio saiu radiante da sede da Liesa. Realmente, a escola vive um momento de glória, tudo dando certo, e avançando diversas casas na busca pelo sonhado título. Parecia festa por um golaço a comemoração pela posição de quinta a desfilar na segunda-feira. Também pudera faz tempo que o domingo persegue a tricolor de Duque de Caxias.
A Viradouro não ficou atrás. Engana-se quem pensa em falta de sorte para Niterói. A vermelho e branco desfilou em 2019 e 2020 como segunda de domingo, agora, é a quinta. A diretoria garante que o trabalho será ainda mais forte e que o bicampeonato é muito possível. Quem pode duvidar disso?
Uma situação curiosa envolveu quatro escolas: São Clemente, Beija-Flor, Salgueiro e Mangueira. Apenas os dirigentes da escola de Nilópolis estavam sentados do outro lado do plenário. No tempo permitido para trocas, foram gritos e mais gritos. “Renatinho (presidente da São Clemente), vamos trocar?”, bradou um. A preto e amarelo caiu como a sexta e última de domingo. Todos queriam a cobiçada posição de fechar o dia. O primeiro a conversar foi Moacyr Barreto, da Mangueira, mas nada feito. Depois Almir Reis (vice-presidente da Beija-Flor) e o conselheiro Gabriel David sentaram com o representante clementiano. O papo foi rápido, quase de família. Troca Nilópolis-Zona Sul.
Aí, entrou o Salgueiro no papo com a Mangueira. Os presidentes André Vaz e Elias Riche também foram velozes e fizeram a troca. A Verde e Rosa prefere fazer sua concentração do lado do prédio Balança mas não cai por já ter uma logística organizada de longos carnavais. A Academia do Samba, que fez em 2019 um desfile em tempo recorde e voltou nas campeãs, não teme ser a terceira de domingo. É consenso que os salgueirenses possuem muitos quesitos para brigarem na prateleira de cima do Grupo Especial.
Para os torcedores independentes, o bastidor do sorteio é animador. O clima entre os dirigentes foi de comemoração após a Mocidade ficar como a terceira de segunda-feira. Houve uma troca com a Unidos da Tijuca, mas sem grande alarde. O contagiante é a vontade dos dirigentes da verde e branco. Estão felizes com o enredo, confiam em um bom samba-enredo e acreditam demais nos quesitos e na comunidade. Ah… lembraram que o título de 2017, dividido com a Portela, veio com o desfile na segunda-feira e como terceira escola. São essas coincidências carnavalescas que fazem diferença na empolgação dos componentes e no incentivo dos dirigentes. Já o presidente Fernando Horta manteve o jeito calado e misterioso. O certo é que o trabalho do carnavalesco Jack Vasconcelos, aliado aos quesitos fortes, como bateria, harmonia e casal, podem devolver ao time do Borel o patamar alcançado no período de 2004 até 2014. Muitos acreditam no resgate tijucano.
Se pelas redes sociais, os torcedores da Portela não gostaram da ordem de desfile, quem estava na Liesa, não reclamou. Devido ser do grupo de risco, o presidente Luis Carlos Magalhães não compareceu. Fábio Pavão, vice-presidente, foi o responsável portelense pelo sorteio. O tom da fala foi de confiança. A escola queria desfilar na segunda-feira, como todas, mas acima de tudo, porque desfilou no domingo em 2020, fez uma bela apresentação e ficou injustamente fora das campeãs. Em um ano com diversos enredos importantes, o portelense aposta no seu conteúdo, no trabalho dos carnavalescos Márcia e Renato Lage, além da segurança dos seus quesitos tops, como a bateria e o casal de mestre-sala e porta-bandeira.
E o povo do samba? Vai fechar o carnaval. A direção da Vila Isabel saiu do sorteio em estado de graça. O presidente Fernando Fernandes estava com a mão quente e conseguiu vencer o Salgueiro, pegar a segunda-feira, e depois tirar a sexta bolinha, para ter a honra de encerrar 2021. Ah… e o negro rei Martinho é o enredo. Ainda existe o sentimento de tristeza pelo injusto oitavo lugar em 2020. Porém, a direção acredita muito no trabalho do competente carnavalesco Edson Pereira. Ainda saiu a pergunta: “Imagina a catarse que será fechar os desfiles com o Martinho da Vila?”. É… segura a Vila que eu quero ver.
Imperatriz e Tuiuti assistiram de camarote o sorteio. A primeira, campeã da Série A em 2020, abre o domingo e a outra, 11ª colocada esse ano, faz a abertura de segunda. Os presidentes Cátia Drumond e Renato Thor, respectivamente, estavam bem tranquilos na plenária. Ela sabe a missão que será fazer o desfile, sem a referência que era o pai Luizinho Drumond, apesar de não demonstrar tensão em nenhum momento. Ele acredita na competência do carnavalesco Paulo Barros para levar a agremiação de São Cristóvão ao topo da folia.
Todas escolas já conhecem suas posições para os desfiles. Porém, em tempos de VAR, como no futebol, o juiz que vai apitar o jogo terá que chegar com a campanha de vacinação contra a Covid-19. Senão, o campeonato terá uma lacuna em 2021 e ficará apenas para 2022.
Agora, o recado é ainda mais claro e importante. Quem é do samba, se cuida, use a máscara, não aglomera e torce para que a virada de 2020 para 2021 simbolize nossa redenção carnavalesca, com a vacina contra a Covid-19, sem o bispo na Prefeitura do Rio e com muita festa no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, o nosso templo sagrado.
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