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É favela! Comunidade da Mangueira dá outro show de canto em ensaio com excelência para demais quesitos

Depois de fazer um ensaio de alto nível na Marquês de Sapucaí, no fim de semana passado, a Mangueira voltou a Visconde de Niterói em mais um show de canto dado pela comunidade que compareceu em peso ao ensaio do último domingo. Leve, solta, com o samba na ponta da língua, os componentes evoluíram com fluidez e desenvoltura, curtindo bastante, não só o samba, como o enredo que permitiu, mais uma vez, uma Mangueira ancestral, africana, com suas raizes bem fincadas contando heranças do povo banto. De quebra, o público também viu que foi mantido o nível alto de alguns quesitos que geraram entusiasmo na Passarela do Samba, como o casal e a comissão de frente, impressionando os presentes, que se aglomeravam nas calçadas para ver as apresentações.

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O samba mais uma vez rendeu com o ótimo excelente casamento de Marquinhos Art’ Samba e Dowglas Diniz, mostrando muita maturidade e domínio da obra e do guiar a comunidade, com a “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”, dos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto, dando mais um show de musicalidade. Ensaio com muita força no samba e nos quesitos de chão. Em 2025, a Mangueira vai fechar a primeira noite de desfiles do Grupo Especial com o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França.

O intérprete Dowglas Diniz avaliou o ensaio da escola e indicou coml momento muito forte que a escola vive na parte musical em comunhão com a vontade que a comunidade tem de cantar na Mangueira.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Nós não queremos desfazer de ninguém, ou ter soberba, marra, mas eu acho que a comunidade da Mangueira está pronta, feliz. E isso acontece tambem porque a escola percebe que nós estamos aqui para trabalhar, a escola vé quel é o nosso ideal, e a comunidade está fazendo de tudo, treinando toda semana, mostrando que a Mangueira tem um grande samba e se Deus quiser com essa satisfação da comunidade a gente vai buscar mais. Estou satisfeito com esse casamento ala musical, bateria e comunidade. Isso vem dando certo desde 2023; Entramos no ideial de que temos que batalhar junto. Acho que esse é o ano que estamos mais prontos”.

Marquinhos Art’ Samba foi pela mesma avaliação ressaltando a maturidade do trabalho e entrosamento da dupla indo para o terceiro carnaval juntos.

“Já vamos fazer três anos juntos. É claro que a gente sempre tem alguma coisa para ajustar, mas nós já conseguimos chegar nessa maturidade porque a gente se respeita acima de tudo, muito respeito. E, com mais essa bateria maravilhosa, com mais esse carro de som, comunidade também, a gente vai chegar em nosso objetivo, que é a nota 10. Agora é manter os treinamentos, nosso foco até o dia do desfile. É lógico que sem a comunidade a gente não consegue nada”.

Comissão de frente

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Mesmo sem toda a parte pirotécnica do ensaio técnico na Sapucaí, a comissão dos coreógrafos Lucas Maciel e Karina Dias voltou a ter uma excelente recepção do público, com movimentos muito bem coordenados unindo uma parte mais ancestral casada com a primeira parte do samba até o climax com o jovem mandando “passinhos” na segunda do samba. Bem carioca, bem Mangueira.

Outros pontos positivos que merecem ser destacados, ainda fora da coreografia apresentada nos locais que simulavam as cabines de julgadores, foram movimentos com bastante vigor e alguns momentos bem claros do enredo e emocionantes, como quando os componentes estão com o punho cerrado no trecho “Sou a voz do gueto, dona das multidões”. Abriu muito bem o ensaio.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Matheus Olivério e Cintya Santos mantiveram uma coreografia mais próxima do ensaio técnico, buscando uma dança mais características do casal de mestre-sala e porta-bandeira, mantendo o vigor dos dois. Por isso, o apelido “casal Furacão” e não buscando pontuar tanto os versos do samba. Ainda que um dos momentos mais aclamados da apresentação era quando Matheus no trecho “quer imitar meus riscado, descolorir o cabelo” fazia-se alguns passos mais próximos dos “passinhos” e passava a mal no cabelo.

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Aliás, o mestre-sala andou dando uns pulinhos, muito dentro da sua característica e lembrando alguns antigos mestres. Sempre é importante frisar como o profissional busca a referência óbvia do quesito dentro da Mangueira, como mestre Delegado. E, de Cintya Santos, temos para falar o que é sempre dito, tem conseguido colocar o seu vigor a serviço da dança, mas também com doçura e pompa. A bandeirada no final da apresentação segue sendo uma das coisas mais lindas, assim como os giros em “É de arerê “. Apresentação impecável.

Harmonia e Samba

O canto da escola, mais uma vez, foi o grande destaque. A comunidade realmente comprou o samba, e tem cantado com garra e de maneira incessante sem deixar a obra cair. Ponto mais uma vez que deve ser ressaltado em relação a união entre ala musical com bateria e a comunidade. O samba, se não foi dos mais aclamados logo após as finais do Grupo Especial, no segundo semestre de 2024, foi bem trabalhado e de mansinho foi conquistando o coração do mangueirense.

Tem muito da essência de Mangueira, principalmente, na segunda do samba. Umas das partes mais cantadas da obra é sem dúvida “Quer imitar meu riscado/ descolorir o cabelo/ Bater cabeça no meu terreiro”. Dowglas e Marquinhos tem mostrado um bom entrosamento. Dowglas é mais energético, procura inflamar mais o público, vai pra galera, enquanto Marquinhos, mais próximo ao carro de som dá o sustento de forma muito correta e com o vozeirão, com boas chegadas do grave. Ambos tem mostrado muito boa sintonia com a escola e estão tendo o “feeling” de colocar com a voz somente aquilo que é pertinente ao samba. Além de estarem cantando muito, afinados e com muita energia, dando vibração ao samba e força. Mais um excelente ensaio de Mangueira, com nada a se pontuar de falha sobre samba e harmonia.

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Evolução

A Mangueira também repetiu o ensaio da tecnico na evolução ao mostrar fluidez, espontaneidade e muita correção. Correta na parte técnica, ou seja, sem deixar buracos ou grandes espaçamentos entre as alas, e sem deixar que as mesmas se embolassem. Na parte de chão, a escola fez mais um ensaio muito forte, com a cabeça da agremiação apostando em algumas alas coreografadas, muito bonitas, principalmente, as que vinham com saias, e no grande restante da escola de forma mais espontânea e brincando carnaval. As horas mais cirúrgicas do desfile também foram bem realizadas, como nas apresentações da comissão de frente e do casal, tal como a entrada e a saída da bateria do recuo. Nas alas, muitos foliões com adereços, como em algumas com bambolês.

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Outros destaques

A rainha Evelyn Bastos, novamente, mostrou ser bem querida de toda a comunidade, mas principalmente pela criançada, que se aglomerou ao lado da majestade que reina à frente da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”, querendo uma foto, ou só sambar do lado dela.

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No final da escola, a fofura também esteve com as crianças na ala Mirim, mais uma vez, mostrando que se depender de samba no pé, a Mangueira tem muito futuro. Antes do ensaio, o diretor de Carnaval Dudu Azevedo fez questão de parabenizar a comunidade no ensaio técnico ao enfrentar os problemas no som com canto potente.

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