A Mancha Verde estreou com uma dupla de mestres em 2024. A confiança do presidente Paulo Serdan na substituição de mestre Guma deu certo. Não é novidade na agremiação trabalhar desta forma – Durante muito tempo, a ‘Mais Querida’ teve os mestres Moleza e Caju à frente da ‘Puro Balanço’ e, agora, uma nova dupla assumiu a batucada da escola. O trabalho de início com os mestres Cabral e Vinny teve mudanças, gabaritou o quesito Bateria e os músicos se tornaram uma das revelações do último carnaval. Os parceiros conversaram com o CARNAVALESCO e falaram sobre a intensidade de 2024, as notas, mudanças na bateria e a escola com os jovens.
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Objetivo alcançando
De acordo com mestre Vinny, o trabalho intenso foi fundamental para obter o sucesso no último carnaval, especialmente nas notas conquistadas. “Nada é por acaso e nada é em vão. A gente tinha muita certeza do que estava preparando para a avenida, do que a escola precisava, do que a bateria precisava e do que a gente precisava fazer para dar o resultado. Graças a Deus veio o resultado, fruto de muito trabalho. A gente ficou lisonjeado com as notas. Claro que é emocionante no primeiro ano estrear em um Grupo Especial com nota 40, mas a gente sabia que a nota era consequência do trabalho. Foi muito tranquilo, a gente sabia que precisava dar o resultado e saímos satisfeitos da avenida”, disse Vinny.
Mestre Cabral segue a linha de Vinny e ressalta que, mesmo com o objetivo alcançado, melhorias precisam ser feitas. “Isso é fruto de muito trabalho. Para a gente foi muito gratificante, a gente saiu de lá satisfeito, mas mesmo sabendo que precisamos trabalhar muito ainda, tem muita coisa para acertar”, ressaltou.
Mudanças na bateria
Como citado, a dupla assumiu no último carnaval após a saída do mestre Guma, que ficou à frente da ‘Puro Balanço’ desde de 2020. Devido a isso é natural que mudanças ocorram na audição da bateria. O mestre Cabral explicou: “A gente mudou algumas coisas. O chocalho a gente trocou o material do instrumento para ele ficar mais pesado e o som saiu um pouco mais alto. A afinação nós deixamos um pouco mais baixa. Nós gostamos muito do grave, mas para isso a gente teve que trabalhar um pouco mais as caixas, um volume agudo para a bateria não ficar muito pesada e não arrastar. Demos um grau de dificuldade nas bossas também, deixando elas mais ousadas. A gente quer fazer isso durante o passar dos anos, trabalhando mais a bateria, tirar da zona de conforto. A gente tá trabalhando bastante nisso”, comentou.
Cabral ainda ressalta que a dupla é muito grata ao Guma. O maestro diz que concorda bastante com Vinny e, mesmo quando há um desencontro, conseguem achar um denominador comum. “Eu cheguei aqui com o Guma em 2022. O Vinny já estava aqui com ele em 2020. Já foi um salto muito grande no trabalho. Mas a gente tem um gosto muito parecido. Não é igual, mas é muito parecido. Mesmo quando a gente se desencontra da formação, a gente consegue se equilibrar e encaixar. É muito parecido. Sobre o Guma, ele foi um excelente mestre, nos ajudou demais e se não fosse ele a gente não estaria aqui. Nós temos um jeito mais agressivo de trabalhar. Agressivo como? De insistência, de deixar tudo limpo e no mínimo detalhe”, explicou.
Vinny completa dizendo que sempre há coisas para melhorar, mesmo após os desfiles. O mestre fala sobre ‘inflamar’ a bateria, o que significa colocar um astral maior dentro da batucada. “Uma conversa que tivemos um tempo atrás é o que a gente sempre falou: Talvez daqui a 30 anos a gente nem esteja satisfeito. É satisfeito até a página 2, até a faixa amarela. A bateria parou de tocar e já debatemos que isso ou aquilo podia ser melhor. Essa é a nossa forma de trabalhar. A gente tem essa pegada mais agressiva de inflamar a bateria, de trazer o clima e o amor que todo mundo sente aqui pela ‘Puro Balanço’, que é um nome já forte no carnaval e o nome da Mancha Verde. A gente tenta sempre mostrar isso e sempre jogar para cima. A bateria tem respondido muito bem e está sendo gratificante demais”, afirmou.
Trabalho com jovens
A Mancha realizou escolinha de bateria na metade de 2024 em diante. Cabral revelou que foi um clima leve, apesar de também deixar claro para os alunos que bateria é algo sério. Segundo o mestre, o objetivo é ter 100% dos ritmistas da casa. “Para a gente é muito bom, porque nós passamos para eles que bateria é um negócio sério, mas eles estão aqui para diversão, para deixar realmente o clima leve. Eles vêm numa pegada impressionante. Ensinamos com paciência, porque tem gente que não tem. A gente explica para eles que é tempo ao tempo, às vezes as pessoas têm mais dificuldades para aprender, mas é normal. A nossa vontade é de ter 100% da Mancha, mas não conseguimos. O importante é que eles sempre vêm com garra e vontade”, concluiu Cabral.
Vinny completa que tratam a escolinha como uma categoria de base, se empenhando desde sempre, mesmo quando passar para a fase da bateria. “Para gente esse trabalho com jovens é fundamental. A gente trata como uma categoria de base mesmo, preparando eles já para a bateria. A gente fala desde o início que ingressar na escolinha não tem vaga cativa, não tem vaga garantida na bateria, o processo é longo, o trabalho é árduo, mas quem se dedicar, ter um bom empenho e se destacar, é óbvio que vai ingressar para desfilar com a gente. É gratificante olhar para a bateria e ter a maioria dos ritmistas que saíram da escolinha, que é o que a gente formou, não vindo cheio de vício e sim tocando da forma que queremos para a Puro Balanço”, finalizou Vinny.