Dois anos marcantes para os portelenses: 1995 e 2017. O primeiro, em um desfile encantador, a azul e branco colocava a mão na taça, mas nas cinzas ficou com o vice-campeonato. O segundo foi a concretização da gestão que devolveu o protagonismo ao portelense com o título do Grupo Especial, que depois acabou sendo dividido com a Mocidade.
“Gosto que me enrosco”, de 1995, foi desenvolvido pelo carnavalesco José Félix. “É preciso cantar e alegrar a cidade. As Escolas de Samba não se deixaram abater pelos modismos de cada época. Adaptaram-se. Levantaram, sacudiram a poeira e deram a volta por cima”, dizia um trecho da sinopse.
“Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse Rio passar…”, de 2017, foi feito pelo carnavalesco Paulo Barros. “No altar do samba, rezam as pastoras e os pastores, como fiéis na santa missa da capela. Cobre a Sapucaí o manto azul e branco da Portela. Salve o rio, salve a Santa, salve ela!”, trecho da sinopse.
Pelo site CARNAVALESCO, Fiel Matola escolheu 1995 e Guilherme Ayupp pegou o ano de 2017. Abaixo, você confere as duas defesas.
Portela 1995 (Por Fiel Matola): “O título que não veio”. É assim que os portelenses lembram do Carnaval de 1995, e tem que pensar dessa forma. O início da manhã, aquele horário em que desperta paixão em muitos sambistas, dava a sensação que a Portela faria um grande desfile. E fez. O samba de Gelson, Colombo e Noca ficou marcado para posteridade. A volta de Paulinho da Viola e João Nogueira que estava com uma rixa com a escola deu uma esperança a mais. O enredo “Gosto que me Enrosco” foi bem contado. Uma águia histórica, quiça, a mais bonita da história surgia mascarada, em tons de prata e azul, de um excelente gosto. Fantasias bem acabadas e que contavam bem a história do carnaval. O canto dos componentes ecoava pela Marquês de Sapucaí, e, no final, não podia ser diferente, ela saiu sob gritos de “é campeã”. Tudo indicava o campeonato portelense. Mas, dois 9,5 em evolução, um deles descartados, tirou o sonho da Portela. O que ficou foi um desfile memorável e um samba muito bem cantado, até hoje ecoa na nossa cabeça o refrão: “Gosto que me enrosco de você, amor // Me joga seu perfume, hoje eu tô que tô”.
Portela 2017 (Por Guilherme Ayupp): “Considero a apresentação da Portela em 2017 muito simbólica por uma gama de motivos. O principal deles é claro foi o término de um jejum de 33 anos sem uma conquista da maior campeã do carnaval. Isso por si só serviria para qualquer portelense nutrir carinho por esta apresentação. Entretanto, não se pode esquecer que, além disso, Paulo Barros mais uma vez mostrou toda sua capacidade de se reinventar. Depois de mal sucedida passagem pela Mocidade, diziam que ele não se estabeleceria bem na Portela, devido à diferença de estilos (seu e da escola). Pois em 2016 e 2017 fez desfiles campeões e deixou a escola aclamado. E, por fim, a coroação de uma gestão iniciada em 2013, após décadas de sucateamento administrativo que relegaram a águia altaneira a mera coadjuvante no carnaval. O título da Portela em 2017 é derrubador de tabus e por este motivo coloco-o na prateleira de inesquecível”.