O CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, esteve em mais uma etapa de escolha de samba da Estação Primeira de Mangueira. Nesta fase que antecede a semifinal, cinco parcerias se apresentaram. Duas composições tiveram mais destaque e a parceria encabeçada por Deivid Domênico foi eliminada. A Verde e Rosa levará para a Avenida o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, sobre a influência da cultura banto no Rio de Janeiro. A semifinal de samba acontece no dia 12 de outubro. * OUÇA AQUI OS SAMBAS CONCORRENTES
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Parceria de Lacyr D’Mangueira: A primeira parceria a se apresentar esta noite foi a dos compositores Lacyr D’Mangueira, Rubens Gordinho, Juninho Luang, André Ricardo Gonçalves, Celsinho M Godoi e Bruno Oliveira Lima e o intérprete Bruno Ribas deu voz a este samba. A música tem um melodia bonita e uma cadência boa de acompanhar. Tem um refrão principal potente com o verso “Eu sou cria, sou banto, filho desse chão”. Já o refrão do meio é divertido pela agilidade e pela repetição de sílabas, mas pode ser difícil de cantar. O trecho “saberes que vem do zungu valem ouro na lingua falado um tesouro legado do congo e d’angola e pelas ruas ao som do lundu a força do sangue bantu transcende o tempo e aflora” se encaixou com muita beleza no ritmo da composição. Apesar da qualidade apresentada, poucas pessoas se empolgaram na quadra.
Parceria de Chacal do Sax: Chacal do Sax, Fábio Martins, Marcelo Martins, Bruno Vitor, Jean do Ouro e Pastor Gaspar compuseram o segundo samba puxado por Emerson Dias e Pixulé. Os dois refrões são bastante potentes, destacando os versos “É verde kabila, rosa de matamba”, do primeiro, e “Preta Velha ensinou, ciência de mandingueiro”, do segundo. Um trecho de impacto é “Reinventei a minha luta/ Na santíssima macumba, irmandade é petição”. A segunda parte do samba é bem construída em letra e melodia, sendo marcante a passagem. “Não venha dizer que é dialeto/ A língua que africaniza a cidade”. Levantou parte da quadra e foi um dos destaques deste sábado.
Parceria de Ronie Oliveira: Matheus Gaúcho defendeu o terceiro samba da noite composto por Ronie Oliveira, Jotapê, Giovani, João Vidal, Miguel Dibo e Cabeça Ajax. Gilsinho comandou a apresentação com Charles Silva e Matheus Gaúcho. O refrão principal com esse “Aê dindin, Aê dindá” é fácil de aprender e o do meio tem muita força com a verso “sou o fruto bantu que não cai longe do pé”. Na primeira parte, esse trecho é o de maior potência: “ainda que a paz existisse renegaram as inquices perseguindo o povo bantu”. Além disso, a segunda parte funciona como uma crescente até chegar no pré-refrão “dê um “dengo” mãe… teu “moleque” é valentia quem é cria lá do morro, faz nascer a poesia dê um “dengo” mãe… teu “moleque” foi vencer jem é cria lá do morro, faz um novo alvorecer”. No mais, a parceria conseguiu animar parte da quadra.
Parceria de Lequinho: Quem encerrou a disputa foram os compositores Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Júlio Alves, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim. A responsabilidade de cantar esse samba foi de Tinga. Primeiramente, essa composição tem um refrão principal bem aguerrido. Dois trechos seguido são muito cativantes: “ê malungo, que bate tambor de congo faz macumba, dança jongo, ginga na capoeira/ ê malungo, o samba estancou teu sangue de verde e rosa renasce a nação de zambi” e “bate folha pra benzer pembelê, kaiango guia meu camutuê, mãe preta me ensinou bate folha pra benzer, pembelê, kaiango sob a cruz do seu altar inquice incorporou”, que funciona como um refrão. Na sequência, a segunda parte traz reflexões e aponta para uma crítica social interessante com versos como “onde a escola de vida é zungu, fui risco iminente/ o alvo que a bala insiste em achar lamento informar… um sobrevivente” e “e hoje no asfalto a moda é ser cria/ quer imitar meu riscado, descolorir o cabelo/ bater cabeça no meu terreiro”. Fechou as apresentações sendo o segundo destaque da noite e levantando o público.