A Dragões da Real deu mais um passo importante rumo ao Carnaval 2026 com a gravação oficial do samba-enredo que embalará o desfile sobre a força e o empoderamento feminino sob a ótica indígena. Realizada na Fábrica do Samba, a sessão reuniu todos os segmentos da escola e mostrou, mais uma vez, a excelência técnica e a coesão musical que se tornaram marcas da tricolor da Vila Anastácio.

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Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Bateria precisa e moderna: ‘Deixar a régua lá em cima’

Responsável pelo ritmo da Dragões, o mestre Klemen Gioz revelou detalhes sobre o andamento e a concepção das bossas que marcarão o desfile.

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Mestre Klemen Gioz

“Nosso andamento vai ser entre um 146 e 144 BPM (batidas por minuto). O que a gente vai realizar aqui na gravação é o que faremos na avenida. São duas bossas: um paradão, mas com um arranjo em formato de bossa, é um mescladinho”, explicou.

O mestre também destacou o momento especial vivido pela escola: “Todo mundo está com essa sensação de samba bom e de trabalho bom na Dragões. Tudo está fluindo bem. A produção está ótima, e a gente tem que deixar a régua lá em cima porque as outras escolas vieram preparadas. Com um samba desse, vai ficar mais fácil”.

Produção grandiosa e comunidade envolvida

O diretor de carnaval, Márcio Santana, reforçou a dimensão do trabalho coletivo e a presença da comunidade em todos os momentos.

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“A gente vem com o elenco completo: são 60 membros de coral e mais toda a equipe de canto com a bateria, somando cerca de 87 pessoas”, contou.

O dirigente ainda destacou a logística facilitada pela gravação na Fábrica do Samba: “A Dragões tem representantes em todas as regiões de São Paulo. Estar aqui é uma vantagem enorme, pois o barracão é a casa da escola e facilita o acolhimento da comunidade”.

Segundo Márcio, o sucesso do samba amplia as expectativas: “O fato de termos um samba elogiado pelo mundo do samba torna essa gravação ainda mais especial. A gente furou a bolha. É um samba que fala para o carnaval inteiro e traz uma responsabilidade imensa”.

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Arranjo de luxo: flauta indígena e diálogo com a bateria

Um dos responsáveis pelo arranjo, Cicinho (Anderson Luiz Leite Silva), ressaltou o equilíbrio entre a tradição e a inovação:

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Cicinho (Anderson Luiz Leite Silva)

“Nós trouxemos uma formação clássica de samba-enredo, com dois violões, dois cavacos, um cavaco bandolim, violão de seis e de sete cordas. Dentro da temática indígena, incluímos uma flauta com timbre nativo. Esse foi o diferencial para remeter ao tema”, explicou.

O arranjador destacou também o diálogo entre bateria e ala musical: “Tem uma bossa que a bateria faz um agueré e a gente acompanha junto. Foi um casamento legal. Eu sempre digo: o samba é o modelo, e nós, arranjadores, somos os estilistas — precisamos vestir o samba com a melhor roupa”.

Harmonia: desafio e maturidade

Para o diretor de Harmonia, Rogério Félix, o samba é, ao mesmo tempo, um presente e um desafio.

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Diretor de Harmonia, Rogério Félix

“O fato de o samba ser tão elogiado aumenta muito nossa responsabilidade. Pedimos aos compositores que mostrassem a maturidade da escola. Apostamos em uma forma de fazer samba diferente e acertamos”, afirmou.

Segundo ele, as mudanças recentes nos quesitos de julgamento também influenciaram o trabalho. “Estamos adaptando nossa estrutura às novas regras de Harmonia e Samba-Enredo. É um samba que exige atenção às palavras e à divisão rítmica. É muito ensaio, muito trabalho do jeito Dragões de ser”.

Compositor celebra ‘magia’ da obra

Um dos autores do samba, Alemão do Pandeiro, falou com emoção sobre o impacto da composição.

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Compositor Alemão do Pandeiro

“Esse samba é mágico. Desde que o terminamos, já sabíamos que havia algo especial. Ele é forte, tem mensagem e traz a energia da Jurema, com o refrão ‘quando o chão estremecer, juremá juremê’. Essa força vai mover a Dragões no Anhembi”, disse.

Para o compositor, o resultado superou as expectativas: “A gente acertou na veia. É difícil isso acontecer. Esse samba representa um marco na nossa trajetória e vai nos levar a um grande resultado”.

Interpretação consciente e popular

À frente do carro de som, Renê Sobral destacou a importância de respeitar a voz e o público. “Evito água gelada, durmo bem e preparo a voz com maçã e hidratação. Mas o principal é pensar no povo. Se eu canto fora do meu tom, o povo não alcança. O samba é o povo cantando — eu sou só a referência”, disse o intérprete.

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Intérprete Renê Sobral

Renê reforçou que o samba precisa fluir naturalmente: “Temos um samba bonito, inteligente, sem clichês. É deixar o povo cantar e o samba acontecer”.