Laurinete Nazaré da Silva, de 80 anos, a Dona Guga, presidente de honra da Morro da Casa Verde, eleita pelos leitores do site CARNAVALESCO a ‘Sambista do Ano’ em São Paulo, é filha do fundador da Verde e Rosa da Zona Norte, Zé do Banjo, e há 32 anos é exemplo de liderança e amor por uma das mais tradicionais agremiações do carnaval de São Paulo. Sinônimo de carisma e vigor para todos os sambistas. Em 2023, foi homenageada pela própria Morro da Casa Verde como parte da narrativa do enredo “Dynasteia: História, Poder e Nobreza”, que falou sobre as grandes nações governadas por dinastias, cujas lideranças são sucedidas por familiares.
Em conversa com a equipe do site CARNAVALESCO, Dona Guga falou sobre como se sentiu ao receber o prêmio de “Sambista do Ano” e receber o reconhecimento das pessoas que votaram nela.
“Eu já me acostumei porque tenho bastante prêmios na minha casa. Com mais um eu fico mais contente! E a gente vai juntando. Eu gosto de sambar. Se eu não fosse sambista do ano não teria problema, eu também gosto de estar dançando. Às vezes quando eu posso, quando eu estou lavando roupas, eu estou dançando”, declarou.
Dona Guga ficou conhecida mundialmente em 2022 ao ter um vídeo seu sambando durante um ensaio técnico compartilhado no Instagram pela atriz norteamericana Viola Davis, em publicação que ultrapassou a marca de três milhões de visualizações. Questionada se esperava tamanha repercussão, não teve dúvidas na resposta.
Simplesmente Dona Guga, do Morro de Casa Verde, patrimônio do carnaval! #Carnavalesco pic.twitter.com/K3tGvMFB0A
— Site CARNAVALESCO (@scarnavalesco) January 21, 2023
“Ah, eu esperava sim, porque eu gosto! É uma coisa que eu gosto. Eu gosto bastante de dançar”.
São 80 anos de uma vida totalmente dedicada ao samba. Essa é a base da história de Dona Guga, que recebe da comunidade da Morro da Casa Verde todo carinho que vem investindo há tanto tempo. E são os apaixonados pela Verde e Rosa que definem a importância da escola para a presidente.
“A comunidade me trata muito bem. Faz muito tempo, né? Eu comecei com dois anos de idade. Eu saía no Peruche, nos Garotos do Itaim. É como eu falei, “não deixem o samba morrer! O morro foi feito de samba”. Eu não quero que chorem. Quando eu não puder pisar mais numa Avenida, eu quero ver eles todos cantando e dançando. A importância pra mim é ver sair todo mundo do jeito que sair e voltar pra casa, sem brigas, sem nada. Eu gosto de, mesmo que a gente não desfile para subir, para ficar no mesmo lugar, mas eu fico contente de ver a minha escola de samba aí, com todos eles, e voltar com todos eles para casa”.
Alegria de ser sambista
Ao longo de sua trajetória, Dona Guga lidou com diferentes fases da sua agremiação do coração. Foi sob sua gestão que a Morro da Casa Verde esteve no Grupo Especial pela última vez, de 2000 a 2002. Entre oscilações entre o segundo e terceiro grupo, o que nunca mudou foi a perseverança da presidente, que herdou de Zé do Banjo o amor e o compromisso de eterna liderança que fazem parte da sua definição de ser sambista e o que o Carnaval representa para ela.
“É uma coisa que a gente se alegra. Às vezes a gente fica com raiva, né. Mas a gente fica assim: “Não, vamos pra frente, vamos levar tudo pra frente”. Quando meu pai faleceu, ele falou que quando morresse a escola ia ficar na minha mão, então enquanto eu estiver viva vai ficar na minha mão a escola de samba. E o Carnaval é muito bom! Eu tive muito sucesso. Pegaram uma fita minha dançando aqui em São Paulo e apareceu lá na Argentina! Mas para mim é muito bom. Eu gosto disso. A gente chora quando perde, mas se perco ou ganho eu sou Morro da Casa Verde”.
Dona Guga aproveitou a oportunidade para deixar um recado para sua tão amada comunidade. “Eu peço ao Morro da Casa Verde. Vamos ir pra Avenida e vamos subir! Eu quero ver o Morro da Casa Verde subir esse ano”, concluiu.