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Do Orun, Laíla comandou! Beija-Flor honra o mestre, faz desfile avassalador e se credencia ao título

Com uma apresentação grandiosa e emocionante, a escola resgatou sua essência, teve a melhor comunicação com o público e saiu da Sapucaí sob gritos de 'é campeã!'

A Beija-Flor de Nilópolis foi a segunda escola a pisar na avenida na segunda noite de desfiles do Grupo Especial e emocionou a Sapucaí com uma homenagem exuberante ao maior personagem de sua história, Laíla. Do Orun, o mestre pareceu comandar sua comunidade rumo a um desfile avassalador, como há tempos a escola não realizava. A apresentação seguiu os moldes da era em que Laíla ajudou a construir a identidade da Beija-Flor: a simbiose perfeita entre emoção e técnica. O famoso “rolo compressor nilopolitano” se fez presente, com uma escola coesa, vibrante e compacta. O conjunto visual criado por João Vitor Araújo foi imponente e honrou as características da Deusa da Passarela, garantindo um espetáculo à altura do homenageado.

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Além da força do enredo e da excelência plástica, o desfile também marcou a despedida oficial de Neguinho da Beija-Flor do comando do carro de som. O intérprete, no entanto, já adiantou que voltará no sábado das campeãs. E pelo o que a escola apresentou, não há como discordar dele: a Beija-Flor se colocou como forte candidata ao título e deixou a Sapucaí sob gritos de “é campeã”, tendo a melhor comunicação com o público até então.

O único senão foi uma falha na última alegoria, onde a faixa com a frase “Do Orun, olhai por nós” acabou se enrolando, impedindo sua leitura completa.

A Beija-Flor apresentou o enredo “Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”, desenvolvido pelo carnavalesco João Vitor Araújo. O tema homenageou Luiz Fernando do Carmo, o Mestre Laíla, um dos personagens mais importantes da história da escola e do carnaval. A apresentação se encerrou aos 76 minutos.

Comissão de Frente

A Comissão de Frente, coreografada por Jorge Texeira e Saulo Finelon, apresentou o conceito Terreiro de Laíla, uma encenação simbólica que conectava o homenageado à espiritualidade e à cultura do samba.

Tendo Exu como figura central, os bailarinos representaram entidades espirituais e guardiões da fé, recriando um terreiro sagrado onde Laíla era evocado para reviver sua trajetória. Com passos marcantes e elementos cênicos, como pontos riscados no chão, a performance exaltou o legado do mestre do carnaval e sua presença eterna na história da Beija-Flor.

* LEIA AQUI: Beija-Flor de Nilópolis revive “Ratos e Urubus” em um dos momentos mais emocionantes do Carnaval 2025

A apresentação começou no chão, com uma coreografia forte e o figurino como aliado. Em seguida, os bailarinos subiam no tripé, e uma sequência de efeitos cênicos intensificava a dramaticidade do número: labaredas surgiam, velas ascendiam no palco e no tripé, que, adornado com ebós e guias, se transformava em um altar. Nele, imagens de santos emergiam de tambores, enquanto um menino representando Laíla surgia em cena. Os tambores com LED exibiam chamas e projeções do próprio Laíla, criando um espetáculo visual emocionante. Foram quatro apresentações impecáveis, levando o público ao êxtase em todas elas.

Mestre-sala e porta-bandeira
O casal Claudinho e Selminha Sorriso, referência no carnaval carioca, representou no desfile de 2025 o conceito “Odu do Destino – A Confirmação do Ori Ancestral”. O figurino trouxe o branco como cor predominante, simbolizando luz e serenidade. Selminha representou o tabuleiro Merindilogun, sistema oracular de adivinhação, enquanto Claudinho incorporou a queda dos búzios (kauris), reafirmando a importância da confirmação do destino pela força espiritual.

As apresentações seguiram a linha clássica que consagra o casal, trazendo movimentos precisos e cheios de elegância. A dança incorporou passagens marcantes do samba, como no trecho “dobram atabaques no quilombo Beija-Flor”. A sintonia e a sincronia entre eles foram evidentes.

Em alguns giros, Selminha ajustou a condução da bandeira para manter o controle absoluto do pavilhão, sem comprometer a limpeza dos movimentos, demonstrando sua habitual técnica e experiência.

Enredo

A Beija-Flor de Nilópolis prestou homenagem a Laíla, um dos maiores diretores de carnaval da história, responsável por transformar a escola e influenciar toda a estética dos desfiles. O enredo de autoria do carnavalesco João Vitor Araújo celebrou sua genialidade, sua paixão pelo samba e sua conexão com a ancestralidade e espiritualidade.

* LEIA AQUI: Emocionada, a comunidade da Beija-flor de Nilópolis em redenção no desfile que homenageia Laíla

O carnavalesco optou por dividir a narrativa em seis setores diferentes que representaram diferentes facetas de sua trajetória, o desfile percorreu sua relação com os orixás, especialmente Xangô e Oyá, sua visão inovadora sobre o carnaval e o impacto de seu legado. A escola também exaltou sua liderança na Beija-Flor e seu papel na revolução técnica dos desfiles, reforçando a identidade da comunidade nilopolitana.

Desde seu anúncio, o enredo despertou grande atenção no mundo do samba, especialmente na comunidade da Beija-Flor, que ansiava por uma narrativa que dialogasse diretamente com sua história. Falar de Laíla não era uma missão fácil, mas tudo foi construído de forma coesa, garantindo um entendimento imediato. Isso resultou em uma comunicação poderosa com o público, que se conectou profundamente com a homenagem.

Alegorias e Adereços

A Beija-Flor de Nilópolis apresentou alegorias impactantes para homenagear Laíla, exaltando sua espiritualidade, genialidade e influência no carnaval. Cada carro retratou um capítulo de sua trajetória, combinando símbolos religiosos, culturais e comunitários em uma narrativa visual marcante.

Pelo segundo ano consecutivo, o carnavalesco João Vitor Araújo demonstrou pleno entendimento do que a comunidade gosta, entregando um desfile exuberante, com imponência, fácil leitura, um uso primoroso das cores e acabamento impecável.

O grande ápice do desfile foi a escultura de Laíla, fiel à sua imagem e profundamente emocionante. O único ponto negativo ficou por conta do último carro: a faixa “Do Orun olhai por nós” acabou se enrolando, impedindo que fosse vista com clareza.

O 1º carro, “Xangô Me Guia”, abriu o desfile exaltando Xangô, orixá da justiça e protetor do homenageado, com seu machado duplo e uma cenografia imponente, o símbolo da escola teve destaque e remeteu o Beija-Flor brilho de fogo do desfile campeão de 2008. Em seguida, o 2º carro, “Ninguém Tem Mais Fé do Que Eu”, representou a forte espiritualidade de Laíla, misturando elementos das religiões afro-brasileiras e cristãs. O 3º carro, “Sabedoria que Valida o Protagonismo da Negritude”, celebrou o compromisso do carnavalesco com a valorização da cultura negra, destacando a resistência e identidade do samba. A iluminação foi a grande aliada dessa alegoria, quando as luzes da Sapucaí se apagavam, ela brilhava.

O desfile seguiu com o 4º carro, “Maestro Regente de Nossa Gente – A Perfeita Simbiose Entre o Erudito e o Batuque Popular”, ressaltando sua genialidade musical e sua capacidade de unir sofisticação técnica e tradição. O tripé, “Odoyá, Iemanjá! – O Cumprimento da Promessa”, trouxe um agradecimento a Iemanjá, simbolizando uma promessa feita por Laíla em vida.

O 5º carro, “Vem Comandar Sua Comunidade”, destacou seu papel como líder e referência na Beija-Flor, com um relicário repleto de símbolos da história da escola, foi sem dúvidas o momento mais emocionante do desfile. Encerrando o desfile, o 6º carro, “O Cristo Preto Me Fez Quem Eu Sou”, fez referência ao histórico desfile de 1989, trazendo a imagem de um Cristo negro e um encontro simbólico entre Laíla e Joãosinho Trinta, eternizando o legado dos dois mestres. Nele, a faixa central não conseguiu ser lida com clareza, comprometendo a execução final.

Fantasias

Um exemplo de como vestir uma escola de samba com luxo e volume, sem comprometer a evolução dos componentes. O carnavalesco João Vitor Araújo reafirmou seu nome entre os grandes da nova geração, entregando um conjunto de fantasias que remeteu aos tempos áureos da Beija-Flor, mas com uma estética renovada e cheia de identidade.

As alas impressionaram pelo acabamento primoroso e pela leitura clara do enredo. Um dos grandes destaques foi a ala das baianas, que representou Oyá com esplendor exuberante e saias amplas e ricas em detalhes. Outras alas também chamaram atenção, como: ala 10, “Negras Poderosas – Matriarcas de Ébano”, ala 23, “A Apoteose do Cisne” e ala 24, “Comunidade Beija-Flor – A Nação do Griô”.

O trabalho cuidadoso no figurino garantiu que a escola brilhasse sem perder fluidez, provando que é possível unir imponência e funcionalidade na avenida.

Harmonia

Um verdadeiro espetáculo de Nilópolis e de todo o departamento musical da escola, a harmonia da Beija-Flor foi um dos grandes destaques do desfile. O carro de som brilhou com a presença luxuosa de Neguinho da Beija-Flor, que se despediu da avenida em seu último desfile oficial pela agremiação. Desde o esquenta até o final, a emoção tomou conta de todos. Ao lado dele, Nino do Milênio e Leozinho Nunes garantiram a sustentação necessária para que Neguinho conduzisse o samba com maestria.

A bateria, sob o comando dos mestres Plínio e Rodney, teve um papel fundamental na sustentação do samba e no reforço ao canto da escola. Tradicionalmente conhecida por desfilar de forma mais reta, desta vez apresentou uma sequência de bossas impressionantes, além de um grande paradão, que destacou ainda mais a potência vocal da comunidade.

Aliás, a comunidade teve um protagonismo absoluto no cortejo. O famoso “rolo compressor” da Beija-Flor voltou de forma avassaladora, com todas as alas atravessando a avenida com o samba na ponta da língua.

Samba-Enredo

O samba-enredo da Beija-Flor, composto por Romulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena, já era um sucesso em Nilópolis antes mesmo de ser oficialmente escolhido. Na avenida, confirmou sua força e manteve um alto rendimento do início ao fim, impulsionado pela entrega da comunidade e pela potência do carro de som.

Com uma melodia envolvente e versos marcantes, o samba brilhou especialmente nos trechos que antecedem o refrão principal e, claro, no próprio refrão, que ecoou de forma arrebatadora na Sapucaí: “Da casa de Ogum, Xangô me guia, da casa de Ogum, Xangô me guia, dobram atabaques no quilombo Beija-Flor, Terreiro de Laíla, meu griô.” A obra se mostrou perfeita para embalar a homenagem a Laíla, unindo força, identidade e emoção em cada verso.

Evolução

O diretor de Carnaval, Marquinho Marino, solucionou os problemas de desfiles anteriores e conduziu a Beija-Flor a uma evolução quase impecável. Apesar da grandiosidade da escola e de seus imponentes carros alegóricos, o desfile transcorreu de forma fluida, sem grandes paradas e com alas extremamente compactas.

A apresentação equilibrou técnica e emoção na medida certa. Os componentes atravessaram a avenida com espontaneidade, entrega e energia, transmitindo a garra característica da comunidade nilopolitana.

Outros Destaques

A frente da Bateria Soberana, Lorena Raissa esbanjou carisma e samba no pé, grávida de seu primeiro filho, foi um momento especial. Além dela, a Beija-Flor contou com outro grande nome de sua história: Raissa de Oliveira, eterna rainha da escola, que desfilou com a imponência de sempre, reafirmando sua conexão com a comunidade nilopolitana.

No primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, a homenagem a Laíla ganhou ainda mais emoção com a participação especial de Pinah, símbolo da escola e grande referência do carnaval, e de Luiz Cláudio, filho do homenageado, que acompanhou de perto a apresentação de Claudinho e Selminha. Momentos que reforçaram a grandiosidade do tributo ao mestre e fizeram da passagem da escola pela avenida um espetáculo ainda mais memorável.

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